AMERICANA

CPFL quer abrir represa de Salto Grande

Empresa, que capta energia no local, pede estudo à Cetesb para liberar comportas da barragem

Renato Piovesan
20/09/2018 às 07:22.
Atualizado em 22/04/2022 às 02:32
Barco disputa espaço com a vegetação predominante da área de lazer  (Thomaz Marostegan/Especial para AAN)

Barco disputa espaço com a vegetação predominante da área de lazer (Thomaz Marostegan/Especial para AAN)

A CPFL Renováveis, que capta energia na Represa de Salto Grande, em Americana, enviou ontem documento à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) solicitando um estudo técnico para avaliar a viabilidade da abertura das comportas da barragem da usina PCH (Pequena Central Hidrelétrica) na represa para escoamento de aguapés. Existe uma preocupação com o impacto ambiental que a soltura abrupta das plantas aquáticas pode causar. A companhia tem até o fim da próxima semana para apresentar um plano para eliminar parte das macrófitas, que tomaram de 30 a 40% da água da represa nos últimos anos, formando uma enorme mancha verde, se visto de cima, e prejudicando o fluxo de embarcações. O prazo ficou acordado em reunião realizada na última terça-feira com autoridades, moradores e Ministério Público. Diante da pressão da população, de vereadores e deputados nos últimos meses, a CPFL Renováveis informou no começo deste mês que traçaria um plano para reabrir as comportas após três anos, fazendo com que as plantas aquáticas sigam o curso d'água pelo Rio Atibaia sentido Rio Tietê - onde os aguapés não teriam condições favoráveis de sobrevivência e reprodução, sendo triturados pelas pedras, ao passar pelo Rio Piracicaba. Se obtiver o aval da Cetesb, a CPFL Renováveis pretende abrir as comportas na primeira semana de outubro. No entanto, o promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema) PCJ-Piracicaba, Ivan Carneiro Castanheiro, alertou que a ação pode causar um desastre ambiental. “É preciso agir com cautela para evitar um desastre ambiental, com possível mortandade de peixes e destruição das captações de água de Americana e Piracicaba”, disse. Segundo o promotor, o temor é que a massa de aguapés possa parar nos remansos dos rios, nas curvas onde a água corre com maior lentidão. “Os aguapés podem encalhar nas pedras e se reproduzirem ao longo do curso, gerando uma redução brusca no nível de oxigênio da água e matando peixes. Isso demanda muito cuidado e, se for feito, liberar os aguapés de forma gradativa, não de uma vez só”, comentou Castanheiro. Em fevereiro, a CPFL Renováveis contratou um estudo para traçar estratégias de manejo das plantas aquáticas com maior eficiência. O estudo está sendo coordenado por um pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e tem previsão de ser concluído em fevereiro de 2019. Em nota, a companhia destacou que “a solução definitiva da situação do reservatório somente será possível por meio da implementação de políticas públicas que promovam a correção das deficiências do saneamento na região tendo em vista que a ocorrência de macrófitas é apenas um dos sintomas da eutrofização das águas do reservatório, que possui como principal agente causador o alto índice de poluição oriundo da urbanização desordenada da bacia hidrográfica”. A CPFL também esclareceu que, em seu crescimento, as plantas aquáticas absorvem grandes quantidades de nutrientes, contribuindo para a melhoria da qualidade da água que será disponibilizada aos municípios a montante do reservatório, funcionando como um filtro biológico. “Deve-se observar que nesta época do ano, como ocorre em todo período seco com menor ocorrência de chuva, há uma maior concentração da carga de poluição nos rios. Ou seja, mais “alimento” disponível para a população de plantas aquáticas, fator este, que contribui para o crescimento exagerado destas espécies, informou a companhia.

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