páscoa

Confraternização em clima diferente

A Páscoa vai ser um pouco diferente dos anos anteriores para as famílias da nossa região e do Brasil como um todo, por conta do isolamento social

Francisco Lima Neto
10/04/2020 às 09:42.
Atualizado em 29/03/2022 às 18:16

O feriado de Páscoa vai ser um pouco diferente dos anos anteriores para as famílias da nossa região e do Brasil como um todo, por conta do isolamento social imposto pela epidemia mundial no novo coronavírus. Os deslocamentos foram reduzidos e as festas canceladas, para evitar aglomeração e os riscos para os entes queridos, em especial, os mais velhos. O coordenador de Projetos Digitais, Eder Gonçalves, de 33 anos, por exemplo, morador de São Paulo, viveu anos em Hortolândia, onde ainda tem os pais, irmão, cunhada e sobrinha. Ele diz que em épocas normais já teria se programado para passar o feriado prolongado com a família. O pai tem 65 anos e a mãe prestes a completar 60. "Meus pais já são idosos, ou seja, estão dentro do grupo de risco. Não gostaria de expô-los ao risco de contágio, já que eu não sei se contrai o vírus e sou assintomático. É preciso ter muita cautela, principalmente com essa variável de não sentir os sintomas característicos como tosse e falta de ar. Posso estar contaminado e não saber. Não quero arriscar colocar a saúde dos meus pais em risco. Somado a isso, para chegar até Hortolândia eu teria contato com muitas outras pessoas pelo caminho, o que não é recomendado pelos órgãos de saúde nessa fase da pandemia", explica. Ele nunca tinha passado a Páscoa longe da família. "Será uma novidade, pois todos os anos os encontros acontecem para o almoço. Vamos ter de nos adaptar, usar vídeochamada, compartilhar fotos, desejar votos de esperança. É o que o momento permite", resigna-se. Aliás, o coordenador não foi para a casa dos pais na primeira fase do distanciamento social indicado pelo governo de São Paulo porque acreditou que seriam apenas aqueles 15 dias. "Mas os prazos se estenderem, hoje estou na quarta semana de home-office saindo de casa só para ir ao supermercado e colocar lixo na rua. Até cogitei, nesta semana, ir para a casa dos meus pais, pois a saudade apertou. Mas logo pensei na possibilidade de ser um agente de transmissão (e desisti)", argumenta. Ele reforça que a situação atual é inédita na história recente e, por isso, não há espaço para arriscar. "Devemos acreditar no que a ciência é capaz de provar ou prever. Existe o entendimento sobre uma série de medidas preventivas por parte de centros de pesquisa e órgãos de saúde no Brasil e no exterior. Lavar as mãos, manter distanciamento social estar bem informado são medidas simples de serem executadas. Evidentemente que ficar dentro de casa dispara o gatilho de uma série de questões relacionadas a fatores emocionais, o que dificulta um pouco atravessar essa fase. Mas é o que podemos fazer para acelerar o fim da pandemia, não outro caminho comprovadamente viável neste momento" conclui. A especialista em Desenvolvimento Social, Daiane Martins, de 36 anos, sempre comemora a Páscoa com sua família ou com a do marido, o técnico em Informática, Jonathan Soares, de 37 anos. Mas neste ano será diferente. "Com a quarentena, vou passar em casa com o Jo e a Laura (filha de oito meses do casal). Ainda não sei o que vou fazer, mas esse almoço da Páscoa vai ser só entre nós mesmo", afirma. Apesar de morarem próximos, há semanas ela não tem contato com os pais. "Eu tenho muita preocupação com eles. Meu pai tem 72 anos e minha mãe 69. Ela tem a saúde um pouco frágil e a gente tem visto muito casos de pessoas assintomáticas, ou seja, eu posso ter esse vírus e não apresentar sintoma nenhum, mas posso passar para minha mãe e para ela esse vírus ser super perigoso", avalia. Desde 19 de março que ela não vai pessoalmente ao escritório onde trabalha. "Só saí duas vezes nesse período porque precisei ir ao mercado e à farmácia. O Jonatan quem sai e a gente tenta limitar a apenas uma vez por semana para hortifruti", revela. A aposentada Dirce Pereira Valonga, de 62 anos, acostumada com a casa cheia, está chateada com a situação. "Em épocas normais eu receberia pelo menos umas cinco das minhas irmãs, mais de 10 sobrinhos, além das minhas duas filhas. Faria bacalhau, frango, pernil, farofa, e mais um monte de coisa para receber todo mundo. Eu gosto de receber, eu amo", diz. Mas neste ano, para evitar aglomeração e o risco da doença, a festa vai se restringir às duas filhas, o genro, um neto de poucos meses e o marido. "Infelizmente, vai ser só o pessoal de casa, mas parece tão chato, esquisito. Não vejo a hora de tudo isso passar", relata. Quando tudo voltar à normalidade, ela já sabe como comemorar. "Vamos reunir todo mundo para o aniversário de 60 anos do meu marido. A festa ia ser numa chácara no último dia 4. Já estava tudo comprado e pronto, até mandamos fazer copos personalizados, mas tivemos de suspender tudo. Mas assim que acabar tudo isso a gente comemora", afirma.

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