Patrimônio discute reação à mudança da 15 de Novembro para Geraldo César Bassoli Cezare
Totem com o novo nome da praça histórica, troca que surpreendeu moradores na semana passada (César Rodrigues/AAN)
Entidades de preservação da história de Campinas reagiram à mudança repentina do nome da Praça 15 de Novembro, no Cambuí, para Geraldo César Bassoli Cezare.
O assunto estará na pauta da próxima reunião do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). A diretora do órgão, Daisy Serra Ribeiro, que é pessoalmente contra a nova denominação, afirmou que irá discutir com os outros membros do conselho que atitude tomar em relação à lei que alterou o nome.
A direção do Instituto Geográfico e Genealógico de Campinas também tenta marcar audiência com o prefeito Jonas Donizette (PSB). A ideia é fazer um pedido formal para que a praça volte a se chamar 15 de Novembro. Além disso, a Academia Campinense de Letras prepara documento para a Prefeitura requerendo que o antigo nome seja preservado.
A Praça 15 de Novembro, também conhecida como Largo de Santa Cruz, recebeu um totem de concreto na semana passada, informando que o local agora se chama Geraldo César Bassoli Cezare, em homenagem ao ex-vereador e chefe de Gabinete da cidade. Porém, a mudança provocou surpresa entre moradores do bairro. Apesar da mudança, outra placa, de 2008, continua no meio da praça, com a denominação antiga.
A lei que alterou o nome do local, de autoria do vereador Francisco Sellin (PMDB), foi aprovada pelo então prefeito Pedro Serafim (PDT) em dezembro de 2012. Segundo o parlamentar, o projeto foi feito a pedido do Executivo.
Daisy espera que o caso abra precedente para uma nova legislação que proíba a mudança de nome de logradouros considerados parte da história do município. “Não sou favorável a alteração de nomes de ruas e praças que são tradicionais. Vamos discutir isso entre os conselheiros do Condepacc para levar uma posição formal à Prefeitura. Não vamos deixar do jeito que está”. A diretora disse ainda que, em 12 anos à frente do Condepacc, não vivenciou uma polêmica em relação à renomeação de ruas ou praças tão grande como essa.
“Espero que todo o movimento para que o largo volte a se chamar 15 de Novembro dê certo”, completou.
Para o presidente da Academia Campinense de Letras, Agostinho Toffoli Tavolaro, muitas ações do Executivo campineiro já “aterraram” a história de Campinas. “Tivemos um teatro belíssimo que foi demolido (em referência ao antigo Teatro Carlos Gomes, no Centro) e nomes de ruas importantes mudados. Devemos lutar para que nossa cultura seja preservada”, disse Tavolaro. O presidente afirmou que está preparando documento à Prefeitura e à Câmara, pedindo que o local volte a se chamar 15 de Novembro.
O economista e morador da praça Júlio Fernandes Gama já recolheu 400 assinaturas de moradores do Cambuí entre domingo e ontem para o abaixo-assinado que pede a volta do nome antigo. “Todo mundo aderiu ao movimento. Esperamos chegar a duas mil assinaturas até o final da semana”, disse Gama.
A Secretaria de Relações Institucionais de Campinas informou, por meio de assessoria, que espera os pedidos formais de moradores do Cambuí e de instituições para analisar a volta do nome antigo da praça. Ainda segundo a pasta, o prefeito está aberto a diálogo sobre o assunto.