Para o oftalmologista Leônico Queiroz Neto, a propagação da conjuntivite alérgica está relacionada à maior concentração da poluição típica do ar seco
Conjuntivite alérgica: drama para milhares de brasileiros (iStock/Banco de imagens)
Muito comum na população, a conjuntivite alérgica atinge milhares de brasileiros todos os anos. Você provavelmente já teve, ou ouviu falar de alguém que sofreu com a doença que causa inflamação no olho. Entretanto, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), durante as estações de Outono e Inverno, o problema se torna ainda maior, porque triplicam algumas alergias respiratórias, como rinite, sinusite, bronquite e asma. Para o oftalmologista Leônico Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier de Campinas, a propagação da conjuntivite alérgica neste período do ano está relacionada à maior concentração da poluição típica do ar seco, além do fato de seis em cada 10 alérgicos terem a manifestação nos olhos durante as crises de alergia. De acordo com números da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), 41,8 milhões de brasileiros, ou seja, 20% da população sofrem com algum tipo de alergia. Queiroz Neto explicou que a conjuntivite alérgica se manifesta na maioria em três tipos diferentes de pessoas: crianças que estão com o sistema imunológico em desenvolvimento e por isso são mais suscetíveis às doenças alérgicas; mulheres, devido à maior prevalência de olho seco entre elas e ao contato da mucosa ocular com maquiagem e cosméticos; usuários de lente de contato, por causa da reação a algum componente da solução higienizadora. A doença, que não é transmissível, se caracteriza por geralmente afetar ambos os olhos, sendo provocada por substâncias que causam alergia, como pólen, pelos de animais ou poeira da casa. Ela, contudo, não deve ser confundida com os outros dois tipos de conjuntivite (viral e bacteriana). Segundo o médico do Penido Burnier, estas duas últimos acontecem mais no Verão. “O problema é que a baixa umidade do ar nos meses mais frios reduz as defesas do organismo e resseca todas as mucosas, inclusive a lágrima, que tem a função de proteger a superfície ocular”, disse. Ao detectarem que estão com conjuntivite, muitas pessoas sentem dificuldades em saber qual é o tipo específico. Outras nem mesmo sabem que existem diferentes categorias. Nesta hora, é preciso prestar atenção nos sintomas. Olhos vermelhos, lacrimejamento, coceira, sensação de corpo estranho, queimação, pálpebras inchadas, fotofobia e visão borrada são sintomas comuns em todos os tipos de conjuntivite. A principal diferença está na secreção produzida pelos olhos. Na alérgica, a secreção é aquosa, já na viral é transparente. Por fim, na bacteriana, é amarelada e contém pus. O empreendedor Antônio Padiall é uma entre as tantas pessoas que já sofreu com a doença. Ele relembra que na época foi algo que o incomodou muito. “Peguei justamente aquela que dá para transmitir. As pessoas ficam te olhando de maneira estranha, né? Porque sentem medo de aquilo passar.” Queiroz Neto conta que uma boa dica é aplicar compressas de gaze embebida em água filtrada fria ao primeiro sinal de conjuntivite alérgica ou viral. “Para a bacteriana, as compressas devem ser mornas”, alertou o especialista, que afirmou que embora não se trate de uma doença grave, deixar de fazer o tratamento correto pode acarretar em complicações como úlceras, cicatrizes na córnea e doença degenerativa. Prevenção Para a conjuntivite alérgica, as principais dicas de prevenção são: manter o corpo hidratado; consumir alimentos ricos em ômega 3; evitar o contato de cosméticos e maquiagem com a mucosa ocular; substituir a vassoura por aspirador de pó e panos úmidos; evitar cortinas e tapetes confeccionados em materiais que acumulam muito pó. Altamente contagiosa, a conjuntivite viral pode ser prevenida com atitudes simples como: lavar as mãos várias vezes ao dia; higienizar as mãos com álcool gel sempre que compartilhar tecnologias; não compartilhar maquiagem, fronhas ou toalhas. SAIBA MAIS Dicas de hábitos para o Outono: Manter os lábios protegidos e hidratados. Cuidar de suas mãos. Hidratar-se três minutos após o banho. Não se esquecer do filtro solar. Consumir água não pode ser deixado de lado.