MEMÓRIA PRESERVADA

Correio Popular doa o acervo do ‘Correio Escola’ à Unicamp

Iniciativa do jornal abrange a transferência de 346 títulos de variados gêneros

Luis Eduardo de Sousa/ [email protected]
01/09/2023 às 09:06.
Atualizado em 01/09/2023 às 09:06
Márcia de Godoy Camargo, irmã de Cecília de Godoy Carmargo Pavani, e as professoras Ângela Cristino Loureiro Junquer e Elizete Cortez que atuaram no Correio Escola (Alessandro Torres)

Márcia de Godoy Camargo, irmã de Cecília de Godoy Carmargo Pavani, e as professoras Ângela Cristino Loureiro Junquer e Elizete Cortez que atuaram no Correio Escola (Alessandro Torres)

O Correio Popular doou à Faculdade de Educação (FE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) o acervo de livros provenientes do projeto Correio Escola, uma iniciativa concebida pela educadora Cecília de Godoy Carmargo Pavani. No total, foram entregues à instituição 346 títulos de variados gêneros, abrangendo desde jornalismo até comunicação e literatura. Esses materiais serão incorporados à própria coleção da faculdade, enriquecendo a base de pesquisa acessível tanto aos estudantes de graduação quanto de pós-graduação. A cerimônia de doação foi marcada por um gesto simbólico, com a presença de figuras importantes como Márcia de Godoy Camargo, irmã de Cecília, e as professoras Ângela Cristino Loureiro Junquer e Elizete Cortez, que desempenharam papéis cruciais no projeto Correio Escola.

Os títulos foram recebidos pelo diretor da Faculdade, Renê Trentin, que ressaltou a relevância do acréscimo desses livros ao acervo da biblioteca. "É significativo e importante tanto no sentido da preservação da memória do trabalho que foi feito pela professor Cecília e pelas pessoas do seu entorno, quanto no sentido de manter vivo esse trabalho. Esse material vai poder ficar disponível e acessível àquelas pessoas que querem pesquisar, estudar, adquirindo assim um caráter social - que ele já tinha - mas também público de maneira bem-organizada para poder facilitar o acesso a quem tiver interesse a esse material", ponderou.

A doação foi intermediada pelo professor convidado da FE, Ezequiel Theodoro da Silva. Hoje, aos 75 anos, Theodoro guarda com carinho suas lembranças dos anos em que contribuiu para o projeto Correio Escola. O docente, que também foi secretário de Educação durante o segundo mandato do prefeito José Roberto Magalhães Teixeira, relembra os detalhes do projeto que, mesmo sem prosseguir, "cumpriu importante papel na construção de um senso crítico de alunos e professores".

"Eu intermediei a transferência do arquivo como alguém que vê a importância de um acervo e a alocação dele para que não se perca. Através do projeto escola houve uma interface do jornal com a educação. Todo o trabalho que foi feito constituiu um conjunto significativo de experiências concretas com professores e salas de aula em um momento histórico brasileiro, cuja função social do jornal ainda era unânime", considerou Ezequiel.

Correio doou 346 títulos de variados gêneros, abrangendo desde jornalismo até comunicação e literatura (Alessandro Torres)

Correio doou 346 títulos de variados gêneros, abrangendo desde jornalismo até comunicação e literatura (Alessandro Torres)

"Quando fui secretário, nós assinamos os jornais para as escolas do município, porque no meu ponto de vista, a escola precisa se informar e informar. E o jornal é um veículo fundamental para a formação dos professores. Hoje, vejo um esquecimento das prefeituras de assinar jornais para as escolas, o que é uma pena, pois nada se compara ao arcabouço do jornal impresso quando se trata da realização de uma leitura crítica", emendou Ezequiel.

O PROJETO

Iniciado em 1992, o projeto Correio Escola perdurou por 25 anos, encerrando-se após o falecimento da professora Cecília. O projeto tinha como principal propósito facilitar a interação entre as escolas e os jornais, com o objetivo de manter os alunos e professores informados e estimular discussões sobre os temas em destaque no noticiário. Isso visava promover uma análise crítica dos eventos. O projeto se desdobrava em três frentes: provendo jornais para escolas municipais, distribuindo livros e capacitando professores. Muitas dessas atividades ocorreram nas instalações do Correio Popular.

"Cecília sempre teve um forte senso de responsabilidade social e desejava contribuir na esfera educacional. Ela conseguiu unir suas paixões pelo jornalismo e pela educação ao dar vida a essa iniciativa. Onde quer que ela esteja, acredito que ficaria muito satisfeita em ver a Unicamp recebendo todo o acervo de livros", compartilhou Márcia, irmã de Cecília.

"A visão que ela tinha foi concretizada hoje, permitindo que estudantes da Unicamp e de outras universidades venham aqui e explorem o que utilizamos no projeto. Cecília viveu em uma época, mas sua visão abrangia tempos diferentes na educação. Ela sonhava com um mundo onde não haveria distinção de qualidade entre os sistemas de ensino público e privado", disse emocionada a professora Elizena Cortez.

"Nos dias atuais, as pessoas leem, mas nem sempre interpretam e refletem; tudo é extremamente rápido. O projeto Correio Escola, em suas várias abordagens, buscava formar cidadãos completos, capazes de interpretar as informações de maneira significativa", recordou Ângela Cristina.

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