A Construção Civil, ao contrário dos demais segmentos, segue contratando e ajudando a equilibrar a balança do desemprego na região. Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgados ontem, reforçam a retomada da construção civil na Região Metropolitana de Campinas (RMC), iniciada em janeiro. O primeiro semestre terminou com 2.289 contratações formais. Outro importante setor, o da indústria, por exemplo, fechou o primeiro semestre com 2,7 mil postos a menos. O pior resultado em 11 anos. A Construção Civil abriu 837 postos nas 20 cidades da RMC no mês passado. Junho foi o sexto mês consecutivo com mais contratações do que demissões no setor. Dez dos 20 municípios fecharam com saldo positivo. Indaiatuba (303), Campinas (302) e Paulínia (242) foram as cidades onde tiveram os maiores números de contratações formais. Por outro lado, Cosmópolis (63), Santa Bárbara D’Oeste (53) e Americana (51) tiveram os maiores números de vagas eliminadas. No acumulado de janeiro a junho, a Construção Civil da RMC reverteu o quadro registrado no mesmo período de 2018. No ano passado, nos seis primeiros meses foram registradas 11.232 admissões contra 12.442 desligamentos. Um saldo negativo de 1.210 vagas. Neste ano, no mesmo período, o saldo é de 14.608 admissões e 12.319 demissões. Dos 20 municípios da RMC, 14 têm saldo positivo. Indaiatuba lidera as contratações, com 1.133 trabalhadores, seguida por Campinas, com 1.012, e Itatiba, com 100. Ainda continuam com saldo negativo: Artur Nogueira (3), Engenheiro Coelho (1), Hortolândia (51), Jaguariúna (21) e Paulínia (279). Para o presidente da Associação Regional da Construção de Campinas e Região (Habicamp), Francisco de Oliveira Lima Filho, mesmo diante de um quadro político e econômico cheios de incertezas, a construção vem mostrando um desempenho positivo e sustentável neste ano. “Os números de contratações refletem o otimismo dos empresários do setor, mesmo cautelosos no primeiro semestre”, explica. Segundo ele, há um grande número de lançamentos imobiliários desde janeiro, principalmente em Campinas e Indaiatuba. "Isso tudo leva a novas contratações para a retomada das obras, com tendência de melhorar ainda mais no segundo semestre. A reforma previdenciária, a injeção de recursos do FGTS na economia, aprovação de outras medidas econômicas e redução de burocracia que devem ser anunciadas nos próximos meses estão trazendo de volta um quadro ainda mais positivo e isso vai se refletir em novos investimentos e contratações por parte das construtoras de trabalhadores e profissionais prestadores de serviços”, diz o presidente da associação. Indústria Conforme o Correio publicou na última quarta-feira, a indústria da região de Campinas registrou, em 2019, o pior nível de emprego para um primeiro semestre nos últimos 11 anos. De acordo com dados divulgados no dia anterior pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Campinas, 2,7 mil postos de trabalho deixaram de existir nos primeiros seis meses deste ano. De 2009 para cá, não foram computados saldos negativos somente em quatro oportunidades. Em 2018, 2011 e 2010 houve a criação de 1.150, 7.700 e 7.050 novas vagas, respectivamente. Já em 2017, o saldo foi de zero. O resultado é também aproximadamente 335% inferior ao mesmo período de 2018, quando o setor contabilizou 1.150 contratações. A sondagem industrial realizada pela entidade apontou ainda que fevereiro foi o único mês de 2019 a registrar saldo positivo no nível de emprego. Foram criadas, entretanto, apenas 50 novas vagas. Janeiro, março, abril, maio e junho assinalaram 450, 200, 50, 750 e 1,3 mil desligamentos, respectivamente. O diretor do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, esclareceu que uma grande expectativa de recuperação econômica foi criada com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para presidente da República. Contudo, pondera ele, as mudanças aguardadas ainda não foram promovidas. "Não ocorrem do dia para a noite", comentou. A esperança para que o setor, de fato, volte a engrenar, de acordo com o diretor do Ciesp-Campinas, é que a reforma da Previdência seja aprovada no Senado. "Nós provavelmente teremos uma retomada de investimentos e geração de novos empregos já para este 2º semestre", prevê. Corrêa projeta que diversas obras ligadas ao setor da saúde serão retomadas em breve. Neste cenário, indústrias do segmento médico-hospitalar e da construção civil, com grande representatividade na região, devem puxar a criação de novas vagas.