TODOS EM ALERTA

Comércio e indústria manifestam preocupação com epidemia de dengue

Setores produtivos da cidade estão apreensivos com a escalada de casos no município; representantes lamentam a falta da vacina

Paulo Medina/ [email protected]
15/02/2024 às 09:08.
Atualizado em 15/02/2024 às 09:08
Juan Carlos Ormachea, empresário do ramo industrial em Campinas, externou a sua preocupação com o afastamento de funcionários dos seus fornecedores, todos com dengue; de acordo com ele, sua empresa metalúrgica tem tido dificuldades para operar no ritmo adequado devido ao atraso na entrega da matéria-prima necessária (Rodrigo Zanotto)

Juan Carlos Ormachea, empresário do ramo industrial em Campinas, externou a sua preocupação com o afastamento de funcionários dos seus fornecedores, todos com dengue; de acordo com ele, sua empresa metalúrgica tem tido dificuldades para operar no ritmo adequado devido ao atraso na entrega da matéria-prima necessária (Rodrigo Zanotto)

A epidemia de dengue instalada em Campinas já traz preocupações ao setor produtivo, que com o avanço da doença, corre o risco de afastar cada vez mais funcionários, afetando a economia local. Membros dos setores comercial e industrial criticaram o fato de Campinas não ter sido contemplada com a vacina pelo Ministério da Saúde. Fora dos critérios para receber o imunizante via Sistema Único de Saúde (SUS), a cidade amarga 2.857 casos confirmados da doença, de acordo com a Prefeitura de Campinas. Ainda há 1.023 pacientes com suspeita de dengue. O município enfrenta, de modo simultâneo, a circulação dos sorotipos 1, 2 e 3 da doença.

O presidente do Sindicato Patronal do Comércio Lojista de Campinas e Região (Sindilojas Campinas e Região), Carlos Augusto Gobbo, defendeu a priorização da vida dos funcionários e pontuou que os prejuízos previstos aos lojistas devem girar em torno do maior pagamento de horas extras a colaboradores que preencherem os horários de quem foi afastado.

“A orientação nossa e dos associados é que funcionários com febre e dor de cabeça procurem uma unidade de emergência para ter o diagnóstico e começar o tratamento, mesmo desfalcando (a equipe da loja). A preocupação é com a vida e a saúde. O impacto será mais em relação ao pagamento de hora extra”, disse. Gobbo afirmou não ter números sobre funcionários fora do trabalho por conta da dengue.

No que tange à ausência de vacina em Campinas, Gobbo classificou a situação como um “problema muito sério”. “Municípios afetados com recorde de casos de dengue deveriam ser priorizados, mas soube que não há data para entregar a vacina para Campinas. Isso é uma falta de planejamento e até de bom senso. Deveria (o Ministério da Saúde) ver onde estão acontecendo mais casos. Campinas tem um histórico de epidemia. Há problemas políticos, vidas podem ser afetadas por causa disso”, declarou.

Empresário do ramo industrial em Campinas, Juan Carlos Ormachea, de 40 anos, lamentou a falta da disponibilização da vacina da dengue para a população. Ele externou a sua preocupação com o afastamento de cerca de 12 funcionários dos seus fornecedores, todos com dengue. Com isso, os fornecedores não têm conseguido entregar a matéria-prima para a sua metalúrgica operar no ritmo adequado.

“A vacina é importante. É uma obrigação do poder público garantir que ela chegue a todos. Nossa empresa tem feito ações para não deixar água parada e distribui repelentes aos funcionários, mas temos visto a insatisfação deles nessa ação lenta em relação à vacina. É uma preocupação do setor produtivo a falta da vacina. A gente pode ter um prejuízo grande e fazemos aquilo que está ao nosso alcance. Ninguém está satisfeito em não poder se proteger devidamente”, reclamou. “São 12 funcionários dos meus fornecedores afastados em Campinas e região e isso impacta o processo produtivo, causa atrasos na cadeia produtiva.”

O presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo Regional Campinas (Ciesp-Campinas), José Henrique Toledo Corrêa, também destacou, por meio de assessoria de imprensa, possíveis complicações com colaboradores afastados das funções. Corrêa disse que até o momento não há um pedido das empresas para a tomada de medidas mais drásticas em relação à epidemia, mas não afasta essa possibilidade. O afastamento de funcionários pode superar o período de uma semana, dependendo da gravidade do caso. Corrêa também defendeu a vacina como meio de prevenção para a população.

