Tancredão

Córrego dos Patos volta a 'morrer'

Despejo de esgoto e outras formas de poluição ameaçam curso d?água que bairros salvaram em 2005

Renato Piovesan
08/05/2018 às 07:34.
Atualizado em 28/04/2022 às 07:58
O córrego está com a água turva, espuma de poluição em alguns pontos e pouquíssimos pássaros tentando buscar algum tipo de alimento no local (Leandro Torres/AAN)

O córrego está com a água turva, espuma de poluição em alguns pontos e pouquíssimos pássaros tentando buscar algum tipo de alimento no local (Leandro Torres/AAN)

“Ressuscitado” em 2005, após um abaixo-assinado de 3 mil moradores dos bairros Jardim Maria Eugênia, Aerocontinental, Santa Amélia e Chácara Campos Elíseos, o Córrego dos Patos, conhecido também como Tancredão, voltou a conviver com o mau cheiro e a poluição há pelo menos um mês. Um esgoto que está desembocando no local tem feito agonizar a vida aquática e preocupado quem frequenta as imediações do Centro de Saúde Tancredão e da Escola Estadual Maria Julieta de Godói Cartezani, que são os pontos mais críticos do trecho poluído. Desde 2005, o córrego passou a ser habitado por peixes e aves como garças e saracura-três-potes. Ontem, a reportagem voltou ao Tancredão e constatou a situação crítica, com a água turva, espuma de poluição em alguns pontos e pouquíssimos pássaros tentando buscar algum tipo de alimento no local. “Eu sempre jogava pão para os peixinhos, tinham vários aqui. Uns anos atrás até pescavam aqui. Agora acabou”, lamenta Juarez Lisboa Silva, de 55 anos, que trabalha numa empresa de carro-forte. “Faz 60 anos que moro aqui; tinham encanado o esgoto e arrumado, mas não sei o que aconteceu que agora está esta porcaria de novo. Até já pescaram aqui, hoje ficou impossível”, reforça o aposentado Darci Bedon, de 72 anos. Mobilização O administrador de empresas Andrelino Flores, criador da Organização Não-Governamental SOS Tancredão, lembra que há 13 anos o Córrego dos Patos vivia a mesma situação de agora, e espera mobilizar a população dos bairros vizinhos para conseguir pressionar as autoridades por uma solução. “Esse odor e espessa camada de dejetos vem de um mês e meio para cá. Em 2005, era igual, mas fizemos um boca a boca muito grande e a Sanasa fez uma canalização à parte e arrumou o encanamento do esgoto no próprio leito do rio”, recorda. Após contato do Grupo RAC na última sexta-feira, a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) levou uma equipe ao córrego no último fim de semana, quando não foi encontrado nenhum rompimento na rede de esgoto. Por isso, a suspeita é que o despejo seja irregular. A Sanasa informou que voltará ao local hoje e, se houver confirmação da suspeita, os proprietários dos imóveis responsáveis serão notificados e terão que regularizar a situação. 

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