Comércio de Campinas espera faturar de 4% a 5% a mais com o Natal

As duas principais entidades de classe patronais do comércio de Campinas divulgaram as expectativas para o comércio neste fim de ano. De acordo com os cálculos da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic) e do Sindicato do Comércio Varejista de Campinas e Região (SindiVarejista), o volume das vendas no período que antecede o Natal deve aumentar em torno de 4% a 5% em comparação com o mesmo período do ano passado. As instituições estimam que o pagamento do 13º salário injete R$ 6,635 bilhões na economia da Região Metropolitana de Campinas (RMC), aumentando o poder de compra do trabalhador e as vagas de emprego temporárias.

Apesar dos vários fatores desfavorecendo o consumidor, como a queda do poder aquisitivo e a elevação da taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) em 13,75% ao ano, as duas instituições vêem com otimismo este período para o comércio. De acordo com o economista Laerte Martins, da Acic, em um comparativo com 2021 a estimativa é a de que se movimente R$ 2,839 bilhões, 4,10% maior do que o montante de 2021, que foi de R$ 2,727 bilhões. Na RMC, a perspectiva de crescimento segue a mesma proporção da metrópole.

O SindiVarejista tem uma projeção ainda mais positiva. Para a presidente da instituição, Sanae Murayama Saito, a expectativa de aumento para este período é 5% em comparação com o ano passado. Sanae pressupõe que as lojas da região central e dos shoppings terão seus horários de funcionamento extendidos devido à proximidade com o final do ano e a injeção de dinheiro por meio do 13 ̊ salário. "Apesar de o valor do recurso não ser totalmente direcionado às compras de Natal, uma vez que a maior parte deve ser destinada à quitação de dívidas e às despesas de início de ano, como custos escolares, IPVA e IPTU, a projeção é que o montante seja 37,5% maior. Isso representa cerca de R$ 14 bilhões em consumo financiado pelo benefício, ante R$ 10,2 bilhões registrados no ano passado", destaca Sanae considerando os números de todo o Estado de São Paulo. Sanae acredita que o setor de vestuário e calçados seja o ramo de atividade com maior crescimento neste Natal. Para ela, o crescimento estimado é de 16% em comparação com dezembro do ano passado. "Concessionária de veículos e o setor de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamento têm aumento estimado de 12% e 11%, respectivamente".

Para dois comerciantes da rua 13 de Maio, a expectativa das vendas para esse ano é de superação. Segundo a gerente comercial de uma loja de calçados as vendas de Natal podem ter um crescimento de 15% em comparação com 2021. "Nosso setor já vem com crescimento mesmo com os jogos da Copa do Mundo. Estamos trabalhando para que a gente possa atingir esta projeção de 15% após o final dos jogos do Brasil na Copa". Alguns dos comerciantes do Centro de Campinas projetam um crescimento ainda maior que a média da Acic e do SindiVarejista. Dentre promoções e a injeção de dinheiro aos consumidores por conta do 13˚ salário, a volta de pessoas à região central, pode estimular as vendas neste período.

Gerente de uma rede de magazine na esquina da 13 de Maio com a Francisco Glicério, Luiz Junior projeta crescimento nas vendas. Sem falar especificamente em números, para o gerente, as atrações de Natal e a ampliação do horário de funcionamento do comércio da região central e dos eventos natalinos, como a Parada de Natal, podem auxiliar no crescimento das vendas. "Tudo que é feito pelo Natal gera uma expectativa para o pessoal vir para o Centro, um local muito mais bonito, a Parada de Natal passando aqui pela Glicério. Isso traz uma confiança para o público voltar a comprar no Centro de Campinas", opina Junior, que lembra que a última apresentação da Parada de natal será no dia 20 de dezembro.

Sobre a ampliação do horário do comércio, Raquel Hernandes critica o escalonamento da abertura e fechamento das lojas. Para ela, os horários confundiram os consumidores. Hoje, o funcionamento dos comércios vai até as 21h. A partir de segunda-feira até a antevéspera de Natal, dia 23 de dezembro, o comércio fecha às 22h.

Mais modestos, a projeção para supermercados e setores fármacos e perfumes devem ter um crescimento menor. Já o seguimento de móveis deve estar no negativo. "Diferentemente de 2021, quando apresentaram dados negativos, supermercados, farmácias e perfumarias devem registrar desempenho positivo em dezembro, de 6% e 8%, na devida ordem. Por outro lado, mais uma vez, o 12º mês do ano não deve ser bom para o segmento de móveis e decoração, com previsão de saldo negativo em 12% no período", diz nota do SindiVarejistas Campinas. 

Natal de 'lembrancinhas'

Nas ruas, o otimismo para as compras de Natal esbarra nos preços dos presentes. Para muitos, como a copeira Renata Lucatelli, é tempo de dar as famosas "lembrancinhas" ao invés de presentes mais caros. "Os preços estão bem salgados. Este Natal vai ser de lembranças, pois o dinheiro está curto", diz Renata que já pesquisava preços em lojas da rua 13 de Maio dez dias antes do Natal.

Assim como Renata, as irmãs Marjorie e Ingrid Juliano também buscam preços melhores para presentes de Natal. Embora sejam poucos presentes, para a irmã e avó, a busca pela economia também faz parte dos planos de Ingrid. "Este ano não tem muitos presentes não. No máximo para minha irmã e para a minha avó pois ela faz aniversário no Natal. E por conta do preço, estou pesquisando entre roupas ou algo que ela possa usar", relata Ingrid.

O Natal também é oportunidade de recolocação no mercado de trabalho. A Acic estima que as contratações temporárias para este período, em Campinas, subirá 7,56%. O número de contratações poderá crescer de 5.420 em 2021 para 5.830 em 2022. Raquel, gerente comercial da loja de calçados, diz que já contratou 55 novos profissionais, entre vendedores, estoquistas e operadores de caixa. Destes, Raquel considera que ao menos 10 - que se destacarem neste período de final de ano - serão contratados em janeiro de 2023.