Nas rodovias que cortam a região de Campinas, novo reajuste entrou em vigor em 1˚ de julho; economia financeira é o principal ponto citado por quem busca trajetos alternativos
Embora nem sempre as rotas de fuga dos pedágios estejam em bom estado de conservação, elas representam uma opção para quem quer economizar o valor da tarifa, que foi reajustado no dia 1º de julho (Rodrigo Zanotto)
Após o reajuste nas tarifas de pedágio, que passaram a custar mais desde o dia 1º de julho, motoristas da Região Metropolitana de Campinas (RMC) recorrem a alternativas para evitar a cobrança. O aumento foi anunciado pela Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) e abrange todas as rodovias concessionadas, entre elas a AutoBan (AnhangueraBandeirantes) e a Rodovia Dom Pedro I, que cortam a região de Campinas. O reajuste aplicado foi baseado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerando a variação acumulada entre maio de 2024 e maio de 2025, que foi de 5,32%. Para a concessionária Tamoios, o reajuste será de 5,37%.
A reportagem percorreu duas rotas utilizadas para evitar os pedágios, a primeira em Indaiatuba. Um dos caminhos mais indicados pelos munícipes é pela Rodovia Engenheiro Paulo Tarso Souza Martins, que possui um trajeto asfaltado e boas condições até o limite com Campinas. Ao trocar de município, a via passa a se chamar Rua Cinco. O caminho é de terra e mais sinuoso. Durante o percurso, uma equipe de uma empresa terceirizada, que presta serviço para a Prefeitura de Campinas, estava jogando cascalho e pedriscos para melhorar as condições da via. Segundo os funcionários, a medida é para melhorar a dirigibilidade dos motoristas. O percurso de sete quilômetros leva em torno de 15 minutos para ser percorrido, até chegar à Avenida Embarque, já no Aeroporto Internacional de Viracopos.
O dono de um posto na Rodovia Eng. Paulo Tarso, André Amgarten, 52, explicou que a rota que evita o pedágio praticamente não é utilizada pelos moradores da cidade que têm isenção. “Para nós não compensa ir por esse caminho, pois o lado de Campinas é de estrada de terra e desgasta muito o carro”, ressaltou. Em sua percepção, a maioria dos veículos que utiliza a rota vem de Campinas, entre carros particulares e alguns outros identificados com logomarcas de empresas da região. A reportagem constatou esse movimento ao cruzar de uma cidade para a outra. Além de carros, também foi possível observar caminhões de pequeno porte trafegando pelo local.
O segundo ponto visitado fica entre as cidades de Valinhos e Vinhedo, próximo à Rodovia Anhanguera. O trajeto começa na Rua Duílio Beltramini, no município valinhense. Depois do limite entre as cidades, a via se chama Rua Antônio Bucci. Todo o trajeto de cerca de quatro quilômetros e meio é asfaltado e foi percorrido em dez minutos. Foi observado um grande fluxo de veículos, entre carros, caminhonetes e motos. Nos dois sentidos da via existe um trecho afunilado por duas barreiras de concreto, motivo pelo qual não foram identificados caminhões cruzando de uma cidade para a outra nesse trajeto.
“O trânsito no final da tarde é muito grande”, analisou Pedro Ricardo Mendes, 57 anos. Ele é proprietário de um posto na região da Capela em Vinhedo. Segundo o relato dele, o fluxo é intenso no local justamente pelos motoristas que desviam do pedágio por dentro do bairro. “Com certeza não é o trânsito normal da cidade”, observou. Pedro considerou que se a tarifa fosse cobrada em pontos diferentes, dentro do sistema Free Flow, e não em um pedágio, o fluxo dentro do bairro diminuiria. “Sobrecarrega demais para quem mora no bairro”. Com relação à nova tarifa, Mendes não sabia que o preço da praça de pedágio foi reajustado. “Quase nunca passamos por ele”, contou. O proprietário do posto disse que vai de três a quatro vezes por semana para Campinas e sempre faz o trajeto por dentro.
Rodolfo Pereira Dantas, 33, é auxiliar de produção e se desloca diariamente entre Vinhedo e Valinhos para trabalhar. “De segunda a sexta eu corto pelo Distrito Industrial. Com isso, economizo mais de R$ 300 por mês.” Para ele, um trabalhador ter esse tipo de custo no orçamento é impraticável. Ele considera que os moradores das duas cidades deveriam ser isentos da cobrança nessa praça.
A enfermeira Adriana de Oliveira, 49, mora e trabalha em Vinhedo, mas relatou que com frequência precisa ir a Valinhos ou Campinas. Quando precisa se deslocar, utiliza a rota por dentro dos bairros. Um dos motivos é que o marido, diariamente, passa pelo pedágio da rodovia Dom Pedro I SP-065, em Itatiba, onde o valor cobrado é de R$ 15,30. “Gastamos mais de R$ 500 por mês com esse pedágio, imagina se fôssemos passar por esse daqui? É muito dinheiro que gastamos.”
O pedágio mais caro da RMC é na Rodovia Engº. Ermênio de Oliveira Penteado, em Indaiatuba, que passa a ter o valor de R$ 19,40 (confira no quadro). Em seguida, aparece o pedágio na SP-340, Campinas-Mogi, com o valor de R$ 17,60. Na Dom Pedro I, na altura de Itatiba, está o terceiro pedágio mais caro da RMC, R$ 15,30. Na Via Anhanguera, na praça em Valinhos, a tarifa passa a ser R$ 13,60. Na Rodovia dos Bandeirantes, em Sumaré, o pedágio custa R$ 12,10 desde 1º de julho.
De acordo com a publicação no Diário Oficial do Estado, os valores foram definidos com base nas regras contratuais de reajuste ordinário, além da aplicação de medidas cautelares da Secretaria de Parcerias em Investimentos do Estado (SPI), voltadas à mitigação de desequilíbrios econômico-financeiros em sete trechos concedidos. Além da AutoBan, as demais concessionárias são a Rodoanel Oeste, Anchieta-Imigrantes (Ecovias dos Imigrantes), Ayrton Senna-Carvalho Pinto (Ecopistas) e Rodovia dos Tamoios.
Segundo a Artesp, o percentual aplicado segue critérios objetivos e técnicos, preservando o poder de compra dos cidadãos e proporcionando previsibilidade para o planejamento do setor. O reajuste tarifário, conforme entendimento jurídico da Procuradoria Geral do Estado, não configura obrigação legal ou contratual, sendo uma decisão administrativa baseada em juízo de conveniência e oportunidade.
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