Comércio de terrenos e casas será investigado

O promotor Edílson Vitorelli, do 5º Ofício do Ministério Público Federal, afirmou que o órgão vai instaurar inquérito para investigar a comercialização de casas e terrenos no Cidade Singer, que estão na área que pertence ao Aeroporto de Viracopos.

Vitorelli, que desde 2010 acompanha os processos de reintegração de posse e desapropriação no entorno do terminal aeroportuário, afirmou que a venda dos imóveis configura estelionato e acredita que algumas pessoas usam de “má fé” para se beneficiarda situação. “Ninguém pode vender algo que não é seu”.

De acordo com o promotor, a concessionária disse em reunião no início do mês que iria fazer uma ação para retomar os terrenos. “Ficou acordado que eles não iriam desajolar nenhuma família, somente construções e terrenos vazios seriam retomados. Não queremos uma desocupação forçada, em que não é oferecida nenhuma alternativa à população”, disse Vitorelli.

A área do Cidade Singer às margens da Santos Dumont, que pertence ao Aeroporto de Viracopos, é extremamente vulnerável aos ruídos das aeronaves, segundo o promotor. O barulho pode causar diversos problemas à saúde. Pelo projeto atual de expansão do aeroporto, cerca de 7 mil famílias estão nessas áreas de ruído aeronáutico — algumas poderão permanecer desde que os imóveis tenham proteção acústica, mas boa parte precisará ser remanejada para áreas adequadas na própria região. Muitos bairros em situação regular também estão na curva, como o Jardim Fernanda, Campo Belo, Marisa e Palmeiras.

Prefeitura diz que região já foi desapropriada

Apesar de a Prefeitura de Campinas ter comunicado no início do mês que iria trabalhar em conjunto com a concessionária Aeroportos Brasil Viracopos para conseguir uma solução para as famílias que moram no entorno do terminal, a Administração informou ontem, pela assessoria de imprensa, que a região do bairro Cidade Singer onde foi feita a reintegração dos terrenos não está incluída no planejamento.

A Prefeitura informou que a área foi desapropriada há mais de 30 anos e que pertence ao aeroporto, por isso não pode interferir em qualquer ação no local. No dia 7 de fevereiro, quando foi celebrado o acordo de cooperação entre concessionária e Prefeitura, o prefeito Jonas Donizette (PSB) garantiu a moradores da região que nenhuma família será retirada da área à revelia e que se houver necessidade de remoção, a solução será acordada.