UNIVERSO

"Com a cabeça na Lua - e Além"

Base Estelar Campinas; grupo que mais entende de ficção científica na cidade chega aos 25 anos

Tote Nunes
15/03/2020 às 11:58.
Atualizado em 29/03/2022 às 17:48

"Desde 1995 com a cabeça na Lua - e Além" . É assim - numa referência que pode até soar auto-depreciativa - que o pessoal do Base Estelar Campinas (BEC) mostra seu humor sutil e praticamente se define como grupo. Ao invés de avoados como sugerem parecer, na verdade, o BEC é o grupo que mais entende de ficção científica na cidade e que neste ano chega aos 25 anos de existência com o vigor dos jovens. O BEC é um grupo de pessoas que se dedica, fundamentalmente, à divulgação da ficção científica como forma de expressão artística, de entretenimento e de difusão do conhecimento e do progresso tecnológico. Fundado em 1995, é pioneiro na promoção de eventos e convenções sobre o mundo dos filmes que tratam do futuro da humanidade; o modo de vida além da nossa e de outras galáxias, e do universo dos quadrinhos, jogos e publicações sobre o tema. Um universo que estava previsto para se materializar ontem, na 26ª edição da Convenção de Ficção Científica de Campinas marcada para acontecer na Biblioteca Municipal Biblioteca Pública Municipal Ernesto Manoel Zink, no centro da cidade, mas que acabou adiada para o dia 13 de junho, por causa da ameaça do novo coronavírus, o Covid-19. A convenção é um espaço que os aficionados discutem a produção de filmes, roteiros, atores, num processo de imersão que começa no início da tarde e só termina no começo da noite. No material de divulgação do BEC, o grupo lembra que os eventos são compostos de uma programação variada de filmes, episódios de programas de TV, palestras de cunho cultural ou científico, peças teatrais e apresentações musicais tendo sempre em mente as premissas da ficção científica. Um dos pontos altos da próxima Convenção será a discussão dos Short Treks - que são filmes de curta metragem - que duram entre 10 e 20 minutos, mais ou menos - que usam configurações e personagens da série e no universo mais amplo de Star Trek. Mas não apenas isso. Formatados em pequenos episódios os Short Treks mostram, por exemplo, making-off de testes de atores, oficinas sobre formatação de roteiro ou de técnicas de filmagens. Um grupo de Jundiaí - fanático pelo Star Wars - também deverá fazer uma apresentação especial na convenção de ontem. No entanto, não é só de novidades sobre a tecnologia usadas nos filmes que a Convenção sobrevive. O grupo vai contar a história do Base Estelar e relembrar os primórdios da agremiação, que comemora este ano um quarto de século. Um dos fundadores do movimento, o funcionário público Walmir Morales Martins, conta que a idéia é resgatar a história do grupo e revelar aos mais novos, os perrengues dos pioneiros. "Quando a gente começou, era uma dificuldade enorme para conseguir filmes estrangeiros para assistir e comentar " , conta Martins. Ele diz que tudo tinha de se basear em contatos; os mais amplos possíveis. "Um amigo, que tinha um primo, que tinha um conhecido, que viajava para a Europa ou para os Estados Unidos. Aí a gente pedia pra eles trazerem" , exagera. "No início, a gente recebia caixas de fitas VHS pelo correio e saia atrás de alguém que tivesse um vídeo cassete em casa" , ri. Nas primeiras convenções, os filmes vindos de fora não tinham legenda. Na verdade, as cópias vinham de uma gravação que alguém fazia diretamente da TV. "Então, vinham até com as propagandas. Era muito engraçado" , revela Martins. "Os que tinham alguma fluência em inglês, aproveitavam os intervalos comerciais para fazer uma tradução rápida sobre o que tinha acontecido no episódio até ali, para aqueles que não sabiam nada de inglês", revela. Para acabar de vez com esse problema, o grupo decidiu, então, ele próprio, fazer as legendas em portugês. "mas era uma complicação, porque tivemos de arrumar um aparelho que possibilidade a colocação das legendas. Depois, tínhamos de digitar a fala do personagem no momento em que a cena estava aparecendo, para dar um mínimo de sincronicidade" , conta Walmir. "Os 45 minutos de um episódio, a gente levava dois dias para terminar" , acrescenta. "Era a época do fogão a lenha" , brinca. "Se na primeira convenção a gente andava com caixas e caixas de fitas VHS, hoje, tudo cabe num pen-drive" , compara. Walmir diz que não gosta muito de comparar os filmes de ficção de antigamente com os de hoje. "Não dá nem pra comparar o avanço que a gente assistiu na elaboração de efeitos especiais. Isso é incomparável, mas pra ser sincero, eu prefiro os roteiros de antigamente" , confessa. "Era muito mais saboroso" , relembra. Ele diz que nas convenções tem gente que gosta de fazer cosplay - a representação de um personagem caracterizado - mas isso não é regra. "Cada um vai do jeito que quer" , afirma. Grupo procura auditório ou teatro para abrigar eventos Como organização sem fins lucrativos, os recursos têm origem exclusivamente de patrocinadores e associados. Nesse sentido, a principal necessidade do grupo reside em obter um espaço físico (auditório ou teatro) munido de equipamentos de exibição audiovisuais (televisor ou projetor, sistema amplificador de áudio) para sediar os eventos promovidos pelo grupo. A organização dos eventos da Base Estelar Campinas fica a cargo de Walmir Morales Martins. Walmir - fones 19 3233.2060/3325-8958 (Res.); 19 99923-4598 (Cel.) Email: [email protected] Nosso Pagina no Facebook: https://www.facebook.com/BaseEstelarCampinas/ Email: [email protected]<mailto:[email protected] Grupo homenageia clássicos do cinema, TV e literatura As obras mais divulgadas pelo grupo estão espalhadas pelo cinema, literatura e televisão. No cinema, uma obra basilar para o grupo é o clássico "Viagem à Lua" , de George Meliés, em 1902. Depois deles, aparecem obras-primas como "2001 - Uma Odisséia no Espaço" e "Laranja Mecânica" , de Stanley Kubrick ; "Contatos Imediatos do 3º. Grau" (Steven Spielberg) ou "Alien - O 8º. Passageiro" e "Blade Runner - O Caçador de Andróides" ( Ridley Scott). No material de divulgação sobre o grupo, o BEC avalia que na Televisão, o grande expoente da ficção científica é a série "Jornada nas Estrelas" idealizada por Gene Rodenberry há quase seis décadas. A partir da série original (denominada Clássica) foram criadas mais quatro séries: "A Nova Geração" , "Deep Space Nine" (no Brasil, exibida com o nome de "A Nova Missão" ), "Voyager" e a mais recente delas, "Enterprise" . Também foram produzidos 10 filmes para o cinema entre 1979 e 2016. Além da franquia "Jornada nas Estrelas" , são exemplo de ficção científica de qualidade na TV as séries "Farscape" , "Arquivo X" , "Stargate SG-1" , "Battlestar: Galactica" e "Babylon 5" , só para citar algumas. Na Literatura, as obras de Júlio Verne, George Orwell, Isaac Asimov, Phillip K. Dick, Ray Bradbury e Arthur C. Clarke transformaram seus autores nos ícones mundialmente reconhecidos do gênero, cujo trabalho continua a inspirar uma miríade de produções televisivas e cinematográficas.

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