Levantamento é do Observatório PUC-Campinas; uma pessoa é sepultada a cada hora, diz Setec
Covid mata 94% a mais em sete dias em Campinas (AFP)
As mortes causadas por coronavírus em Campinas saltaram 94% em uma semana neste mês. Os dados analisados são do Observatório PUC-Campinas, que acompanha a evolução da crise provocada pela covid-19, desde o início da pandemia. Ontem, o Brasil registrou o maior número de mortes diárias pela doença com a confirmação de 3.251 novas mortes nas últimas 24 horas.
De acordo com o levantamento da PUC, foram 132 óbitos no período de 14 a 20 de março, considerada a 11ª Semana Epidemiológica da pandemia. Segundo os dados, na semana anterior analisada ocorreram 68 mortes. O estudo destaca que o aumento ilustra bem o atual cenário como o pior momento da pandemia no Município. Segundo os dados, Campinas carrega um dos maiores índices de mortalidade da região, com 167 mortes por 100 mil habitantes.
Dos 11,6 mil novos casos notificados no Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-Campinas), composto por 42 municípios, na semana estudada, 2,1 mil ocorreram em Campinas (18,1% do total). Em relação às mortes, o percentual é ainda maior. Das 386 vítimas fatais da covid-19 no DRS-Campinas, 132 foram a óbito na cidade. O número corresponde a 34% dos óbitos provocados pela doença na região.
Com a taxa de ocupação de leitos no limite há algumas semanas, ontem estava em 94%, o Município tem apertado desde o início do mês as medidas de isolamento social na tentativa de interromper o avanço da pandemia e desafogar o sistema de saúde, atualmente sobrecarregado. Vale lembrar que Campinas adotou medidas restritivas antes do governo do Estado, que decretou a fase emergencial do Plano São Paulo, em 15 de março.
Para o infectologista da PUC-Campinas André Giglio Bueno, as medidas mais rigorosas deveriam ter sido adotadas há cerca de um mês, quando as internações já davam sinais de crescimento em ritmo acelerado. "Perdeu-se muito tempo e muitas vidas insistindo em medidas já conhecidas e pouco respeitadas pelas pessoas", destaca.
Economia
No aspecto econômico e social, além das perdas imediatas decorrentes do recuo na liberalização das atividades, principalmente a comerciantes e prestadores de serviços, há temor sobre os reflexos da redução no valor do auxílio emergencial, que desencadeia numa queda da demanda agregada da economia.
"Seguimos afirmando que, sem medidas de proteção da renda do emprego, levando em conta o presente cenário econômico, social e sanitário, a retomada da atividade econômica nacional e regional vai ser bastante lenta", avalia o economista Paulo Oliveira, que coordena as análises relativas à covid-19 pelo Observatório PUC-Campinas.
Na região Metropolitana os dados do observatório apontam para um total de 181.348 casos da doença, sendo que 1.618 novos casos nos sete dias que compreende a semana epidemiológica. Um acréscimo de 30% em relação à semana anterior. São 5.679 casos registrados para cada 100 mil habitantes. Em relação ao número de mortes, os dados apontam para 4.755, no período. São 149 mortes a cada cem mil habitantes, o que eleva a taxa de letalidade da doença no momento para 2,62% na RMC.
Vacina
A Prefeitura de Campinas abriu ontem o agendamento para a vacinação contra a covid-19 para pessoas a partir de 69 anos residentes na cidade. Foram abertas 11 mil vagas. A marcação do horário ocorre desde as 16h de ontem e podia ser feita no site vacina.campinas.sp.gov.br ou pelo telefone 160. Pessoas que tiverem dificuldades, devem procurar o Centro de Saúde mais próximo para receber orientações.