NA CÂMARA MUNICIPAL

Clima volta a ‘esquentar’ na Câmara de Campinas após tumulto em sessão

Polêmica foi instalada após comentário realizado pelo vereador Nelson Hossri (PSD)

Da Redação
31/08/2022 às 12:43.
Atualizado em 31/08/2022 às 12:46
A sessão, da última segunda-feira, que já contava com a tensão que ronda a Casa, por conta da investigação do MP, inflamou-se após comentários tecidos pelo vereador Hossri (Câmara dos Vereadores)

A sessão, da última segunda-feira, que já contava com a tensão que ronda a Casa, por conta da investigação do MP, inflamou-se após comentários tecidos pelo vereador Hossri (Câmara dos Vereadores)

O clima entre os parlamentares de Campinas voltou a esquentar na última sessão da Câmara na noite de segunda-feira (29), no Teatro Bento Quirino, que fica no Centro. Se não bastasse a tensão que ronda a Câmara Municipal - por conta da investigação do Ministério Público sobre a suposta participação do presidente da Casa, o vereador Zé Carlos (PSB), em atos de corrupção passiva -, uma nova confusão gerou desentendimento entre os vereadores. Desta vez, por conta das polêmicas geradas pelo debate dos candidatos à Presidência da República, no último domingo.

Durante o uso da tribuna, os parlamentares teceram observações acerca do debate dos candidatos ao Palácio do Planalto nas eleições de outubro. O tumulto se formou depois que o vereador Nelson Hossri (PSD) fez uso do microfone. 

Hossri comentou sobre a postura que a jornalista Vera Magalhães e as duas candidatas à presidência, Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil), tiveram diante do presidente Jair Bolsonaro (PL), também candidato, e foi surpreendido pela reação dos outros parlamentares ao usar a expressão “troca de absorventes” aos e referir na conversa das duas candidatas.

Alguns parlamentares, entre eles, a vereadora Guida Calixto (PT), foram à tribuna criticar as palavras usadas pelo vereador para expressar a sua opinião acerca do fato presenciado no debate. 

De acordo com Hossri, a expressão foi usada da mesma maneira que outras, como “papo de mulher” ou ainda a gíria “conversa de cueca”, ao se referir a um bate-papo exclusivo de homens. 

“Eu usei dessa gíria em um momento em que me expressava . Cada um tem o direito e um jeito de se expressar. Assim, usei meu tempo de cinco minutos na tribuna, sendo quatro para defender a Guarda Municipal diante da decisão do Tribunal de Justiça e, no minuto restante, comentei o episódio no debate e usei a gíria”, justificou.

O vereador, assim que deixou o microfone, disse ter sido atacado pela vereadora Guida Calixto (PT), que classificou a fala dele como um ato machista. Segundo Hossri, a parlamentar o acusou de ter ofendido as mulheres ao usar a expressão. “Onde já se viu isso. Ela deveria se indignar com a cartilha que ela distribui pedindo para atear fogo nas pessoas”, revida Hossri.

O parlamentar Nelson Hossri explicou que usou a gíria para se expressar e que não houve intenção machista (Kamá Ribeiro)

O parlamentar Nelson Hossri explicou que usou a gíria para se expressar e que não houve intenção machista (Kamá Ribeiro)

Após o episódio, o vereador se retirou da sessão. Hossri disse acreditar que todo o tensionamento criado a partir da sua fala, comentando os episódios envolvendo o debate presidencial, tem relação com o fato de ele estar buscando assinaturas para a abertura de uma CPI para investigar os contratos da Câmara Municipal. 

A proposta do parlamentar para a abertura de uma CPI veio logo após o Ministério Público - com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço MP que investiga o crime organizado -, realizar a “Operação Lambuja” contra corrupção na Câmara de Campinas.

Durante as buscas, foram apreendidos documentos que denunciam fraudes em contratos da Câmara Municipal de Campinas. Entre os alvos, o presidente da Câmara, Zé Carlos. 

Segundo as investigações, ele teria pedido propina para fechar contratos de prestação de serviços terceirizados junto ao Poder Legislativo. Zé Carlos nega. “O que eu enxergo na Câmara é que existe uma perseguição contra mim para tentar tirar o foco da CPI que investiga o escândalo de corrupção passiva envolvendo o presidente Zé Carlos”, afirmou Hossri.

O líder da bancada do PT, vereador Cecílio Santos, solicitou à presidência da Casa que verificasse se houve quebra de decoro parlamentar por parte de Nelson Hossri a partir da expressão usada pelo vereador. 

Após a confusão instalada, o vereador Jorge Schneider (PL) subiu na tribuna para pedir desculpas ao público que assistia à sessão pela TV Câmara pela confusão. Ele ressaltou que os vereadores não podem usar o microfone da Câmara para se digladiarem. “O mesmo tipo de ataques que vimos no debate se repetiu na Câmara”, lembrou Schneider. 

Nas redes sociais, a vereadora Guida Calixto (PT), envolvida na confusão, disse repudiar a forma como se expressou o vereador Nelson Hossri e classificou a fala do parlamentar como um episódio de misoginia. Hossri nega qualquer tipo de atitude machista e classifica a atuação de ataques ao seu mandato como um episódio triste para Campinas e para a Câmara. “São tantos atos acontecendo e ninguém olha como quebra de decoro ou motivo de cassação. No entanto, uma fala minha vira motivo de polêmica. