UTI

Colapso em Campinas está próximo

Campinas chegou ontem a 75,25% de ocupação em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na rede pública e privada

Gilson Rei
21/05/2020 às 10:01.
Atualizado em 29/03/2022 às 11:02

Campinas chegou ontem a 75,25% de ocupação em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na rede pública e privada. Como apresenta um crescimento de 1% ao dia na taxa de ocupação, o sistema de atendimento médico intensivo poderá entrar em colapso dentro de 25 dias, caso a cidade mantenha este ritmo de crescimento e não eleve o nível de isolamento social. O sistema de atendimento em leitos de UTI na rede pública e privada - incluindo leitos adultos, pediátricos e neonatais - apresentava uma taxa de ocupação de 69,11% na quinta-feira passada, dia 14. Ontem, a Prefeitura informou que o município chegou a 75,25% de ocupação, um aumento de 1% ao dia. Com a manutenção deste índice, atingirá 100% de ocupação no dia 14 de junho. A situação é preocupante, pois os índices de isolamento mantiveram-se baixos na grande maioria dos dias em Campinas desde o início deste mês, excluindo-se apenas os resultados obtidos nos finais de semana, que registraram índices entre 49% e 54% - depois de registrar 48% na segunda-feira, a taxa de isolamento social caiu para 47% na última terça. O nível recomendado para evitar colapso no atendimento médico é de 70%. A Prefeitura informou ontem que Campinas conta atualmente com 691 leitos de UTI - adultos, pediátricos e neonatais - distribuídos nas redes pública e privada do município. Deste total, 520 estão ocupados, que totalizam os 75,25% do total disponível. Estes números já incluem dez leitos de UTI na Santa Casa e sete leitos de UTI do Hospital Samaritano, contratados junto à rede privada pelo município nesta semana. Para ampliar a oferta de leitos, a Prefeitura está formalizando com a Beneficência Portuguesa o contrato de 27 leitos de retaguarda clínica, mas não há previsão de leitos de UTI. Transparência Os dados oficiais da Prefeitura preocupam, mas a situação pode até ser mais grave ainda, segundo Nayara Oliveira, presidente do Conselho Municipal de Saúde, que reclama de falta de transparência na divulgação de dados. Nayara disse que recebeu ontem denúncias de que o hospital municipal Mário Gatti estava com 100% dos leitos de UTI ocupados e que o Proto Socorro da unidade mantém na espera para internação uma média diária de oito pacientes, que acabam sendo encaminhados para outras unidades. Segundo ela, a Prefeitura não deu retorno sobre esta denúncia. Nayara reclamou que falta transparência da Prefeitura na divulgação dos dados de internações, taxas de ocupação de leitos UTI e de leitos de enfermagem, além de não dar informações sobre casos de Covid-19 confirmados, casos de subnotificações, casos de mortes por síndrome respiratória aguda e de casos de óbitos da população e de profissionais da área de Saúde. "Não se tem informação, por exemplo, de quantos médicos, enfermeiros e profissionais da Saúde estão contaminados em Campinas e quantos já morreram" , disse. A representante do Conselho de Saúde afirmou também que faz pedidos constantes de informação à Secretaria de Saúde desde março, mas não obtém os relatórios para exercer o papel fiscalizatório e de monitoramento do órgão. "Os dados deveriam estar transparentes, não só para o Conselho, mas para toda a população no site da Prefeitura, que apresenta apenas de forma superficial o número de casos de mortes, de casos confirmados, recuperados e de casos descartados" , disse. "Falta, por exemplo, informar sobre as taxas de ocupação de leitos de enfermagem e de UTI, que atendem os casos de Covid-19 e de outras doenças da população" , afirmou. Ampliação do Hospital de Campanha A Prefeitura divulgou ontem que o hospital de campanha do Ginásio dos Patrulheiros está atendendo com 36 leitos de enfermagem para atuar como retaguarda, porém 25 destes leitos já estavam ocupados. O hospital de Campanha terá capacidade para ampliar o número de vagas e chegar a 108, porém todas de retaguarda, sem previsão de leitos de UTI. A Secretaria de Saúde prevê ainda a criação de mais 106 novos leitos, sendo 28 de UTI e 78 de enfermaria. A expectativa é passar a contar com mais 15 leitos de UTI no Ouro Verde e mais 13 leitos de UTI no Mário Gatti. Os leitos de enfermaria serão criados no Hospital de Campanha (36), na Beneficência Portuguesa (27), Casa de Saúde (18), Irmandade (13) e Hospital PUC-Campinas (12). Carmino de Souza, secretário de Saúde, informou no início desta semana que a situação atual é complicada e que os atendimentos refletem as contaminações ocorridas há 14 dias. "Estamos no momento mais difícil que enfrentamos até agora", disse.

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