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Conversão de veículos para GNV sobe 107% em Campinas

De janeiro a maio foram feitas 85 solicitações de alteração do combustível ao Detran

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
15/07/2022 às 09:25.
Atualizado em 15/07/2022 às 09:25
Funcionários de uma oficina de conversão para GNV: o preço da modificação vai de R$ 5,9 mil a R$ 7 mil, dependendo da capacidade do cilindro (Kama Ribeiro)

Funcionários de uma oficina de conversão para GNV: o preço da modificação vai de R$ 5,9 mil a R$ 7 mil, dependendo da capacidade do cilindro (Kama Ribeiro)

A conversão de veículos para gás natural veicular (GNV) registrou um crescimento de 107,3% nos primeiros cinco meses deste ano, em Campinas, de acordo com levantamento divulgado pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP). Entre janeiro e maio, foram feitas 85 solicitações de alteração do combustível ao órgão, contra 41 no mesmo período de 2021. A frota do município que circula com esse tipo de combustível chegou a 7.978 veículos, segundo dados do Ministério da Infraestrutura.

No Estado de São Paulo, a conversão cresceu 121% entre janeiro e maio, quando foram realizadas 3,6 mil solicitações. No mesmo período do ano passado, foram 1.625. No Estado, 256.201 veículos circulam com o kit GNV. 

De acordo com José Antônio Polo, proprietário de uma oficina que faz a conversão, o serviço é procurado principalmente por motoristas de táxi, de transporte por aplicativo e proprietários de picapes flex. O preço da modificação vai de R$ 5,9 mil a R$ 7 mil, dependendo da capacidade do cilindro novo instalado, que pode ter capacidade de 15 metros cúbicos a 25 metros cúbicos.

“Apesar da alta do GNV, a procura ainda está boa”, afirma Polo, que há 21 anos atua no segmento. O combustível acumula no 1° semestre deste ano um reajuste de 32,13%. Em janeiro, o m3 custava R$ 4,45, sendo encontrado atualmente em Campinas entre R$ 5,33 e R$ 5,88, aponta a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Com isso, o preço se igualou ao da gasolina, que registrou uma leve queda no valor este mês após a redução dos impostos federais e estadual.

Vantagem e desvantagem

Segundo o engenheiro mecânico Tadeu Ribeiro Zucolotto, a conversão para o GNV é vantajosa para o proprietário que roda a partir de 1,8 mil quilômetros por mês, levando-se em conta o custo da conversão e a paridade no valor dos combustíveis. Mesmo assim, o ganho começará a aparecer após um ano. Ele explica que o GNV apresenta rendimento médio 20% superior a gasolina e 50% superior ao etanol.

“O retorno financeiro varia segundo o uso do veículo, sendo menor para os motoristas que percorrem longas distâncias diariamente, na ordem de 100km por dia, e maior para aqueles que circulam pouco”, disse Zucolotto. 

De acordo com ele, a conversão é segura, desde que seja feita em oficinas especializadas e homologadas. “Se o carro estiver com as revisões feitas e suspensão traseira reforçada com molas próprias para carro com GNV, não haverá problemas”, garante.

O motorista por aplicativo Renato Henrique Moreira, que roda entre 250 e 300km por dia, usa o gás natural veicular há um ano e avalia que é compensador usar o combustível. “Antes, rodava com etanol e gastava R$ 5,5 mil por mês com combustível. Agora, gasto a metade”, exemplificou. Ele investiu R$ 4,8 mil na conversão e afirma ter recuperado o valor em três meses. Moreira gastou ontem R$ 52,17 para abastecer o veículo, o que daria para rodar em torno de 250km. Para percorrer a mesma distância com etanol, ele calculou uma despesa de R$ 115.

Mas a vantagem do GNV depende da realidade de cada usuário. Para o auxiliar de motorista de táxi, Antonio Teixeira Filho, que usa esse combustível há sete anos, deixou de ser vantajoso para circular na cidade. “Ele representa 22% do custo da viagem. No caso de um carro novo, com motor de três cilindros, o custo cai para 17% com gasolina”, explica. 

Teixeira Filho justifica que continua a usar o gás natural porque já amortizou o investimento feito na conversão. Porém, não instalaria o kit se trocasse de carro.

Além de rendimento maior, o gás natural veicular proporciona benefícios para o meio ambiente e o veículo. O combustível emite 20% menos dióxido de carbono (CO2) do que a gasolina e 15% menos do que o etanol. Outro ponto positivo é que ele não produz água no escapamento, o que resulta em maior vida útil do componente. 

A principal desvantagem do GNV é o custo do kit de conversão. Além disso, há despesa anual com a inspeção de segurança veicular (cerca de R$ 300) e um custo adicional a cada 5 anos de recertificação de cilindro (aproximadamente R$ 350). Outro aspecto negativo é a redução do espaço do porta-malas, onde é instalado o cilindro de armazenagem.

Como fazer a conversão

Para fazer a conversão para o GNV, o proprietário deve solicitar autorização prévia do Detran, visto que haverá alteração nas características do carro e deverá ser emitido um novo Certificado de Registro de Veículo (CRV). O dono precisa preencher um requerimento disponível no portal do órgão de trânsito. Depois, enviar esse documento e o CRV digitalizados através do site. 

Caso toda a documentação esteja em ordem, a autorização prévia é enviada por e-mail ao solicitante. Após isso, o veículo deverá passar por inspeção em uma Instituição Técnica Liberada (ITL). O próximo passo é levar o carro até uma Empresa Credenciada de Vistoria (ECV) para obter o laudo que libera a conversão. Com todos os documentos em mãos, o proprietário ainda precisa agendar no Poupamento a solicitação do novo CRV. 

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