NADA A DECLARAR

CPI da Propina na Câmara de Campinas caminha para o final sem ouvir Zé Carlos e ex-assessor

Defesa do vereador de Aparecidinha repete estratégia e mantém cliente em silêncio

Da Redação
03/03/2023 às 09:03.
Atualizado em 03/03/2023 às 09:03
Solitário, o ex-presidente da Câmara, vereador Zé Carlos, participa de sessão do Legislativo campineiro: parlamentar está no centro das acusações de corrupção sobre contratos (Kamá Ribeiro)

Solitário, o ex-presidente da Câmara, vereador Zé Carlos, participa de sessão do Legislativo campineiro: parlamentar está no centro das acusações de corrupção sobre contratos (Kamá Ribeiro)

A defesa do ex-presidente da Câmara Municipal de Campinas, Zé Carlos (PSB), comunicou na quinta-feira (2) a ausência do vereador ao depoimento marcado para acontecer nesta sexta-feira (3), às 14h, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura suposta cobrança de vantagens indevidas para a manutenção de contratos de empresas terceirizadas pelo Legislativo. Com isso, a CPI caminha para o seu final sem ouvir os principais protagonistas da investigação, uma vez que o ex-subsecretário de Relações Institucionais da Casa, Rafael Creato, também faltou às duas oitivas agendadas.

Na mensagem protocolada na Câmara, a defesa ressalta que Zé Carlos tem respeito e "muita consideração pelo trabalho que está sendo realizado" e agradece à CPI por ter agendado uma nova data para que ele seja ouvido, entretanto, "novamente por orientação de sua defesa técnica", o vereador reiterou o posicionamento anterior de não comparecer ao depoimento. "(...) no sentido de que aguardará para se manifestar apenas perante o Ministério Público, quando da designação de data para sua oitiva por aquele órgão, razão pela qual não comparecerá à sessão agendada." 

Mesmo diante da ausência de Zé Carlos, o principal acusado nas denúncias que motivaram a operação Lambuja pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o presidente da CPI, Paulo Gaspar (Novo), confirmou que a reunião está mantida. Contudo, agora a comissão deve se dedicar ao relatório final, cuja responsabilidade é do relator da CPI, o vereador Major Jaime (PP). "Encerram-se as investigações", confirmou Gaspar.

Assim como na segunda-feira, primeira data marcada para o depoimento de Zé Carlos, a ausência não gerou surpresas. O vereador do Novo conversou na segunda-feira com a reportagem após o não comparecimento de Zé Carlos e já dizia não acreditar que ele apareceria.

"Assim como fizemos com o Rafael Creato, nós estamos dando mais uma chance. Nós acreditamos que, infelizmente, ele não virá, mas quem sabe exista uma última chance para a reflexão, e aí podemos partir para a solução final, que é o relatório." 

Na mesma ocasião, dois integrantes da CPI, Paulo Bufalo (PSOL) e Paolla Miguel (PT), lamentaram e apelaram no sentido de convencer Zé Carlos a prestar os esclarecimentos à comissão, mas os discursos não surtiram efeito. 

Para Bufalo, a estratégia da defesa na segunda-feira foi equivocada, pois a comissão garante o direito à ampla defesa e Zé Carlos poderia rebater as informações que foram coletadas durante os trabalhos dos integrantes. 

Ao pedir para que o vereador do PSB não se ausentasse, Paolla lembrou que além de garantir o direito ao contraditório e à ampla defesa, a presença de Zé Carlos seria essencial e contribuiria para a transparência sobre o que estava acontecendo dentro da Câmara de Campinas com relação aos contratos. 

Parlamento da RMC 

Antes da CPI, a Câmara de Campinas vai sediar a partir das 10h a reunião do Parlamento Metropolitano da RMC, que reúne lideranças do Legislativo da região. 

Entre as pautas, está o Trem-Bala (ler mais na página 4). A Câmara de Campinas aprovou na segunda-feira (27) duas moções solicitando que Campinas não seja excluída do novo projeto que pretende implementar o Trem de Alta Velocidade. Ao contrário do projeto original, que previa a inclusão do município, a empresa à frente do novo projeto (TAV Brasil), não incluiu Campinas na lista das 20 cidades que o trem passará no Estado de São Paulo e nem nas duas que terão estações, São Paulo e São José dos Campos. O objetivo é unir forças e o apoio de todas as Câmaras de Vereadores das cidades da RMC.

O atual presidente do Parlamento, o vereador de Jaguariúna, Afonso Lopes da Silva (Cidadania), revelou na segunda-feira que pensa em apresentar uma moção para que todos os presentes possam assiná-la. Para ele, Campinas não pode ficar de fora do traçado do Trem-Bala. 

"A RMC é referência no ponto de vista econômico. Toda a região tem de ter uma comunicação com os demais municípios e estados, e o trem saindo da nossa região é muito importante para a mobilidade das pessoas. Tem muita gente que mora em Jaguariúna e trabalha em São Paulo ou mora na capital e trabalha na região de Campinas. Tem ainda a questão turística, então, não podemos ficar fora dessa integração. É algo importante para a RMC e não podemos ser excluídos."

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