ECONOMIA

Comércio fecha ano com R$ 5 bi a menos

Estimativa da Acic totaliza R$ 32,020 bilhões em vendas em 2020 ante os R$ 36,933 bi de 2019

Daniel de Camargo
30/12/2020 às 08:57.
Atualizado em 22/03/2022 às 14:15
Economista Laerte Martins destaca que PIB tende a assinalar queda de 3,5% neste ano, caindo de R$ 198,2 bilhões para R$ 191,5 bilhões  (Wagner Souza/AAN)

Economista Laerte Martins destaca que PIB tende a assinalar queda de 3,5% neste ano, caindo de R$ 198,2 bilhões para R$ 191,5 bilhões (Wagner Souza/AAN)

Com quedas registradas em cinco das seis melhores datas para vendas por causa da pandemia da Covid-19, o comércio da Região Metropolitana de Campinas (RMC) deve encerrar 2020 com faturamento perdido de cerca de R$ 5 bilhões na comparação com o resultado de 2019. Segundo o último levantamento da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), estima-se que as vendas irão totalizar R$ 32,020 bilhões neste ano, ante os R$ 36,933 bilhões contabilizados no ano passado – retração de 13,30%.

A previsão é de que as vendas realizadas no período de Natal, principal data no ano para o comércio, tenham atingido R$ 6,161 bilhões. O resultado é 6,42% ou R$ 423 milhões inferior aos R$ 6,584 bilhões faturados em 2019. Somente no período da Páscoa, terceira data mais importante, houve alta nas vendas. Neste ano, o montante chegou à R$ 545,6 milhões, ante R$ 531,2 milhões do ano passado – aumento de 2,71% (R$ 14,4 milhões). No Dia das Mães, Dia das Crianças, Dia dos Namorados e Dia dos Pais, respectivamente, 2ª,4ª 5ª e 6ª melhores datas, também foram registradas perdas.

Só em Campinas as perdas somam R$ 2,018 bilhões – o valor representa 41,08% do total regional. A projeção indica que os estabelecimentos da maior cidade e sede da RMC fecharão o ano com receita de R$ 13,559 bilhões. Em 2019, o faturamento foi de R$ 15,577 bilhões. Diretor e economista da Acic, Laerte Martins destacou que as perdas deste ano, fazem de 2020 o pior ano para a economia da RMC desde 2000, quando teve início a série histórica de análises da entidade. Presidente da Acic e futura secretária de Desenvolvimento Econômico, Social e Turismo de Campinas, Adriana Flosi enfatiza que “nem mesmo as grandes potências mundiais estavam preparadas para um desafio dessa magnitude”.

Nesse contexto, Martins pontua que o Produto Interno Bruto (PIB) da RMC tende a assinalar queda de 3,5% neste ano, caindo de R$ 198,2 bilhões para R$ 191,5 bilhões – R$ 6,7 bilhões a menos. Considerando a hipótese de que os estabelecimentos podem ser obrigados a fechar as portas novamente em 2021, se houver disparada no número de casos do novo coronavírus, afirma que a sistemática da vacinação será decisiva para possibilitar ou não a recuperação das perdas. Se a vacinação for rapidamente implementada, acredita que a economia regional pode expandir 2,5% no próximo ano.

Adriana frisa que a retomada será viável para os empresários que tiverem uma visão empreendedora para encontrar novas oportunidades de negócio, saindo da zona de conforto em que se encontravam antes da Covid-a19. “Mas será preciso muito planejamento, criatividade, estratégia e visão focada nas soluções digitais e na redução de custos. A pandemia acelerou a construção de um novo mundo híbrido no qual as empresas precisam aprender a conviver com as novas demandas do consumidor”, contextualizou.

Encontrar novas formas de vender, além da loja física, foi apontado por ela como o principal desafio deste ano. “Fazer a transformação digital da empresa para geri-la mais eficientemente, de modo a conter os custos, integrar o físico ao e-commerce, incluindo o estoque; levar o produto à casa do cliente e, para isso, superar a barreira da logística de entrega; atrair novos consumidores por meio de estratégias de marketing digital; adequar os modelos de negócios ao teletrabalho e, principalmente, manter o fluxo de caixa para preservar os empregos e honrar os pagamentos”, completou.

Esclareceu ainda que a folha de pagamento dos funcionários é a despesa mais pesada para a empresa. E que muitos pequenos empresários não aguentaram os impactos negativos da pandemia, apesar das alterações nas leis trabalhistas e aportes financeiros com taxas de juros mais reduzidas, oferecidas pelo Banco do Povo, por exemplo.

Com base em dados da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), a Acic informou que, entre janeiro e novembro, 8.952 empresas foram encerradas na RMC, sendo 3.556 só em Campinas. No fim de novembro, a entidade divulgou que 290 lojas instaladas no centro expandido da cidade, haviam fechado as portas definitivamente. A quantidade constatada na RMC, ainda assim é 24,81% inferior a somatória do mesmo período de 2019, quando 11.907 deixaram de existir na RMC. Martins explicou, em oportunidade anterior, que, muitas empresas ainda tinham ‘gordura’ para se manter, mesmo com a estagnação do mercado.

“A Acic se reestruturou para oferecer respostas e soluções rapidamente para os empresários, não apenas os associados. Abriu ao público em geral os seus conteúdos de qualificação e o seu programa de networking para impulsionar a geração de negócios, promoveu dezenas de cursos on-line e lives com especialistas em finanças, legislação trabalhista, marketing digital, vendas on-line, entre outros, que abrangeram cerca de 4 mil pessoas”, destacou Adriana, acerca da atuação da Acic. A presidente enfatizou ainda que a entidade atuou junto à Prefeitura de Campinas pleiteando sempre as melhores condições possíveis de funcionamento, prorrogação do vencimento e impostos e também ações eficazes no que diz respeito a questão sanitária, entre elas, protocolos e fiscalizações para cumprimento das regras.

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