Presidente da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), Adriana Flosi, afirmou que a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti é uma ameaça à saúde pública e um assunto econômico que precisa de atenção imediata. “Em Campinas, a cidade tem enfrentado um aumento no número de casos. A Acic é uma das entidades parceiras da Prefeitura de Campinas, que está atuante em ações de combate à proliferação do mosquito. A união entre poder público e iniciativa privada é essencial para enfrentar e vencer essa batalha contra a dengue. A Acic reafirma seu compromisso com a saúde e segurança da cidade”, opinou Adriana Flosi, também secretária de Desenvolvimento Econômico da cidade.

A reportagem também consultou um shopping center de Campinas. Thaís Sperancini Gomez, gerente de Marketing e porta-voz do shopping, pontuou que apesar de ações preventivas e orientativas serem realizadas para colaboradores, futuras ocorrências de afastamento geram preocupação. “O shopping está atuando e orientando os lojistas e colaboradores para evitar que isso ocorra. Nós sempre damos todas as orientações possíveis para nossos lojistas e colaboradores e estamos sempre muito preocupados com a dengue. Nós sabemos da importância desse cuidado coletivo, tanto do setor público, das empresas e população como um todo. Todos nós temos que reforçar (os cuidados) com os colaboradores.”

PROCURA EM HOSPITAIS

A rede privada de saúde de Campinas sente os efeitos da epidemia. Hospitais particulares registraram aumento no atendimento a pacientes com suspeitas e casos confirmados da doença. O Hospital Beneficência Portuguesa apontou alta de 403,7% na quantidade de pacientes atendidos com dengue de janeiro de 2023 para o mesmo mês deste ano. No mesmo período, o Madre Theodora constatou alta de 50% nas demandas de exames, e, no Hospital PUC-Campinas, a elevação de exames nos convênios superou os 153%. No Hospital Vera Cruz, a procura pelo exame saltou 247%.

No final de janeiro, o Correio Popular noticiou a confirmação do Ministério da Saúde de que Campinas não terá a vacina Qdenga em 2024. Isso porque a estratégia para o ano foi “totalmente definida”. As 521 cidades anunciadas serão as únicas que receberão a vacina neste ano. Ou seja, mesmo com o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), solicitando que a cidade seja contemplada, o município não receberá doses da vacina em 2024.

A escolha das cidades que terão a vacina foi baseada em três critérios: municípios de grande porte (mais de 100 mil habitantes), alta transmissão de dengue nos anos de 2023 e 2024 e maior predominância do sorotipo 2 (DENV-2).

SINTOMAS INICIAIS 

Febre junto com dois ou mais sintomas, sendo os mais frequentes:

✔ Dor de cabeça

✔ Dor no corpo (muscular)

✔ Dor nos olhos

✔ Vômito

✔ Dor nas articulações e manchas na pele Em caso de sintomas, procurar um dos 67 centros de saúde de Campinas

SINAIS DE ALARME

A população deve retornar imediatamente ao Centro de Saúde ou Pronto Socorro se, durante o tratamento, apresentar um desses sintomas:

✔ Tontura

✔ Dor na barriga muito forte

✔ Vômitos repetidos

✔ Suor frio

✔ Sangramentos espontâneos

✔ Sensação de desmaio

✔ Palidez

✔ Diminuição da urina

✔ Dificuldade de respirar

✔ Manchas roxas na pele

✔ Agitação ou sonolência

Mais informações no hotsite sobre dengue criado pela Prefeitura de Campinas: dengue.campinas.sp.gov.br

NÃO DEIXE O MOSQUITO NASCER!

É preciso ter atenção com os seguintes pontos de cuidado na casa e no trabalho:

✔ Caixa d'água e reservatório de água

✔ Calha

✔ Coisas e objetos fora de uso: sofás, armários, eletrodomésticos etc.

✔ Flores, plantas e mudas cultivadas na água e em vasos

✔ Flores e plantas: bromélias em vasos e jardins na área urbana

✔ Laje e terraço

✔ Lona e plástico para cobrir equipamentos

✔ Material de construção e reforma: equipamentos, entulhos e materiais

✔ Piscina

✔ Pneus descartados ou reutilizados

✔ Ralo de chão

✔ Ralo de pia, lavatório e tanque

✔ Recicláveis

✔ Vaso Sanitário com pouco ou sem uso

Todos os detalhes sobre como cuidar de cada um desses pontos podem ser conferidos no portal da Prefeitura: portal.campinas.sp.gov.br/sites/arboviroses/previna-se

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por