ISOLAMENTO

Covid-19 avança para a periferia

Áreas mais afastadas do Centro de Campinas apresentam um perigoso aumento de notificações

Maria Teresa Costa
23/05/2020 às 08:16.
Atualizado em 29/03/2022 às 10:54

A expansão de casos de Covid-19 em Campinas continua avançando para as regiões mais periféricas da cidade em ritmo acelerado, e em embora a região Leste tenha a maior concentração de casos confirmados pelo novo coronavírus, os maiores crescimentos estão nas áreas Norte, Sudoeste e Noroeste da cidade. Entre 8 de abril e 19 de maio, a cidade passou de 85 casos para 970, um aumento de 1.041%. Com as confirmações de ontem, quando Campinas chegou a 1.133 registros da doença, o crescimento em relação a 8 de abril é de 1.332%, o equivalente àmédia de 25 novos casos por dia no período. Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde, divulgado ontem mostra o avanço do novo coronavírus na cidade na última semana. A região Leste, onde estão o Centro, Cambuí, Taquaral, os distritos de Sousas e Joaquim Egídio, representava 38,1% dos casos na cidade em 12 de maio e, agora, 34,43%. Já na região Norte — Barão Geraldo, Boa Vista, Jardim Aurélia, Santa Mônica — tinha 18% dos casos do Município, e segundo o último boletim, tem agora 17,93%. A região Sudoeste (Campos Elíseos, Vista Alegre, Dics 1 e 3) tinha 9,8% e agora, 11,85%, enquanto a região Sul (Vila Rica, Paranapanema, Campo Belo) subiu de 23,7% para 24,2% no período e a Noroeste (Ipaussurama, Florence, Campina Grande) foi de 10,28 para 11,54% na prevalência de casos confirmados. Na última semana, segundo boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, a expansão dos casos da região central para regiões periféricas do Município continua de maneira acentuada, sendo que a região Sudoeste apresentou um aumento de 88,5% no número de casos, seguida da região Noroeste com 79,0% de aumento. Durante a live de ontem, o secretário de Relações Institucionais, Wanderley de Almeida, observou que a Covid-19 está avançado sobre regiões mais vulneráveis. “Na periferia vejo duas situações. A primeira é que as pessoas não estão cumprindo o isolamento social, e a segunda é que a maioria está usando máscaras de proteção. O que antes era exceção, agora virou regra. Mas é preciso que as pessoas adotem medidas de isolamento para poder enfrentar o avanço da disseminação do novo coronavírus”, afirmou. Para o secretário de Saúde, Carmino de Souza, a única medida eficaz para conter a transmissão da Covid-10 é o isolamento social. “A situação é séria e irá se agravar se as pessoas não ficarem em casa. Quando a gente ouve que em determinada região o isolamento não está sendo cumprido, basta contar de uma a duas semanas para termos aumento de confirmações da infecção pelo novo coronavírus", afirmou.Apesar do decreto da quarenta que permite o funcionamento das atividades essenciais, vários comércios estão abrindo as portas, especialmente nas regiões do Ouro Verde e Campo Grande. O diretor da Guarda Municipal, Márcio Frezarin, informou que desde o início da quarentena, mais de 2,5 mil fiscalizações foram realizadas. Ontem pela manhã houve uma operação no Ouro Verde e, no Cambuí, em uma academia que insistia em funcionar.  Taxas da RMC seguem baixas no comparativo As 20 cidades da RMC representam o equivalente a 25% dos municípios com menor taxa de casos confirmados e 20% das cidades com menor taxa de mortalidade por Covid-19 do País, segundo levantamento do Observatório PUC-Campinas divulgado ontem. O estudo, que analisou dados até 17 de maio, mostra que para cada 100 mil habitantes, a região tem 42,6 casos notificados e 1,5 óbito confirmado. A taxa nacional é de 65,3 casos notificados e 3,31 mortes por 100 mil habitantes. Na região, Campinas, Morungaba e Vinhedo são os municípios com maior número de casos confirmados, sendo Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste e Arthur Nogueira os de menor incidência, na faixa de 6 a 15 casos a cada 100 mil habitantes. Em relação aos óbitos, Hortolândia, Indaiatuba, Valinhos, Nova Odessa e Monte Mor apresentam os índices mais elevados por 100 mil habitantes. O levantamento, elaborado pelo economista Paulo Oliveira e pelo aluno Felipe Pedroso de Lima, da Faculdade de Geografia da PUC-Campinas, indica até o momento maior incidência de casos na região Norte do País em termos relativos (cada 100 mil habitantes), e nas regiões de maior densidade demográfica, mais próximas ao Litoral. A característica heterogênea do contágio faz com que a média nacional em casos notificados seja de 65,3 a cada 100 mil pessoas, enquanto a de mortalidade, de 3,31. “Dada essa heterogeneidade dos municípios e a existência de epicentros, a média se torna um indicador pouco expressivo sobre a gravidade da epidemia”, pondera o docente. Para o professor, os mapas evidenciam que a doença se espalha de acordo com especificidades regionais. Ao mesmo tempo em que 50% das cidades brasileiras registram menos de 30 casos, há um número considerável de municípios com mais de 150 casos confirmados por 100 mil habitantes. O mesmo padrão é observado com o número de mortes. O estudo destaca que várias medidas regionais de contenção foram tomadas de maneira precoce, como por exemplo, a suspensão das aulas presenciais, o trabalho remoto para uma parcela importante dos trabalhadores formais, decretos para o uso de máscaras, fechamento das atividades não essenciais, dentre outros. Esses fatores, dentre características socioeconômicas e demográficas, podem explicar o estado atual da pandemia na região. O Observatório afirma que é preciso considerar que os especialistas afirmam que a pandemia ainda está em fase de expansão para os municípios do interior do país, de forma que os números podem mudar drasticamente.

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