SHOPPING POPULAR

Condepacc quer perícia no galpão ferroviário em Campinas

Pedido vai atrasar ainda mais a construção do novo camelódromo

Edimarcio A. Monteiro
15/09/2022 às 09:48.
Atualizado em 15/09/2022 às 09:48
Enquanto a novela continua, camelôs não podem sair de áreas centrais (Gustavo Tilio)

Enquanto a novela continua, camelôs não podem sair de áreas centrais (Gustavo Tilio)

A novela que envolve a construção do shopping popular ganhou novo capítulo com o pedido de uma perícia no galpão de vagões do complexo ferroviário, que precisará ser incorporado ao novo camelódromo por ser tombado como patrimônio histórico. A solicitação feita pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) é mais um entrave na elaboração do novo projeto do centro de compras, que agora não tem previsão de quando será avaliado pelo órgão. A expectativa era que a análise ocorresse hoje na reunião do Condepacc, mas o assunto nem consta da pauta,

O vereador e vice-presidente do Sindicato dos Empreendedores Individuais de Ponto Fixo Público e Móvel de Campinas (Sindipeic), José Carlos dos Santos, o Carlinhos Camelô (PSB), disse que a entidade terá de contratar um engenheiro civil para fazer a perícia no galpão. Ele espera definir o profissional na próxima semana, mas não sabe quanto tempo o trabalho demorará.

"Nós queremos deixar tudo redondo, fazer todos os acertos necessários antes de encaminhar para votação. Ter um parecer desfavorável pode ser prejudicial para a gente", afirmou. 

A reportagem do Correio Popular apurou, no entanto, que o parecer da comissão do Condepacc que auxilia o Sindicato dos Camelôs na elaboração do novo projeto deverá ficar pronto na próxima semana, quando serão apontadas todas as adequações a serem feitas. 

O documento também terá de ser avaliado pela Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural, que reúne profisssionais da Secretaria de Cultura. Em junho, o Condepacc vetou o pedido do Sindipeic para demolição ou transferência do galpão, o que inviabilizou o projeto do shopping apresentado. A decisão levou o sindicato a elaborar nova proposta para incorporar o galpão ao projeto.

O vice-presidente do Sindipeic evita estimar o investimento a ser feito pelo camelôs no novo camelódromo. O investimento previsto inicialmente era de R$ 115 milhões, mas o novo valor terá que levar em conta o aumento de preços dos materiais de construção e as despesas para a construção da garagem subterrânea que precisará ser feita por causa da manutenção do galpão.

Para o vereador, a perícia agora pedida é mais um fator a atrasar o início das obras. "É difícil, é mais um capítulo que atrasa o começo do projeto. Infelizmente, é mais uma barreira que terá que ser superada. Nós estamos insatisfeitos com a falta de vontade do outro lado", disse. Carlinhos Camelô admite que a estrutura de aço apresenta pontos de deterioração, com a perícia devendo apontar os serviços que terão de ser feitos no local.

"O sindicato está travado por uma questão que envolve um parafuso. São muitas exigências por pequenas coisas", reclama Carlinhos. Ele ressalta que a entidade está disposta a atender a todas as exigências feitas. "Tenho o sonho de implantar esse shopping, que é importante para a categoria, para a revitalização do Centro. Estamos trabalhando para isso."

O representante da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Campinas (AEAC) no Condepacc, Roberto Baldin Simionato, explica que o laudo pericial do galpão é necessário para apontar como está a estrutura. "É uma questão de segurança", disse Simionato, que atua há 16 anos no Conselho.

Simionato considera perfeitamente viável incorporar o galpão ao projeto. "Temos que estimular, dar o apoio para que isso ocorra. Não se pode desprezá-lo, jogar no lixo. É um prédio que é importante para a história de Campinas", argumenta o representante da AEAC. 

O galpão de vagões foi construído pela Companhia Mogiana de Estrada de Ferro entre 1954 e 1955. O prédio histórico é uma cobertura metálica utilizada para a montagem de carros e vagões de aço carbono, que foi tombada pelo Condepacc em 2014. A coordenadora de Extensão Cultural, Fabíola Rodrigues, disse anteriormente que, apesar de suas linhas arquitetônicas simples, o prédio tem grande importância histórica por ter feito parte de processo de industrialização ferroviária. Foi construído com técnicas consideradas inovadoras na época. O galpão foi usado até 1971 pela Companhia Mogiana, sendo entregue depois para a Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa). Hoje, está desativado. 

"Não temos nada contra o shopping. Muito pelo contrário, ele trará um grande benefício para o Centro", justifica. Do ponto de vista de desenvolvimento urbanístico, ele considera que essa área está atrasada em relação a outras da cidade, como Cambuí e Vila Industrial. Para o representante da AEAC, o centro de compras e outros projetos a serem desenvolvidos pela Prefeitura no complexo ferroviário são importantes para a revitalização da região central.

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