Lojas de outros setores passaram a vender alimentos para permanecerem abertas
No Centro, loja de miudezas com a porta semiaberta expõe bolachas e salgadinhos junto com mercadorias não essenciais: “jeitinho” para consegir ludibriar a fiscalização (Diogo Zacarias/ Correio Popular)
Comerciantes de Campinas têm lançado mão do famoso "jeitinho brasileiro" para burlar a fiscalização da Prefeitura em relação às medidas restritivas impostas pela Administração para tentar conter o avanço da pandemia de covid-19 na cidade. No Centro, lojas que não pertencem aos setores considerados essenciais seguem funcionando. Ontem, várias mantinham as portas semiabertas, algumas atendendo os clientes na calçada; outras em suas dependências.
Nem a presença da Guarda Municipal inibiu a prática, que acontece a poucos metros da base da corporação na região central. Estabelecimentos que tradicionalmente oferecem produtos que os impediriam de estar abertos, estão utilizando uma artimanha para descumprir as normas. Os comerciantes colocam alguns itens alimentícios à frente das prateleiras, para disfarçar as mercadorias que realmente vendem no dia a dia, como miudezas importadas.
Um dos comerciantes que atua na região central no setor de artigos de presentes, e que preferiu não se identificar, disse ontem para a reportagem que adotou a venda por entrega, mas como vive do movimento de rua, passou a oferecer na porta do comércio gêneros alimentícios, como biscoitos, bolachas e doces, além de itens de primeira necessidade de higiene e saúde.
Ele alegou que o estratagema é a forma que encontrou para reduzir os prejuízos causados pelas restrições sanitárias. Questionado sobre os riscos, ele disse que se preocupa com o momento de pandemia e que toma todas as precauções sanitárias exigidas, como uso de máscara, álcool em gel e que atende o público na calçada.
A Guarda Municipal informou que vem mantendo atuação rígida para que o comércio obedeça as medidas de restrição. Mas reconheceu que é difícil controlar. "Estamos aplicando multas e lacrando estabelecimentos que desrespeitam as normas. Mas muitos informam que também vendem outros produtos que os credenciam a funcionar. É muito difícil. Orientamos, mas é preciso que todos tenham consciência da gravidade do momento e respeitem", disse a comandante da GM de Campinas, Maria de Lourdes Soares.
Segundo ela, a corporação vai apertar o cerco contra os estabelecimentos que estiverem tentando manter as portas abertas sem que prestem um serviço essencial. "Já detectamos esse problema. Mas as ações têm sido intensas em todas as regiões da cidade", completou.
De acordo com a GM, no último balanço de ações da corporação, divulgado ontem, 93 estabelecimentos comerciais foram fiscalizados na cidade. Destes, 11 foram fechados e três lacrados.
Durante a noite, 351 pessoas foram abordadas por estarem na rua após as 20h, quando está em vigor o toque de recolher. Em bloqueios policiais de orientação, 340 veículos foram parados. Ontem pela manhã, foram realizadas barreiras sanitárias em pontos distintos da cidade como nas entradas do município. A GM explica que faz a abordagem de carros com placas de outras cidades.