COMBATE AO AEDES AEGYPTI

Com quase 40 mil casos, Campinas anuncia o 10º mutirão contra a dengue

Ação de sábado acontecerá em sete bairros, entre eles o Jd. São Fernando e a Vila Orozimbo Maia

Da Redação
05/04/2024 às 09:13.
Atualizado em 05/04/2024 às 09:18
Mutirão de amanhã passará pelos jardins Andorinha, Itatiaia, Carlos Lourenço, New York, Santa Eudóxia, São Fernando e Vila Orozimbo Maia; Secretaria de Saúde diz que 80% dos criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, estão nas residências, portanto a população precisa contribuir com os agentes que farão vistorias nos imóveis (Rodrigo Zanotto)

Mutirão de amanhã passará pelos jardins Andorinha, Itatiaia, Carlos Lourenço, New York, Santa Eudóxia, São Fernando e Vila Orozimbo Maia; Secretaria de Saúde diz que 80% dos criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, estão nas residências, portanto a população precisa contribuir com os agentes que farão vistorias nos imóveis (Rodrigo Zanotto)

Prestes a superar a segunda pior epidemia de dengue da série histórica, Campinas volta a realizar mais um mutirão de combate ao Aedes aegypti no próximo sábado. Serão mais sete bairros visitados na 10ª edição da ação que pretende orientar os moradores e eliminar os criadouros do mosquito transmissor da doença que já matou oito pessoas este ano. Na quinta-feira (4), pelo Painel de Monitoramento de Arboviroses da Prefeitura, o município já registrava 39.412 notificações, 2.993 a menos em relação à epidemia de 2014, que teve 42.405 casos. Em apenas um dia, a cidade confirmou mais 962 pessoas com dengue. Se a média diária se mantiver, a marca de 10 anos atrás será ultrapassada até o início da semana que vem. Desde 1998, quando teve início a série histórica, o ano de 2015 foi o que mais teve notificações, com 65.754 casos. 

O mutirão de combate ao vetor da dengue que acontece no próximo sábado, dia 6, em Campinas, será nos jardins Andorinha, Itatiaia, Carlos Lourenço, New York, Santa Eudóxia, São Fernando e Vila Orozimbo Maia. O ponto de encontro das equipes é o Centro de Educação Infantil (CEI) Maria Antonina Mendonça de Barros. Ele fica na avenida Ministro da Costa Manso, 50, Jardim Santa Eudóxia. A ação começa às 8h.

O mutirão, como os demais, reunirá voluntários e agentes da Saúde, incluindo os trabalhadores da empresa terceirizada Impacto Controle de Pragas. Eles atuam nas visitas aos imóveis para orientação e eliminação de criadouros e usam uniforme formado por camiseta branca, com logo da empresa, e calça na cor cinza. Em caso de dúvidas sobre a identificação, a população pode pedir informações pelo telefone 199, da Defesa Civil.

A Administração repete a estratégia de usar drones para localizar grandes criadouros do Aedes aegypti como piscinas e caixas d’água em imóveis identificados como desocupados ou em situação de abandono. Com isso, chaveiros podem ser acionados e esta medida está respaldada em decisão judicial de 2020, proferida nos autos do processo judicial n.º 1005810-97.2014.8.26.0114, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Campinas.

O mutirão é multisetorial e conta com apoio de profissionais das secretarias de Serviços Públicos, Habitação, Educação, Assistência Social e Trabalho e Renda, além da Guarda, Defesa Civil, Sanasa e Emdec. 

A doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e pela primeira vez a cidade tem três sorotipos da dengue em circulação: DEN-1, DEN-2 e DEN-3. A cidade está em epidemia, declarou situação de emergência em 7 de março, e a Saúde já divulgou alerta sobre a transmissão da doença em todas as regiões da cidade.

Desde dezembro de 2023 a Secretaria de Saúde já colocou em prática uma série de medidas consideradas adicionais, sobre o planejamento regular de prevenção e combate à dengue, que inclusive começaram a ser copiadas por outros municípios diante do contexto do aumento de casos da doença. O plano inclui Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e novo site para divulgar informações.

A Prefeitura realizou neste ano nove mutirões, incluindo um regional, onde visitou pelo menos 37,5 mil imóveis para orientar a população e retirar criadouros do mosquito. Contudo, em cada ação, quase metade dos espaços é achada inacessível pelos agentes por estarem fechados, desocupados ou em virtude de impedimento dos moradores.

Outra novidade é o uso de inteligência artificial para ampliar o monitoramento e assistência em saúde aos pacientes com dengue. Toda pessoa diagnosticada ou com suspeita da doença, , após atendimento no SUS Municipal, recebe via WhatsApp mensagem disparada pelo chatbot que auxilia a Pasta a acompanhar as condições do paciente. Caso necessário, é feita nova orientação sobre busca por atendimento.

A Prefeitura criou ainda o Grupo de Resposta Unificada (GRU), que envolve todas as áreas com objetivo de agilizar respostas e fiscalizações sobre as denúncias que tratam de criadouros. Também há um comitê de prevenção e controle de arboviroses desde 2015, que em 2023 passou a se chamar Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses e Zoonoses. Ele reúne 14 secretarias: Governo; Saúde; Educação; Serviços Públicos, Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade; Gestão e Desenvolvimento de Pessoas; Administração; Comunicação; Trabalho e Renda; Esportes e Lazer; Cultura e Turismo; Habitação; Relações Institucionais, e Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos. Também participam Defesa Civil, Serviço 156, Rede Mário Gatti, Setec e Sanasa. No comitê é discutida a situação epidemiológica da cidade e, com isso, são desencadeadas as ações intersetoriais e apoio para as ações da Secretaria de Saúde.

OITO MORTES REGISTRADAS

A Secretaria de Saúde de Campinas confirmou na tarde de terça-feira (2) mais quatro mortes por dengue ocorridas em 2024 no município, elevando o total de vítimas fatais para oito. Os novos casos são referentes a três mulheres e um homem, com idades entre 39 e 91 anos. Dois foram atendidos na rede pública e dois na rede privada de saúde.

CRIADOUROS DENTRO DE CASA

Estatísticas do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) mostram que 80% dos criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, estão nas residências. Portanto, o enfrentamento à epidemia exige esforço compartilhado entre Poder Público e população para eliminar qualquer espaço com água que possa ser usado pelo inseto para proliferação.

A melhor forma de prevenção contra a dengue é eliminar qualquer acúmulo de água que possa servir de criadouro, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas. É importante, ainda, vedar a caixa d’água e manter fechados vasos sanitários inutilizados.

ASSISTÊNCIA E ALERTA PARA IDOSOS

A pessoa que tiver febre deve procurar um dos centros de saúde imediatamente para diagnóstico clínico. A Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.

A médica do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) Elda Motta reforçou a importância da hidratação e da avaliação médica, principalmente para idosos, gestantes, crianças e pessoas que tenham comorbidades. “A dengue é uma doença que faz a pessoa desidratar mesmo quando não tem perdas aparentes, como vômito e diarreia, por isso a pessoa precisa se hidratar, beber soro de reidratação oral e água para evitar complicações e procurar por atendimento médico para orientações. É importante que o paciente passe por avaliação clínica, tenha a pressão arterial medida e siga as recomendações recebidas. Lembrar que o volume de líquido que deve beber é grande, por volta de 60 ml por quilo de peso, e que alguns sinais de desidratação não são valorizados como apatia, irritabilidade, perda de apetite e perda de vontade de ingerir líquidos”, explicou.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por