10 DERRUBADAS

Corte de árvores assusta no Novo Campos Elíseos

Mais de dez árvores da espécie leucena foram derrubadas por completo por funcionários do Departamento de Parque e Jardins (DPJ), pegando de surpresa os moradores do entorno

Sarah Brito
11/06/2015 às 18:39.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:54
Funcionários do DPJ fazem corte de árvores em praça ( César Rodrigues/ AAN)

Funcionários do DPJ fazem corte de árvores em praça ( César Rodrigues/ AAN)

Moradores e comerciantes da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, em Campinas, estão assustados com uma poda que equipes da Prefeitura de Campinas fizeram na manhã desta quinta-feira, 11, em um canteiro central, de quatro quilômetros, entre os bairros Novo Campos Elíseos e Vila União. Mais de dez árvores da espécie leucena foram derrubadas por completo por funcionários do Departamento de Parque e Jardins (DPJ), pegando de surpresa os moradores do entorno. O Correio flagrou a ação. A árvore é considerada uma praga urbana, por não ser nativa da região e impedir outras espécies de sobreviver.De acordo com o DPJ, o canteiro será remodelado e a poda foi necessária para melhorar a vegetação local. Conforme a assessoria de imprensa do órgão, serão plantadas arvores nativas ipê, audrogas, guarantás, além de grama. A previsão de conclusão da obra é de três meses.“Está errado, as árvores foram plantadas há 15 anos, e agora ficou só mato. Uma poda resolvia”, disse o proprietário de uma vidraçaria, Tarcísio Tenório Ferreira, de 60 anos. Para ele, foi criminosa a ação e a praça perdeu a sombra do local, além de a Prefeitura não ter avisado que faria o corte das plantas. Ferreira afirmou ainda que concorda com a revitalização, mas que a poda não foi a solução.Para o motorista Leandro Pacheco Costa, de 37 anos, a poda foi errada porque as árvores não apresentavam risco para a população. “Não adianta nada ficar só na grama. Esquisito. E agora acabou a sombra da rua inteira. Não sei por que fizeram isso, não dá para entender se estava causando problemas.”A cozinheira Eudite Ferreira de Faria, de 55 anos, disse que o corte foi radical, mas que era importante fazer a limpeza da área. “Era inseguro, porque à noite fica uma penumbra. Servia de esconderijo dos ladrões. E a maior parte das árvores fazia muita sujeira. O vento trazia as plantas”, disse. Para ela, é preciso que sejam plantadas novas árvores, mas que haja manutenção e poda.A leucena, árvore exótica originária da América Central, se prolifera pelos bairros de Campinas. Onde a planta aparece, nenhuma espécie consegue sobreviver porque as árvores ocupam e fazem sombra no terreno, impedindo o crescimento de outras. EspecialistaPara o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e engenheiro agrônomo Ivan Alvarez, o manejo da árvore leucena é necessário, principalmente na mata ciliar onde a planta se dispersa. “Ela é considerada invasora, e ocupa espaço de espécies nativas. Então é preciso manejá-la. Mas extraí-la é mais complicado.”. Segundo ele, a extração precisa ser avaliada, porque há áreas degradadas e que precisam da mata, devido aos benefícios das árvores, como a sombra. Alvarez também comentou que o plantio de ipê na área é exagerado, pois já existe uma quantia suficiente dessa espécie na cidade. “Se tiver uma praga específica de ipê, todos serão contaminados. Não podemos deixar de ter diversidade.”Caso recenteEm janeiro, o Correio noticiou a poda radical de plantas alamandas na Avenida Aquidabã, no Centro de Campinas. As plantas do tipo de arbusto com flores amarelas foram podadas, incluindo as flores. Restaram caules pontiagudos. As plantas ficam nas floreiras que margeiam a avenida.O serviço foi feito pelo DPJ e um grupo de reeducando durante o dia. O departamento admitiu, na ocasião, que houve excesso no corte das floreiras, uma vez que o intuito da ação era pintar os vasos e revitalizar a área. Segundo a Prefeitura, a poda foi interrompida após a denúncia da reportagem.

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