REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS

Construção civil é destaque na geração de empregos em março

Com saldo positivo de 1.243 novos postos de trabalho, setor foi responsável por 43% de todas as vagas surgidas nos segmentos analisados pela pesquisa mensal do Novo Caged

Edimarcio A. Monteiro/edimarcio.augusto@rac.com.br
03/05/2025 às 11:35.
Atualizado em 03/05/2025 às 11:35

Para o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), a geração de empregos é resultado do bom momento vivido pelo segmento; de acordo com o vice-presidente de Economia da entidade, Eduardo Zaidan, a recente ampliação do "Minha Casa, Minha Vida" para famílias com renda de até R$ 12 mil, com possibilidade de financiamento de imóveis até R$ 500 mil, é extremamente positiva para o setor (Rodrigo Zanotto)

A construção civil puxou a alta no saldo de criação de empregos com carteira assinada na Região Metropolitana de Campinas (RMC) em março, sendo responsável por dois em cada cinco novos postos. O saldo do setor no mês foi de 1.243 novas vagas, o equivalente a 43,04% das 2.888 surgidas em todos os segmentos, apontou a pesquisa mensal do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. O saldo geral foi resultado das 57.757 contratações e 54.869 demissões ocorridas no mês. A agropecuária foi o segundo setor com o melhor desempenho, com saldo de 1.104 empregos gerados, principalmente pelas 965 ocorridas em Holambra.

A agricultura é a principal atividade econômica do município, impulsionada pela floricultura. Com cerca de 14 mil habitantes, ela é conhecida como “Cidade das Flores”, sendo a maior exportadora da América Latina, responsável por 80% da exportação e por 40% da produção do setor florícola brasileiro. Também tiveram desempenho positivo na geração de empregos em março na RMC a indústria, com 698 vagas, e o setor de serviços, 458. O único segmento com as demissões superando as contratações foi o comércio, onde foram fechados 615 postos de trabalho.

Para o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), a geração de empregos é resultado do bom momento vivido pelo segmento. De acordo com o vice-presidente de Economia da entidade, Eduardo Zaidan, a recente ampliação do "Minha Casa, Minha Vida" para famílias com renda de até R$ 12 mil, com possibilidade de financiamento de imóveis até R$ 500 mil, é extremamente positiva para a atividade. Para ele, a criação da Faixa 4 do programa terá efeitos relevantes para as famílias da classe média e para toda a cadeia produtiva da construção civil.

“É uma excelente notícia, sem dúvida, e uma iniciativa muito benéfica para o setor e para a sociedade como um todo. Todo recurso que vier para a construção civil é muito bem-vindo, pois a política de habitação gera impactos que vão além da redução do déficit habitacional, como o aumento do emprego e da renda, a melhoria da saúde pública e o reforço da segurança”, analisou Eduardo Zaidan.

SEM PARAR 

O pedreiro Joelton José dos Santos Melo mudou-se de Recife (PE) para Campinas no ano passado e comemorou a mudança no ritmo de possibilidade de trabalho. “Lá não tinha o que fazer, mas aqui não fico parado”, revelou. Desde o início do ano ele trabalha em uma obra no Jardim Ibirapuera. Ele já havia trabalhado em Campinas em 2022, mas retornou para a terra natal. Agora, voltou de vez para a cidade junto à família, contou com um sorriso no rosto diante da oportunidade de emprego no setor aquecido.

O pedreiro Vagner Domingues Ferreira também está satisfeito. “Não paro, sempre tem trabalho”, corroborou. “O que garante o crescimento do país é a construção civil”, completou. Ele atua desde 2000 na área em Campinas e nos últimos anos não tem tido problema com emprego. “Para quem trabalha sério, não falta serviço para pedreiro”, disse Vagner Ferreira.

