Prefeitura de Campinas quer saber quais são as demandas e sugestões dos pequenos
Prefeitura de Campinas quer ouvir demandas e sugestões das crianças para a gestão da cidade (Rodrigo Zanotto)
Campinas vai ouvir o que os pequenos pensam sobre ações e políticas públicas, com o intuito de incentivar o protagonismo infantil e viabilizar o desenvolvimento de projetos a partir das ideias sugeridas por esse público. As inscrições para fazer parte do Comitê das Crianças estão abertas até o dia 20 de julho. A iniciativa está ligada ao programa Primeira Infância Campineira (PIC), criado a partir do decreto assinado por Dário Saadi no final de junho, em solenidade com a presença do coordenador do PIC, Thiago Ferrari.
Serão 24 titulares e o mesmo número de suplentes no Comitê, formado por doze meninos e doze meninas por meio de sorteio, que deve acontecer em agosto. A faixa etária para participar é a partir dos quatro anos de idade e, no máximo, onze anos e onze meses. Cada região do município terá pelo menos quatro representantes, dois meninos e duas meninas. As reuniões serão mensais, entre abril e novembro, e acontecerão sempre na manhã do primeiro sábado de cada mês. A primeira e última reunião acontecerão com a presença do prefeito de Campinas. O Comitê será renovado anualmente.
"É um compromisso que a gente está firmando para uma cidade amiga da criança. Essa ideia da Cidade das Crianças nasceu com o pedagogo italiano Francesco Tonucci. Ele tem uma visão muito clara da importância de tratarmos as crianças como cidadãs atuais, não do futuro. As crianças nunca tiveram voz. Tomamos decisões hoje que impactam a vida ou vão impactar o futuro delas", justificou Thiago Ferrari.
O prefeito Dário Saadi (Republicanos) vai dar posse às crianças sorteadas no Comitê e, no final do ano, receberá as propostas que forem desenvolvidas. "O nosso PIC apresentou esse projeto, que é uma coisa muito interessante. Criamos uma estrutura para que as crianças possam dar opiniões sobre a cidade. As ações da cidade, muitas vezes, são pensadas por adultos e para adultos. Por mais que a gente ache que as crianças não conhecem a cidade, isso não é verdade. Elas dão opiniões importantes. A gente quer ouvir as crianças e ver o que podemos incorporar dentro das nossas ações", ponderou Ferrari.
O coordenador do PIC avaliou que será preciso depurar algumas das sugestões, mas que a percepção é de que as crianças contribuirão bastante. "A gente fala que o Brasil é o país do futuro, mas ele apenas será realmente o país do futuro quando começar a tratar as crianças do presente. Elas têm os seus direitos e um deles é ter voz, é serem tratadas como cidadãs."
Ferrari acrescentou que a aceitação e mobilização dos educadores, agentes sociais e da sociedade como um todo tem sido boa. Ele citou, como exemplo, alguns temas que as crianças poderão contribuir com a Administração. "Que tipo de parquinhos elas querem? O que elas sentem quando vão a um Centro de Saúde? Sentem falta de algo dentro da escola? Precisamos saber o que elas pensam, no que podem contribuir. Tem mais uma coisa, que eu acho fundamental. Quando ouvimos a criança, saímos do vício que temos há muito tempo em relação às políticas estruturais. A visão delas não é da economicidade, do que pode ou não ser feito, e isso nos dará parâmetro para mudar muito as políticas públicas da cidade para as crianças."