Construídos no início da década de 1920, imóveis estão localizados na Rua Alferes Raimundo
Casa da Rua Alferes Raimundo faz parte do último conjunto de imóveis da Vila Industrial a ganhar o status de patrimônio cultural da cidade (Leandro Ferreira/AAN)
O Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc) tombou um conjunto de oito casas construídas no início da década de 1920 na Rua Alferes Raimundo, na Vila Industrial.
Elas são o último conjunto de imóveis da vila a ganhar o status de patrimônio cultural pelo conselho. Com elas, o Condepacc fecha uma relação de casas que representam várias fases da história da formação da Vila Industrial. O restante da vila será liberada para modificações ou demolições, informou a historiadora Daisy Ribeiro, da Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural (CSPC), o braço técnico do Condepacc.
Além das casas da Rua Alferes Raimundo, são parte da preservação da história local 15 casas da Rua Venda Grande e 18 da Rua Francisco Theodoro, além das vilas operárias Manoel Freire e Manoel Dias. Todas são do começo da década de 1920, mas com diferenças importantes.
As casinhas da Venda Grande e da Francisco Theodoro foram construídas pela Companhia Paulista de Estrada de Ferro, para funcionários ao longo de suas linhas e principais entroncamentos.
Elas são parte de um conjunto de 1.612 casas da Paulista, que mais construiu residências mesclando madeira e tijolo, solução apropriada para a época em que a empresa se desenvolveu.
Já as casas da Alferes Raimundo e as vilas Manoel Freire e Manoel Dias foram construídas por empresários da época, para alugar aos funcionários das ferrovias, mas seguiram basicamente o mesmo estilo das casas da Paulista.
Segundo a arquiteta Laci Alvite, que elaborou o processo de tombamento das casas, uma das características comuns a estas residências da Vila Industrial, e que era o modo de construir da época, era o telhado único para um conjunto de casas pois, sendo geminadas de ambos os lados, se cada uma tivesse seu próprio telhado, a água da chuva de um cairia abruptamente sobre o telhado da outra estragando-o.
Em função disso, e também por ser uma rua em declive acentuado, os telhados eram construídos para cobrir três ou quatro casas conjugadas que, por força disto, tinham que ser da mesma altura e isto já determinava um padrão de altura comum a elas.
Foi realizado um levantamento do Centro Histórico, com mapas, protocolos, plantas e com isso foi possível cadastrar cerca de 6,7 mil registros de pedidos de reforma, ampliações, construções de imóveis entre 1892 e 1945. A partir desse inventário, o Condepacc passou a avaliar os imóveis para definir os que deveriam ser preservados.
São imóveis que testemunham um período em que o espaço geográfico campineiro foi transformado pela crescente urbanização consolidada pelo processo de industrialização. Desse mecanismo surgiu um novo padrão urbanístico. A partir de 1925, a área urbana começou a ser alargada, duplicando suas dimensões em alguns anos, com o retalhamento das chácaras periféricas e de antigas e improdutivas fazendas de café, devido, principalmente, à demanda por habitação.
Atualmente, a área é denominada de “Vila Industrial”, porém, chegou a ter outras duas citações anteriores como “Campo de Sant’Anna” e “Immigração”.
Durante os estudos, foram percebidas as modificações espaciais ocorridas, com loteamentos sem planejamentos, moradias peculiares, poucos proprietários com vários imóveis, entre outras mazelas.