ALÍVIO

Contaminação por covid cai 60% com toque de recolher

Queda ocorre no período em que vigora o toque de recolher, mas a taxa de internação ainda é alta

Rodrigo Piomonte/ Correio Popular
09/04/2021 às 12:35.
Atualizado em 21/03/2022 às 22:47
Pátio do estacionamento do Shopping Parque das Bandeiras, na Av. John Boyd Dunlop, totalmente vazio: prefeitura estuda relaxar as restrições (Ricardo Lima/ Correio Popular)

Pátio do estacionamento do Shopping Parque das Bandeiras, na Av. John Boyd Dunlop, totalmente vazio: prefeitura estuda relaxar as restrições (Ricardo Lima/ Correio Popular)

Apesar da taxa de internação ainda estar alta, com 47 pessoas em estado grave na fila por um leito hospitalar em Campinas, as restrições mais duras adotadas na luta para conter o avanço da covid-19 já estão surtindo efeito. Da semana que antecedeu o início das medidas até o último dia 5 de abril, os casos de contaminação pelo coronavírus caíram cerca de 60%, com menos pessoas circulando pela cidade.

No total 84.138 pessoas já foram contaminadas desde o início da pandemia. Nas últimas 24 horas foram 470 casos e 37 óbitos a mais que o balanço anterior divulgado. Faltam dois óbitos para Campinas atingir a marca de 2.600 mortes.

Segundo dados da Prefeitura, entre os dias 28 de fevereiro e 6 de março, um dos períodos mais críticos da contaminação, 2.612 pessoas foram contaminadas. Essa foi considerada a nona semana epidemiológica do ano.

Três semanas depois, na décima segunda semana epidemiológica, esse número caiu para 1.014 pessoas contaminadas. Uma redução significativa, já que no pico anterior, registrado na primeira semana epidemiológica do ano, a mais severa desde o início da pandemia, a queda três semanas depois foi de 30%. Na ocasião 2.775 pessoas foram contaminadas entre os dias 3 e 9 de janeiro, e depois 1.932 pessoas entre os dias 24 e 20 do mesmo mês.

A diminuição da transmissão e do contágio do vírus coincidiu com o período do toque de recolher adotado pela cidade que ocorreu a partir do dia 16 de março, dez dias, porém, após o pico da transmissão percebido na nona semana. Na semana em que foi iniciado o toque de recolher, 2.451 pessoas foram contaminadas. O toque de recolher vigora até o próximo domingo, dia 11.

A taxa de transmissão da doença, conhecida como taxa R, também reduziu neste período de maior restrição na circulação. Antes do toque de recolher, a taxa estava em 1,23, ou seja, quando 100 infectados têm potencial para transmitir o coronavírus para outras 123 pessoas. Atualmente, está entre 0,7 e 0,8, segundo dados da Diretoria de Vigilância Sanitária (Devisa) de Campinas.

A taxa considerada estável por especialistas é abaixo de 1. O índice considerado seguro para um retorno mais amplo das atividades fica em 0,5, quando duas pessoas com a doença têm potencial para infectar somente uma outra.

Isolamento social

No período que vigora o toque de recolher, a taxa de isolamento social em Campinas registrou avanço, mesmo ficando abaixo do ideal, que é de 50%. Passou no período de 39% antes do toque de recolher, para 47%, atualmente, segundo monitoramento divulgado pelo Governo do Estado.

Apesar da redução na transmissão do vírus a partir da melhora dos indicadores de isolamento social, a taxa de letalidade do vírus na cidade, segue alta, em 3,8. Superando, por exemplo, a taxa registrada na capital, que atualmente está em 3,6.

Para a diretora do Devisa, Andrea Von Zuben, isso evidencia a disseminação da variante do vírus identificado como P1, ou variante de Manaus, pela cidade. "Os números de queda na transmissão são positivos, mas o momento ainda é de cautela. A cidade ainda não venceu o vírus, ele está aí. Conseguimos reduzir a transmissão, mas essas medidas precisam acabar. E então, a situação passará muito pelo aspecto comportamental de cada um. Se a cidade retomar para uma situação de aglomerações familiares e festas, a contaminação vai voltar a crescer", ressalta.

Fim das restrições

A diretora do Devisa informa que a Prefeitura está em constante avaliação dos números e índices que monitoram a doença na cidade. Segundo ela, os números já sinalizam para a possibilidade de flexibilização das medidas de restrições.

"Não podemos falar em data ou afirmar nada, mas o controle na transmissão e no contágio da doença nos mostra que estamos no caminho para que as medidas de restrição sejam flexibilizadas. Mas se as pessoas não usarem a máscara tudo volta à estaca zero, pois a taxa de internação ainda está muito alta", disse.

Até ontem, a taxa de ocupação de leitos públicos em Campinas estava ainda colapsada, com a cidade administrando 47 pacientes graves na fila de espera por um leito hospitalar. Esse número chegou a cerca de 200 há duas semanas.

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