Por causa da pandemia, diagnósticos e cirurgias estão deixando de ser feitos
A comerciante Melissa de Mira: vit?ria sobre a doen?a depois da retirada de ?rg?os e 16 sess?es de quimioterapia (Importação)
Desde o início da pandemia de covid-19 no Brasil, ao menos 50 mil pessoas deixaram de ser diagnosticadas com câncer, por causa da falta de exames essenciais para identificar a doença. Outros milhares de pacientes, com o câncer diagnosticado, tiveram o tratamento suspenso. Apenas entre março e maio de 2020, 70% das cirurgias oncológicas foram adiadas, o que equivale a 116 mil procedimentos, segundo estimativa das sociedades brasileiras de Patologia (SBP) e de Cirurgia Oncológica (SBCOA).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) lembra que o câncer é uma doença de emergência e quanto mais cedo for identificada melhor será o resultado do tratamento. O Dia Mundial do Câncer, comemorado hoje (4), é uma iniciativa global organizada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), com o apoio da OMS.
"Deixar de fazer os exames de rotina, biopsias e cirurgias impacta as chances de cura", alerta o médico oncologista André Deeke Sasse. Ele afirma que as pessoas estão com tanto medo da infecção por covid-19 que, muitas vezes, passam por cima de pequenos sintomas relacionados ao câncer, o que pode contribuir para que a doença avance até não dar mais para esperar. "No estágio inicial, os pacientes frequentemente não sentem nada, porém perdem a oportunidade de fazer o diagnóstico precoce, medida fundamental para ampliar as chances de sucesso do tratamento", explica o médico.
Tempos atrás, segundo Sasse, o paciente obtinha o diagnóstico quando apresentava sintomas como o sangramento e a perda repentina de peso. "Nesse caso, a doença costuma estar em estágio muito avançado", observa. O oncologista insiste que os exames de rotina deixam todos mais tranqüilos e aumentam muito a chance de cura.
Superação
"Senti um caroço na mama em outro de 2018. Em maio de 2019, fui diagnosticada com câncer", conta a comerciante Melissa Juliana de Mira, de 41 anos. Curada em fevereiro de 2020, ela defende a importância do diagnóstico precoce e do tratamento correto. Melissa tem predisposição genética para mutação um gene que todas as pessoas têm, o BRCA2. A chance dela e das mulheres da sua família desenvolverem a doença é 40% maior que as pessoas cujo gene não sofre mutação. A comerciante explica que a evolução da doença é muito mais rápida para quem tem a predisposição hereditária.
Melissa passou por 16 sessões de quimioterapia, fez cirurgia e retirou as mamas, o útero e o ovário, como medida preventiva contra o aparecimento de tumores em outros órgãos. Durante a mastectomia, ela colocou próteses de silicone.
A faxineira Aparecida Leozinete de Moraes, de 54 anos, descobriu o câncer de mama no início da pandemia, em março de 2020. "Fiz uma mamografia, fui diagnosticada com o câncer e comecei o tratamento logo depois.” Aparecida faz quimioterapia no Hospital Municipal Mario Gatti, mesmo durante a pandemia. “Uso máscara, passo álcool em gel nas mãos e fico a uma distância de um metro e meio das pessoas quando vou fazer o tratamento. Graças a Deus, faço tudo certo para evitar contrair a covid, pois não posso parar de me cuidar", afirma.