Confiança em teste de farmácia inibe a busca pelos hospitais e postos de saúde
As autoridades apelam àqueles que ainda não receberam a bivalente para que se dirijam aos postos de saúde (Kamá Ribeiro)
O Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) emitiu um alerta sobre o crescente número de casos de covid-19 na cidade de Campinas. De acordo com a médica infectologista do departamento, Valéria Almeida, formas graves do vírus estão em circulação, o que tem levado mais indivíduos a procurarem os centros de saúde. Nesse contexto, as subnotificações são motivo de preocupação, sendo inibidas tanto pela realização de testes de farmácia quanto pela falta de autodeclaração de positividade por parte dos pacientes.
Embora os dados ainda não tenham sido divulgados no portal oficial de covid-19 de Campinas, que é atualizado quinzenalmente, a médica expressou sua inquietação com o aumento durante esse período, destacando que vacinas já estão disponíveis em todos os postos de saúde.
Além disso, observou-se uma mudança no perfil dos indivíduos que buscam o teste. A procura pela avaliação tem sido realizada, na maioria das vezes, por residentes que apresentam sintomas respiratórios mais significativos ou que têm uma maior probabilidade de terem sido infectados.
Valéria Almeida ressaltou a importância desse cenário, explicando que um aumento na circulação do vírus, decorrente do aumento de casos, eleva o risco de as pessoas apresentarem deterioração em sua condição de saúde, especialmente aquelas que ainda não foram vacinadas ou que possuem comorbidades. Ela enfatizou que qualquer onda de infecção por covid-19 está associada a um aumento nos casos graves.
No entanto, ainda não se observou um aumento significativo nas internações devido à doença. Os dados da Prefeitura indicam internações conjuntas por doenças respiratórias e covid, mas, devido à falta de atualização por parte do Ministério da Saúde, não é possível identificar se esses casos são relacionados à covid, tampouco se envolvem a forma grave da enfermidade.
O que os registros revelam é que, entre 1º e 18 de outubro, 300 crianças foram admitidas em unidades de terapia intensiva (UTI) devido a alguma síndrome respiratória aguda grave ou covid, juntamente com 153 adultos pelos mesmos motivos.
De acordo com a Info Tracker, plataforma desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), houve um aumento de 27,6% no número de pacientes internados no Estado de São Paulo com covid-19 ou com suspeita da doença em um intervalo de 14 dias. Em 19 de setembro, eram 702 internados, cifra que cresceu para 896 em 3 de outubro, data da última atualização da plataforma.
Um levantamento realizado pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), entre 10 e 19 de outubro, envolvendo 81 hospitais privados paulistas, sendo 49% na capital e Grande São Paulo e 51% no interior, também constatou que 84% dos estabelecimentos de saúde registraram um aumento nos casos de suspeita de pacientes com covid-19 no pronto atendimento/urgência nos últimos 15 dias.
Entretanto, nos testes realizados, 68% dos hospitais relatam um aumento de casos de covid entre 11% e 20% nas áreas de pronto atendimento. O médico Francisco Balestrin, presidente do SindHosp, destaca que a doença tem afetado as pessoas em um ritmo mais acelerado nos últimos 15 dias, indicando a circulação de novas subvariantes.
Nesses cenários, a vacinação se torna o principal mecanismo de imunização para assegurar proteção contra a doença. A médica Valeria enfatiza que a vacina bivalente deve ser procurada por todas as pessoas maiores de 18 anos, pois oferece proteção contra a variante ômicron, proporcionando uma defesa dupla. Essa dose está disponível nos 67 centros de saúde de Campinas e é recomendada para indivíduos a partir dos 12 anos como reforço para otimizar a resposta do sistema imunológico. É destinada a quem já recebeu pelo menos duas doses da vacina, sendo a última há no mínimo quatro meses.
Os horários de funcionamento dos centros de saúde podem ser consultados na página da Prefeitura. Até o momento, apenas 21,5% da população acima de 18 anos recebeu a dose bivalente. A cobertura vacinal, com pelo menos uma dose, atinge 85,5% para crianças a partir de seis meses e 60,8% para aqueles com pelo menos uma dose de reforço a partir dos 5 anos.
Desde o início da pandemia até a última atualização em 10 de outubro, Campinas registrou 289.891 casos positivos de covid-19, resultando em 5.509 mortes relacionadas à doença. Para aqueles que optarem pelo teste de farmácia, é recomendado acessar o site da Prefeitura para autodeclarar o resultado positivo ou, preferencialmente, dirigir-se a uma unidade de saúde para avaliação e receber as orientações necessárias sobre cuidados e afastamento.
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