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Consórcio tentará alongar a dívida

O consórcio Aeroportos Brasil Viracopos (ABV) ? que administra o aeroporto internacional de Campinas ? vai pedir o alongamento por mais 10 anos

Tote Nunes
02/07/2019 às 10:47.
Atualizado em 30/03/2022 às 20:03

O consórcio Aeroportos Brasil Viracopos (ABV) — que administra o aeroporto internacional de Campinas — vai pedir o alongamento por mais 10 anos da dívida de R$ 2,6 bilhões que a empresa tem como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O consórcio quer estender a dívida que venceria em 2032 para o ano de 2042. O pedido será feito na 2ª assembléia de credores, que pretende avaliar o plano de recuperação judicial proposto pelo consórcio e que foi marcada para o dia 1º de agosto.  A ampliação no prazo para pagamento da dívida com o banco de fomento é considerado essencial para o restabelecimento do equilíbrio financeiro do consórcio, cuja dívida total chega a R$ 2,88 bilhões. Só com valores das outorgas de 2017 e 2018, a ABV reconhece dívida de perto de R$ 400 milhões. Há um ano, o plano de recuperação foi protocolado na 8ª Vara Cível de Campinas e é considerado a única forma de livrar a empresa da falência. Além do alongamento da dívida, o consórcio também vai pedir também que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) reconheça alguns dos pleitos apresentados no plano de recuperação judicial e que até agora não teriam sido apreciados pelo órgão. Esses pleitos totalizam perto de R$ 6 bilhões. A concessionária acusa a Anac, por exemplo, de não ter cumprido a obrigação de desapropriar os imóveis inseridos no sitio aeroporturário — e que haviam sido declarados como sendo de utilidade pública — e colocá-los à disposição da concessionária. Questiona também o que chama de “descompasso” entre a demanda projetada de transporte de passageiros e carga e a demanda efetiva. Segundo o consórcio, a diferença se deu “em níveis absolutamente exorbitantes e imprevisíveis”. O consórcio também afirma ter havido alteração unilateral de tarifas, um dia antes da transferência da operação da Infraero para a empresa. Para o consórcio, o atendimento dessas demandas poderia restabelecer o equilíbrio financeiro da concessão. O setor de comunicação do aeroporto diz que a empresa aposta num acordo com os credores na assembleia do dia 1º de agosto, mas se houver algum tipo de risco de o plano de recuperação não ser aceito, haverá novo pedido de adiamento. Na quinta-feira passada, a assembleia não aconteceu por falta de quórum e acabou transferida para agosto. Procurada, a Anac não respondeu aos questionamentos do Correio Popular até o fechamento desta edição. Interessados Apesar da crise financeira do consórcio, o aeroporto de Viracopos dá sinais de que ainda pode atrair investidores. Em novembro passado, o consórcio formado pela Zurich Airport e a empresa brasileira IG4 Capital fez uma proposta para assumir o controle. A proposta permanece em estudo. Outras empresas, no entanto, estão sendo citadas pelo mercado, como possíveis interessadas — a última delas, o fundo árabe Mubadala, de Abu Dahbi. Além delas, haveria interesse da francesa ADP (Aérports Paris), a CCR, a Inframérica e a espanhola Aena. BNDES O BNDES informou, por meio de nota, que o saldo devedor do consórcio na data-base do pedido da recuperação judicial (07 de maio de 2018) é da ordem de R$ 2,167 bilhões. Diz ainda que a proposta de pagamento atualmente vigente da concessionária aos credores está refletida no Plano de Recuperação Judicial apresentado ao juízo da recuperação em 27 de julho do ano passado. "Por fim, informamos que o BNDES vem atuando junto aos assessores da concessionária no sentido de negociar uma solução que atenda não apenas aos interesses do BNDES mas que, ao mesmo tempo, busque viabilizar a manutenção das atividades do aeroporto", finaliza a nota.

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