PANDEMIA

Coleta de recicláveis cai 80% com a covid em Campinas

Crise complica ainda mais a situação dos catadores que já não era confortável

Gilson Rei/ Correio Popular
15/04/2021 às 11:43.
Atualizado em 21/03/2022 às 22:27
Cooperados separam resíduos sólidos em cooperativa de reciclagem de Campinas, que teve uma redução de 80% no volume de material entregue pela Prefeitura de Campinas (Kamá Ribeiro/ Correio Popular)

Cooperados separam resíduos sólidos em cooperativa de reciclagem de Campinas, que teve uma redução de 80% no volume de material entregue pela Prefeitura de Campinas (Kamá Ribeiro/ Correio Popular)

As cooperativas de reciclagem de Campinas tiveram uma redução de até 80% na coleta de resíduos sólidos por causa da pandemia e da crise socioeconômica que o País enfrenta. Com pouco material para separar e vender, a renda mensal dos cooperados caiu drasticamente. Agora, as 15 cooperativas pedem à Prefeitura que promova uma ampla divulgação na sociedade, para que as pessoas voltem a separar o lixo. Dessa forma, esperam retomar a coleta seletiva ao patamar registrado em 2019, período anterior à pandemia.

Atualmente, mais de 250 famílias de baixa renda dependem da venda de materiais recicláveis que ajudam a reduzir os impactos nocivos ao meio ambiente, provocados por plásticos, metais, papéis, vidros e outros produtos.

José Carlos de Souza, cooperado da Remodela, no Jardim Stella, disse que as cooperativas passam por dificuldades. Segundo ele, o volume de entrega de material caiu drasticamente. Com pouco material para reciclar e vender, a renda mensal deles sofreu forte redução. Em 22 anos de atividade, Souza disse que nunca passou por situação tão crítica.

"Antes da pandemia eram trinta toneladas de materiais por mês e atualmente não chega a cinco toneladas mensais", disse. "Estamos sobrevivendo com o pouco que vamos buscar em algumas empresas e condomínios. O material que a Prefeitura entregava três vezes por semana, reduziu para uma vez por semana e, mesmo assim, em quantidade muito baixa", revelou Souza.

Os 14 cooperados da Remodela reduziram a renda drasticamente. A renda mensal chegava a R$ 1,5 mil e atualmente está em torno de R$ 400 por mês, comentou o cooperado. "A cooperativa fica fechada na maior parte da semana porque não tem material para separar".

Outro fator que causou queda na coleta de resíduos recicláveis foi a diminuição das atividades e até o fechamento de estabelecimentos comerciais de diversos segmentos, desde alimentação, vestuário, hotéis, eventos e setor cultural, dentre outros. "O menor consumo resulta em menor volume de resíduos recicláveis", comparou Souza.

Rosilda Pulça, cooperada coordenadora da Reciclar, no Jardim Baronesa, informou também que a situação está crítica e que a queda na coleta seletiva está aproximadamente em 70%. "O volume de coleta caiu bastante. Reduziu pelo menos 40% na retirada porta em porta e chega aos 70% no geral, pois a crise econômica provocou menor consumo no mercado e queda na produção industrial. Alguns condomínios residenciais pararam de coletar reciclagem e outros mudaram de lugar para a entrega", comentou.

No período sem atividade, os 38 cooperados da Reciclar ficaram em casa e conseguiram sobreviver apenas com o auxílio emergencial do Governo Federal e com algumas doações de cestas básicas de empresas. "Atualmente, a cooperativa consegue sobreviver com o material que é retirado nos ecopontos e com as doações particulares, feitas de forma direta por pessoas na cooperativa. Mesmo assim, a renda caiu pelo menos pela metade", afirmou.

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