EDITORIAL

Coronavírus e o calendário do Enem

Da Agência Anhanguera
26/04/2020 às 10:22.
Atualizado em 29/03/2022 às 12:51

Em decorrência da suspensão das aulas, ocasionada pela pandemia de coronavírus, a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano está sofrendo revezes. Principal porta de entrada para a universidade pública, o exame teve seu calendário questionado pela Justiça, que na semana passada determinou que as datas das provas devem ser “adequadas à realidade do ano letivo”. Mais de 80% dos alunos do Ensino Médio do País estudam em escolas das redes públicas, perto de 16 milhões de estudantes, conforme dados do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). Nos últimos dias, antes da decisão judicial de indicar o adiamento do Enem, — a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) vinham se posicionando por alterar o calendário de provas, com argumento do cenário adverso aos estudantes. As entidades relatam, com razão, que muitos jovens sequer têm acesso às ferramentas necessárias para atividades virtuais. E, em nota, apontam que, mesmo que os alunos tivessem as condições de estudo adequadas, o aproveitamento do ensino-aprendizagem está naturalmente em defasagem em relação às atividades presenciais. Outra entidade que vinha criticando a manutenção das datas divulgadas inicialmente pelo Ministério da Educação é o Consed, por temer prejuízos aos estudantes da rede pública, por conta da quarentena e das restrições de circulação impostas pela Covid-19. O órgão avalia que a manutenção do calendário “deve ampliar as desigualdades” e afetar negativamente os alunos que não têm acesso à internet. A aplicação das provas do Enem em versão impressa está prevista para 1º e 8 de novembro. Já a versão on-line, novidade deste ano, foi alterada para 22 e 29 de novembro, em razão da decisão judicial e da pandemia. O formato digital será aplicado para até 100 mil estudantes. As inscrições começam dia 11 de maio. A presidência do Inep afirma que, se necessário por “razões técnicas”, fará a alteração do calendário das provas presenciais. O Ministério da Educação está recorrendo da determinação judicial que manda alterar o cronograma. Em toda essa situação o que deve prevalecer são os direitos dos estudantes, que durante todo o Ensino Médio se aplicam em razão da meta de ingressar na universidade. No Enem do ano passado foram mais de 6 milhões de inscritos. O mais importante: por trás destes números e dos questionamentos quanto ao calendário, estão os sonhos destes jovens.

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