CRISE

Comitê PCJ prepara plano contra seca

Grupo técnico vai estudar medidas para tentar evitar o desabastecimento no Outono e Inverno

Maria Teresa Costa
teresa@rac.com.br
28/03/2014 às 05:00.
Atualizado em 27/04/2022 às 00:44

Um grupo de assessoramento criado nesta quinta-feira (28) pelos Comitês das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) vai montar um plano de contingência para que a região possa ter condições de enfrentar o período de estiagem, que começa dia 1º de abril, diante dos reservatórios do Sistema Cantareira esvaziados. O racionamento de água nos municípios das bacias poderá ser uma das medidas indicadas para o enfrentamento da pior crise hídrica da história do sistema.   “Se for preciso racionar, o grupo não terá autoridade para impor a decisão aos municípios, mas irá fazer um trabalho de sensibilização junto os serviços de abastecimento”, informou o secretário-executivo dos Comitês, Luiz Roberto Moretti. A estiagem chegará com quatro cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) em racionamento desde fevereiro, quando a falta de chuva agravou a situação dos mananciais que abastecem os municípios de Vinhedo, Valinhos, Cosmópolis e Santo Antonio de Posse.   Antecipado   Embora tradicionalmente a estiagem chegue com o Outono, no Sistema Cantareira ela chegou no Verão, reduzindo diariamente o volume de água armazenado — nesta quinta-feira, as represas operaram com apenas 13,68% da capacidade, índice abaixo dos 13,85% na quarta-feira. “Não há nada que indique que teremos um Outono chuvoso e a população e a indústria terão que se preparar para enfrentar os próximos seis meses com baixa oferta de água”, disse Moretti. As medidas irão preparar os usuários, como o setor industrial, para enfrentar a estiagem que vem pela frente. Os 20 maiores consumidores industriais das bacias utilizam 6 metros cúbicos de água por segundo — como comparação, Campinas retira 3,4m3/s do Rio Atibaia para abastecer 95% da cidade.   Racionalização   O grupo vai discutir e definir medidas que municípios, agricultores e indústrias deverão adotar para a racionalização do uso da água para o período de estiagem. Esse grupo anticrise vai monitorar a situação dos mananciais da região e propor ações entre os diversos usuários para a cooperação mútua em situações de emergência. “Estamos saindo de um Verão seco e entrando em um Outono e Inverno em que a estiagem é parte histórica do período. A racionalização do uso da água será essencial para evitar o racionamento”, afirmou.   Ainda não foi marcada a primeira reunião porque será necessário que os usuários de água da porção mineira das bacias indiquem um representante no grupo. A intenção era que esse comitê fosse pequeno e ágil para poder trabalhar tecnicamente na orientação dos usuários, mas, na reunião de ontem, acabaram sendo incluídas muitas representações.   Representantes   O grupo terá 18 participantes, representantes das secretarias dos Comitês PCJ, das câmaras técnicas dos comitês, da Agência de Bacias, de instituições representativas dos setores usuários e das agências reguladoras. “Teremos um conjunto de ações para o planejamento e o enfrentamento de forma coordenada, coletiva e integrada dos problemas aos usuários de recursos hídricos das bacias”, disse.   Medidas para o enfrentamento da estiagem já foram sugeridas, em fevereiro, pelo grupo de Eventos Extremos do Consórcio PCJ, uma entidade de usuários de água, que elencou 25 ações necessárias para que as cidades possam passar pelo período de seca com alguma tranquilidade. Uma delas foi o cadastramento de caminhões-pipas pelas prefeituras e empresas para poder transportar água tratada aos locais com risco de desabastecimento e o acesso e cadastramento pelas administrações municipais de todos os poços de água profundos disponíveis nas cidades para poderem ser usados em situações de emergência. Também é parte das propostas a elaboração de um modelo de decreto municipal com medidas para o controle do desperdício de água pela população.   Queda abrupta    O Rio Atibaia voltou nesta quinta-feira a ter queda abrupta de vazão no ponto de captação de água pela Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) de Campinas, o que levou o diretor técnico da empresa, Marco Antônio dos Santos, a formalizar nos Comitês PCJ pedido para que seja recomendada à CPFL Renováveis a interrupção da operação da hidrelétrica Salto Grande, que funciona próxima da captação. As quedas de vazão levam à concentração de poluentes, exigindo mais produtos químicos no tratamento da água antes de ser distribuída à população e acende o alerta de dificuldades na captação, se a situação continuar. Ontem, na madrugada, o rio estava com vazão de 11,87m3/s. O nível caiu para 8,45m3/s às 9h e chegou a 7,92m3/s ao meio-dia. A Sanasa capta 3,4m3/s no Atibaia.   Recomendação   O promotor do Grupo de Atuação Especial de Meio Ambiente (Gaema) de Campinas, Rodrigo Sanches Garcia, lembrou que em janeiro já havia sido recomendado que as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) interrompessem a operação enquanto durasse a crise hídrica.   “É preciso exigir que as usinas informem à Sala de Situação das Bacias PCJ as suspensões e retomadas para que os técnicos tenham conhecimento e não sejam surpreendidos com as quedas abruptas de vazões no rio”, afirmou.A CPFL Renováveis informou que suas três PCHs localizadas na região de Campinas — Jaguari, com capacidade instalada de geração de 11,8MW; Americana, com 30MW, e Salto Grande, com 4,6MW — não possuem reservatórios. Por isso, nos horários em que a vazão de água é insuficiente, a geração de energia elétrica é reduzida ou até mesmo interrompida, fato já previsto para determinadas épocas do ano.   A concessionária informou que as empresas geradoras de energia da região vêm recebendo orientações da Câmara Técnica do Comitê PCJ para que seja garantida a operação adequada e segura das usinas sem interferir nas captações existentes para abastecimento público.

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