desabastecimento

Cloroquina segue em falta na maioria das drogarias

Sem eficácia contra a Covid-19, produto é essencial a outras doenças

Henrique Hein
30/07/2020 às 08:04.
Atualizado em 28/03/2022 às 20:16
Curva está achatada e cloroquina não é solução (Dirceu Portugal/Estadão Conteúdo)

Curva está achatada e cloroquina não é solução (Dirceu Portugal/Estadão Conteúdo)

A cloroquina e a hidroxicloroquina estão em falta há quatro meses em algumas das principais redes farmacêuticas de Campinas. Os remédios, que antes da pandemia eram encontrados com facilidade, se tornaram raros, sobretudo, após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) começar a defender o uso da droga no combate à Covid-19, mesmo sem comprovação científica.  De acordo com as drogarias ouvidas ontem, a procura pelos dois remédios se intensificou a partir do final do mês de março, quando a quarentena passou a ser adotada no Estado de São Paulo. Em todas elas, os remédios não estiveram à disposição dos clientes nos primeiros meses do período de isolamento social. Até hoje, várias farmácias do município seguem sem estoque. A Multifarma, no Centro, por exemplo, está sem os dois produtos desde o final de março. O problema ocorre por causa da falta dos medicamentos nas distribuidoras e pela alta procura — apesar da queda de interesse nos últimos dias. "Antes de a pandemia começar a gente sempre tinha estoque", disse uma das atendentes do estabelecimento. O mesmo problema foi verificado em outras unidades do município, como na Drogasil, da Avenida Nossa Senhora de Fátima, no Taquaral; e na Droga Raia, da Avenida Francisco Glicério, no Centro. A Drogaria São Paulo, na Rua Maria Monteiro, no Cambuí, informou que o medicamento voltou a ser comercializado recentemente, mas que antes disso havia ficado meses em falta. "Quando o presidente começou a dizer que as substâncias eram eficazes contra a doença, muita gente correu para comprar e a gente ficou desabastecido", disse um dos atendentes. No fim de março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enquadrou a cloroquina e a hidroxicloroquina como medicamentos de controle especial, que só podem ser vendidos com a retenção da receita médica. A medida foi para evitar que pessoas que não precisassem dos medicamentos provocassem um desabastecimento e prejudicassem os pacientes com malária, lúpus e artrite reumatoide, doenças para as quais são indicados. Na manhã do último sábado, o presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta no Twitter que havia testado negativo para Covid-19. A divulgação foi feita juntamente com uma imagem dele segurando uma caixa de hidroxicloroquina. A Organização Mundial da Saúde (OMS) interrompeu definitivamente seus testes com os medicamentos após estudos comprovarem que eles não reduzirem a mortalidade em pacientes com Covid-19.

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