FUTURO

Comec oferece o começo de uma nova vida para jovens

ONG mantém convênio com a Prefeitura e é responsável pela ressocialização de 240 adolescentes

Cecilia Cebalho
cecilia.cebalho@rac.com.br
13/04/2013 às 06:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 20:26

A organização não governamental (ONG), que tem convênio com a Prefeitura e é responsável hoje pela ressocialização de 240 adolescentes (Gustavo Tilio/Especial para AAN )

É difícil imaginar o adolescente A.F.S., de 15 anos, no mundo do crime. O menino franzino e sorridente, apesar da aparência frágil, já foi detido duas vezes por tráfico de drogas.

No primeiro flagrante ele levou apenas uma advertência, mas não conseguiu se livrar da pena na segunda vez em que foi pego vendendo entorpecentes.

Por isso, há três meses, A. frequenta o Centro de Orientação ao Adolescente de Campinas (Comec). “Agora estou sossegado. Coloquei na minha cabeça que não quero isso para mim, não. Nunca passei fome, fazia só para comprar roupa mesmo”, confessou o garoto, durante uma oficina de grafite no Centro.

Assim como o adolescente, a maioria dos menores do Comec deixa a entidade disposto a recomeçar uma nova vida.

A organização não governamental (ONG), que tem convênio com a Prefeitura e é responsável hoje pela ressocialização de 240 adolescentes, está a um mês de completar 33 anos com um bom motivo para comemorar: tem uma das taxas de reincidência mais baixas do Brasil.

O índice é de 11% para os garotos em liberdade assistida (LA) e de 8% entre os menores no programa de prestação de serviços à comunidade (PSC). No País, o percentual de meninos que volta a cometer infrações é de 43%, de acordo com pesquisa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), feita em 2012.

Os adolescentes em conflito com a lei, pelas diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), devem ser submetidos a medida socioeducativa.

Ela pode ser cumprida em regime de internação na Fundação Casa, atinga Febem, ou por meio de atividades pedagógicas, dependendo da gravidade da infração.

Desde 2010, com a municipalização das medidas cumpridas em meio aberto, a ONG firmou parceria com Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) da cidade, que custeia parte dos gastos do Comec. O restante das atividades são bancadas por meio de doações e venda de artigos produzidos no Centro.

“O Comec nasceu para fazer a liberdade assistida dos adolescentes, na década de 1980. Agora também fazemos o PSC e projetos de aprendizagem profissional e geração de renda, tanto para os meninos, quanto para as mães”, explicou a coordenadora técnica do centro, Marili Foltran.

Com uma equipe multidisciplinar, composta de assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, psicólogos, pedagogos, agentes comunitários e voluntários, a ONG administra duas casas, na Ponte Preta e no Bosque.

Nos locais são oferecidos cursos de culinária, oficinas de esporte, expressão artística, cursos de hardware, grafite, DJ, artes plásticas, entre outros.

A ONG tem ainda parcerias para realização da prestação de serviços à comunidade. “No PSC, eles aprendem para repassar algo à sociedade. Por isso, temos convênios com creches e entidades que cuidam de pessoas com deficiência. Os meninos vão a esses locais ensinar esportes, por exemplo”, disse Marili.

O programa de liberdade assistida dura de 6 meses a dois anos. Já a prestação de serviços dura até um semestre.

Desafios

Apesar de a entidade ter índices baixos de reincidência, a terapeuta ocupacional e coordenadora técnica do PSC, Juliana Vedovello, afirmou que o principal desafio é quebrar os preconceitos dos adolescentes que chegam ao Comec.

Carregados de referências inadequadas e sem um projeto de vida, os meninos demoram para abrir os seus horizontes. “Eles chegam com muitas rupturas, muitas violações de direitos e estrutura familiar abalada. Nos esforçamos para que eles descubram que o mundo é maior do que o bairro ou a comunidade em que vivem. O principal obstáculo é fazer com que eles pensem a longo prazo, tenham objetivos”, explicou Juliana.

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