Com isso, a população deverá sofrer com demoras ainda maiores na entrega das encomendas - há tempos que o serviço da estatal deixam a desejar em termos de pontualidade
Parados: funcionários dos Correios comunicam paralisação nacional (Cedoc/RAC)
Os trabalhadores dos Correios da região de Campinas aderiram ontem à greve nacional da categoria. A paralisação, por tempo indeterminado, foi aprovada em assembleias dos sindicatos filiados à Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares e atinge toda a categoria. Com isso, a população deverá sofrer com demoras ainda maiores na entrega das encomendas - há tempos que o serviço da estatal deixam a desejar em termos de pontualidade. A categoria defende a realização de concurso público para a contratação de mais funcionários e o fim dos planos de demissão. Além disso, os trabalhadores protestam contra uma longa série de medidas tomadas pela empresa, como as alterações no Plano de Cargos, Carreiras e Salários, a terceirização da área de tratamento, a anmeaça de privatização da empresa, a suspensão das férias dos trabalhadores, a extinção do diferencial de mercado e a redução de salários do pessoal da área administrativa. Ontem pela manhã, no entanto, o atendimento ainda estava normal nas agências dos Correios da Av. Francisco Glicério e do Jardim do Lago. De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a grave nacional ocorrerá por tempo indeterminado em 22 Estados e mais o Distrito Federal. O principal motivo da paralisação é evitar as mudanças no plano de saúde dos funcionários - que passaria a ter uma cobrança de mensalidades do titular e a retirada de dependentes. O sindicato afirma que o benefício seria reajustado conforme a idade do titular, o poderia levar alguns dos planos a valores menais de mais de R$ 900,00. Resposta Em nota, a estatal lamentou a paralisação e afirmou que ela "só vai servir para agravar a situação". De acordo com a empresa, "a greve é um direito legítimo do trabalhador. No entanto, um movimento dessa natureza, neste momento, serve apenas para agravar ainda mais a situação delicada pela qual passam os Correios, afetando não apenas a empresa, mas também os próprios empregados". Sobre as mudanças no plano de saúde, a direção da estatal afirmou já ter discutido o assunto de anteriormente com os trabalhadores, e que a questão será julgada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). "Esclarecemos à sociedade que o plano de saúde, principal pauta da paralisação anunciada pelos trabalhadores, já foi discutido exaustivamente com suas entidades representativas tanto no âmbito administrativo quanto em mediação pelo Tribunal Superior do Trabalho e que, após diversas tentativas de acordo que não tiveram sucesso, a forma de custeio do plano de saúde segue, agora, para julgamento pelo TST. A empresa aguarda a decisão conclusiva por parte daquele tribunal para tomar as medidas necessárias, mas ressalta que já não consegue sustentar as condições atuais do plano, que foram concedidas num momento em que os Correios tinham capacidade financeira para arcar com esses custos", conclui o texto. Procon orienta consumidor sobre situação A Fundação Procon de São Paulo divulgou ontem uma série de orientações para os consumidores que forem afetados pela greve dos Correios. A entidade de defesa do consumidor destaca que quem contratou serviços dos Correios, como a entrega de encomendas e documentos, que deixarem de ser prestados em função da paralisação, têm direito a ressarcimento ou abatimento do valor pago. Nos casos em que houver dano moral ou material pela falta da prestação do serviço, cabe também a indenização por meio da Justiça. Para o Procon, no caso de o consumidor ter adquirido produtos de empresas que fazem a entrega pelos Correios, essas são responsáveis por encontrar outra forma para fazer com que os itens comprados cheguem ao destinatário no prazo contratado. Além disso, as empresas que enviam cobrança por correspondência postal são obrigadas a oferecer outra forma de pagamento que seja viável ao consumidor - internet, sede da empresa ou depósito bancário, entre outras. Do lado das obrigações dos consumidores, entretanto, o Procon-SP alerta que não receber uma fatura, boleto bancário ou qualquer outra cobrança não o isenta ninguém de efetuar o pagamento no prazo. A orientação é que a pessoa entre em contato com a empresa credora antes do vencimento e solicite uma outra opção de pagamento, a fim de evitar a cobrança de encargos como juros e multa, ter o nome negativado no mercado ou serviços suspensos.