A geração de emprego é reflexo de um setor com a atividade em alta. Uma incorporadora imobiliária atualmente investe R$ 100 milhões na compra de um terreno e na implantação da infraestrutura em uma área de 220 mil metros quadrados localizada na região de um shopping center, às margens da Rodovia D. Pedro I. A expectativa é que o empreendimento movimentará R$ 1,8 bilhão nos próximos 15 anos, sendo R$ 1,2 bilhão nas vendas de 1.080 apartamentos residenciais e outros R$ 600 milhões com a gestão de edifícios comerciais. O plano da companhia é lançar duas torres por ano ao longo de uma década, com a entrega de todos os edifícios até 2040. 

“Campinas vive um momento único de atratividade. Muitas pessoas ficaram com vontade de sair da loucura urbana de São Paulo e migrar para o interior, mas querem manter a qualidade de serviços, escola e infraestrutura. Aqui é o lugar ideal”, afirmou o CEO da incorporadora, Franco Pasquali. “Nossa ideia é que uma pessoa possa começar e terminar a vida dela no bairro. Serão diversos tipos de empreendimentos, desde estúdios, para quem está morando no seu primeiro imóvel, até produtos voltados para aquela família com dois ou três filhos que quer um apartamento maior. Mesmo mudando de renda e perfil, o local terá opções disponíveis”, explicou o executivo.

EM ALTA 

Para a economista Maria Cecília Amaral, o mercado de trabalho tem se mantido aquecido, apesar de um cenário de incertezas econômicas e alta dos juros. “A gente observa um crescimento dos trabalhadores formais, com carteira assinada, e isso acaba dando uma estabilidade maior para essa população ocupada. Com isso, o mercado de trabalho tem uma âncora maior e pode não responder tão rapidamente a estímulos como a alta na taxa de juros”, avaliou. 

A especialista acrescentou que o resultado positivo na criação de empregos está resultando em alta nos salários. “O bruto das contratações, que antes era primordialmente informal, no pós-pandemia tem sido o setor formal de trabalho.

Na minha visão, é uma mudança estrutural, a formalização veio para ficar, e a população mais qualificada colabora com isso.” Na RMC, 15 dos 20 municípios tiveram crescimento na geração de novos postos de trabalho em março. O melhor desempenho foi de Holambra, com 990 novas vagas, à frente de Paulínia (879), Hortolândia (257), Sumaré (151) e Vinhedo (129).

As cidades com queda na oferta de empregos foram Americana (-75), Santa Bárbara d'Oeste (-30), Valinhos (-23), Artur Nogueira (-22) e Santo Antonio de Posse (-8). No acumulado do primeiro trimestre deste ano, a Região Metropolitana de Campinas registrou a criação de 19.024 empregos, média de quase nove vagas por hora. O resultado representou uma redução de 1,31% em comparação aos 20.330 de igual período de 2024.

Entre janeiro e março, todos os setores tiveram aumento no número de empregos formais. Serviços lideraram, com o saldo positivo de 7.624 postos criados com carteira assinada, com a indústria ficando em segundo lugar, tendo gerado 5.438 vagas. A construção civil vem em seguida, 4.495 contratações, depois a agropecuária (221) e o comércio (308). Com isso, a RMC fechou o primeiro trimestre com o estoque de 1,12 milhão de empregos formais.

Em março, a Grande Campinas representou 8,29% das 34.864 novas vagas criadas no Estado de Paulo, que apresentou desempenho positivo em quatro dos cinco grandes grupamentos de atividades econômicas avaliados. O destaque foi o setor de serviços, que terminou o mês com saldo de 20,3 mil vagas. Na sequência aparecem indústria (6,4 mil), construção (5,9 mil) e agropecuária (5,5 mil). Apenas o comércio registrou saldo negativo, menos 3,3 mil vagas.

São Paulo também se destacou no saldo acumulado no primeiro trimestre de 2025. Somados os desempenhos de janeiro, fevereiro e março, o Estado contabilizou saldo de 209.656 novos postos formais, seguido pelo Rio Grande do Sul (66.490), Santa Catarina (63.591) e Paraná (60.757). Apenas três Estados tiveram saldo negativo no período: Alagoas (-12.787), Sergipe (-1.218) e Paraíba (-1.053).

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