CRIME ORGANIZADO

Corrupção policial leva 36 à cadeia

Entre os detidos, 31 PMs, um ex-PM demitido por envolvimento com esquema e mais 4 pessoas

Daniel de Camargo
14/08/2018 às 21:51.
Atualizado em 23/04/2022 às 04:46
Marcelino Fernandes da Silva, coronel da Corregedoria da Polícia Militar, durante entrevista coletiva com a imprensa para dar detalhes sobre a operação e a continuidade dos trabalhos (Thomaz Marostegan/Especial para a AAN )

Marcelino Fernandes da Silva, coronel da Corregedoria da Polícia Militar, durante entrevista coletiva com a imprensa para dar detalhes sobre a operação e a continuidade dos trabalhos (Thomaz Marostegan/Especial para a AAN )

O Ministério Público Estadual deflagrou na manhã de terça-feira em Campinas, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em conjunto a Corregedoria da Polícia Militar, a “Operação Tio Genésio”. A ação contou ainda com apoio do 2º Batalhão de Polícia de Choque e do 3º Batalhão de Polícia de Choque (Canil). Ao todo, 36 pessoas foram presas. Entre os detidos estão 31 policiais militares, um ex-PM demitido por envolvimento com crimes de caça-níquel e quatro sem vínculo algum com qualquer corporação policial. Outros dois indivíduos foram aprisionados durante as investigações, iniciadas em 10 de janeiro deste ano. Outros dois criminosos estão foragidos. Ao grupo, dentre outros delitos, são atribuídos os crimes de prática de tráfico de drogas, corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro. A atuação se dava no Jardim Anchieta, Parque Industrial, mas principalmente nas proximidades do Bar Toca da Raposa, na Rua dos Jequitibás, na Vila Boa Vista. No total, foram cumpridos 51 mandados de busca e apreensão nas cidades de Campinas, Sumaré, Mogi Mirim, Hortolândia, Sorocaba, Bauru e São Carlos, municípios onde residiam os PMs, além de 40 mandados de prisão. Segundo José Ricardo Trevisan Arantes, coronel do Comando de Policiamento do Interior 2, todos os policiais presos atuavam na 5ª Companhia do 47º Batalhão da cidade. O número representa 20% do efetivo da unidade. A ausência desses agentes irá demandar uma realocação de policiais em Campinas. Arantes afirma que a medida será tomada rapidamente, de modo que a população não seja lesada. Marcelino Fernandes da Silva, coronel da corregedoria da Polícia Militar, informou que o inquérito policial militar foi instaurado mediante denúncia do próprio comando da corporação na região. Havia a suspeita de que policiais recebiam propina para não reprimir a ação criminosa, tanto quanto notificar sobre possíveis operações. Silva explicou que os PMs ficarão detidos preventivamente por 30 dias no Presídio Militar Romão Gomes, na Vila Albertina, na capital do Estado. Seus nomes não foram divulgados, pois as investigações continuam. Por isso, outros dados também seguem preservados. Para Silva, a operação reverte ganhos para a sociedade, saúde pública e também para o agente de bem. “Quem perde é o crime organizado e o policial que não honra o seu juramento”, enfatizou. Já o promotor Jandir Moura Torres Neto revelou que um dos homens presos ontem seria um dos líderes da quadrilha. E, uma mulher, esposa de outro chefe já detido, tomaria o seu lugar na organização. Os traficantes tiveram a prisão temporária decretada também pelo período de 30 dias. Essas autuações ocorreram na 2ª Delegacia Seccional de Campinas. Neto informou ainda que não é possível dizer desde quando o esquema vinha sendo aplicado. Porém, a ação criminosa chamou a atenção em março passado. Segundo o promotor, deste mês em diante os traficantes passaram a vender as drogas de forma escancarada. “Tudo era feito à luz do dia, a céu aberto”, destaca, completando que, obviamente, devido à falta de patrulhamento. Ele mencionou também que as investigações indicam que os valores obtidos pelo tráfico eram destinados a compra, entre outros, de imóveis e automóveis. Nenhum vínculo com alguma facção criminosa foi confirmado. Apreensões Ao longo da manhã, foram apreendidos, entre outros, R$ 23 mil reais em espécie sem indicação nenhuma de origem, um carro, eletrônicos e uma série de objetos destinados a embalagem e prática do tráfico. O pai de um dos policiais envolvidos também foi preso em flagrante por posse ilegal de arma. Em uma das residências, a polícia precisou solicitar o auxílio de um chaveiro, porque havia uma porta de aço. 

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