Clínica fechada mobiliza redes sociais

Uma clínica para hemodiálise, em Hortolândia, está parada há quase uma década aguardando credenciamento junto ao Sistema Único de Saúde (SUS). Pela falta de atendimento especializado no município, ao menos 120 pacientes acabam sendo enviados para cidades vizinhas, sobrecarregando o sistema de Campinas e Sumaré, por exemplo. A denúncia é do vereador Eduardo Lippaus (PT), que fez uma mobilização nas redes sociais para coletar cerca de 35 mil assinaturas para um abaixo-assinado que será levado ao governo estadual nos próximos dias. A clínica faz parte de uma rede especializada em hemodiálise e é particular. Ela foi construída por um empreendedor na Rua Maria Aparecida da Silva esquina com a Avenida dos Estudantes, no Jardim Campos Verdes, exclusivamente para atender pacientes da rede pública, por um convênio com o Estado. A unidade tem capacidade para 50 máquinas, mas a princípio foi equipada com 27. Desde que foi construída, uma funcionária foi contratada para limpar e manter os equipamentos em funcionamento, mesmo sem pacientes. “É um absurdo o município não pedir o credenciamento desta clínica. Há 10 anos faço hemodiálise e sou obrigada, mesmo debilitada, a viajar de ônibus, quatro vezes por semana, para Campinas”, disse a artesã Miriam Lourdes dos Santos, de 49 anos, que teve o funcionamento dos rins prejudicado após uma infecção urinária. Comovido com o abandono da clínica, o assistente comercial Walter Barros, de 30 anos, decidiu ajudar na coleta de assinaturas. Barros disse que soube da campanha nas redes sociais e ficou indignado. “Sei muito bem como é fazer hemodiálise. Tive um vizinho que fez o tratamento por 10 anos, mas morreu há cinco anos. Vi de perto o sofrimento dele ter que se locomover, precisar de ajuda para ir para Campinas. É um descaso ver esta clínica parada com tantas pessoas necessitando de um cuidado por aqui”, disse Barros. Segundo Lippaus, foram organizados dois movimentos simultâneos para coleta de assinaturas no próximo sábado em prol ao credenciamento da clínica. Um na praça ao lado da igreja católica do Jardim Rosolém, localizada na Rua Fernandes Leite, Jardim Santa Izabel, e outro ao lado de um supermercado na Rua Luiz Camilo de Camargo, na região central da cidade. A coleta começa a partir das 8h30 e está prevista para ser entregue ao governador do estado no próximo dia 20. “Quando a clínica foi projetada, a cidade não tinha saneamento básico e o SUS não credenciou. Mas já faz anos que Hortolândia passou a contar com rede de esgoto”, relembrou Lippaus. Processo O credenciamento é feito pelo Ministério da Saúde (MS) com base em indicação da Secretaria Estadual de Saúde. O Departamento Regional de Saúde (DRS)-7 de Campinas, informou que não recebeu nenhuma solicitação da Prefeitura para dar andamento ao credenciamento e que este pedido precisa ser avaliado e depois enviado à Secretaria de Saúde do Estado. Em nota, a Secretaria de Saúde, informou que tomou conhecimento da existência de uma clínica particular de hemodiálise no município e iniciou o diálogo com a Secretaria de Estado da Saúde para fazer o credenciamento desta clínica. “A Prefeitura ressalta que o credenciamento de clínicas de hemodiálise é um processo rigoroso, que depende de aprovação do Ministério da Saúde. A Prefeitura providencia documentação e alvará de funcionamento para esta clínica, para encaminhar ao Ministério da Saúde e pleitear o credenciamento", citou. "Atualmente, pacientes de Hortolândia são atendidos em clínicas contratadas pelo Estado que prestam serviços para diversas cidades da região", informou.