Decisão inclui estação no Jd. Guanabara, vila operária e estádio
O conjunto já era patrimônio de Campinas, tombado pelo Condepaccr (Leandro Ferreira/AAN)
O conjunto de imóveis do complexo ferroviário da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, no Jardim Guanabara, incluindo a Estação Guanabara, as 20 casas da Vila Operária e o Estádio da Mogiana, em Campinas, se tornaram ontem patrimônio do Estado de São Paulo. O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat) aprovou a preservação do conjunto em reunião realizada há duas semanas. Deliberação foi publicada nesta sexta-feira (2) no Diário Oficial do Estado. Esse conjunto é, desde 2004, patrimônio de Campinas, tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). Ele é remanescente do auge da ferrovia - o pátio chegou a ter 13 linhas e movimentação intensa na estação. O prédio que hoje está lá, não é o original, inaugurado em 1893, mas o resultado de três reformas ocorridas ao longo dos anos. O prédio atual, em estilo neo-renascentista simplificado, é da terceira reforma, nos anos 1920, quando a estação e a gare foram ampliados e passou a abrigar escritórios da administração da empresa. A Guanabara foi desativada em 1974, quando suas funções de estação foram transferidas para o bairro Boa Vista, da antiga Companhia Paulista de Estrada de Ferro. A estação e o conjunto arquitetônico recuperado abrigam o Centro Cultural de Inclusão e Integração Social (CIS-Guanabara), vinculado e mantido pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É o mais significativo remanescente da Companhia Mogiana, empresa criada em 1875 por grandes nomes da cafeicutura. Em seu primeiro ano de existência, a Mogiana atingiu 106 quilômetros de extensão, ligando Campinas a Amparo. Estendendo-se pelo sertão paulista, foi conquistando e povoando grandes regiões, construindo entre 1880 e 1890 a maior extensão de linhas férreas de São Paulo. Em 1911 atingia 1,4 mil quilômetro, percorrendo um total de 30 municípios no Estado e 5 outros em Minas Gerais, com 144 estações. Com o declínio da cafeicultura, a partir da década de 50, começou a registrar déficits. Em 1971 passou a ser administrada pela Fepasa. Já o Estádio da Mogiana, de propriedade do Estado, abriga o Centro Recreativo e Esportivo de Campinas Dr. Horácio Antônio da Costa, mais conhecido por Estádio Cerecamp. Inaugurado em 1940, já foi considerado símbolo da modernidade, mas está em ruínas e, por causa dos riscos à segurança, interditado e sem perspectivas de quando será reformado. Impedido de receber público, já que as arquibancadas não podem ser usadas, as atividades do Cerecamp, segundo a diretora Leonice Fávero, estão restritas as partidas amistosas para recreação nos finais de semana. Quando foi inaugurado, era o principal estádio de futebol do interior, só perdendo no Brasil, em termos de qualidade e arquitetura para o recém-inaugurado Pacaembu, em São Paulo, e também para São Januário, no Rio de Janeiro. O estádio ficou esquecido na década de 50, quando o Esporte Clube Mogiana encerrou as atividades. Depois o campo passou por reformas e chegou a sediar partidas do Campinas Futebol Clube, antigo time dos ex-atacantes Careca e Edmar. O Campinas FC mandou seus jogos no estádio até 2009, sendo que em 2010, com problemas financeiros, a equipe acabou se transferindo para o município de Barueri.