Músico do Vaticano foi convidado para executar peças sacras no evento especial desta noite
Monsenhor Rafael Capelato, junto ao instrumento, abençoou o órgão na noite de sexta-feira, em um rito especial (Matheus Pereira)
Um concerto especial, às 20h deste sábado, marca a reinauguração do histórico órgão de tubos da Catedral Metropolitana de Campinas. O instrumento chegou a Campinas há 135 anos, no ano da inauguração do templo, mas estava desativado há três décadas. A caixaria interna estava tomada por cupins, e alguns tubos originais precisaram ser substituídos por peças novas, artesanais. Valeu o investimento. O som do imponente Cavaillé-Coll, francês, volta a tomar o templo. O órgão foi abençoado na noite de ontem, em um rito especial comandado pelo monsenhor Rafael Capelato. Nesta noite, diante do teclado e dos pedais, estará o espanhol Josep Solé Coll, que há dez anos é organista da Basílica de São Pedro, em Roma. No repertório, estarão peças sacras, algumas compostas especialmente para o equipamento. Solé Coll (que coincidentemente tem o sobrenome idêntico ao de Aristide Coll, fabricante do órgão) está entusiasmado de participar da festa. O instrumento de tubos da Catedral é raro. Por aqui, só existe um em funcionamento, no Pará. Mas na própria Europa, o Cavaillé-Coll é considerado uma preciosidade. “Roma tem um só. O resto da Itália tem outro. É de uma sonoridade belíssima” , afirma Solé. O organista foi convidado para o evento de reinauguração quando passou por Campinas, no começo do ano passado, e participou de um seminário de música sacra. Na época, a paróquia já planejava o restauro. No Vaticano, Solé Coll integra um seleto grupo de organistas oficiais. São apenas três. Ele, particularmente, é o responsável pela execução das peças de celebrações especiais que envolvem, por exemplo, o cabido de cônegos e o coral infantil da Capela Sistina. Por aqui, além de Campinas, o músico também de apresenta no Santuário de Santo Antônio, em Americana, que inaugura seu órgão às 19h de amanhã (domingo). O restauro O Cavaillé-Coll da Catedral tem quase dez metros de altura; pedais e teclados originais; tubos fabricados em estanho e chumbo; e uma impressionante caixa de carvalho adornado. Um verdadeiro tesouro. A higienização e a reforma custaram cerca R$ 300 mil, que a Igreja arrecada junto aos próprios fiéis católicos, por meio de dízimo, coleta e ofertas espontâneas. Metade das despesas já foram quitadas. De acordo com o monsenhor Capelato, precisou ser trocado todo o madeiramento interno, que estava tomado por cupins. E algumas peças novas foram adaptadas em substituição em tubos que não podiam mais ser reaproveitados. Agora, diz, a cidade ganhou uma nova atração cultural. “Além de ser executado em todas as missas dominicais, das 9h30, o órgão terá uma agenda especial de visitação, aberta a grupos de até 60 pessoas”, explica. Neste mês de agosto, há três visitas já agendadas. Nas celebrações, a partir de agora, as peças serão executadas por dois organistas da própria Catedral; Ana Carolina Sacco e Pedro Quental.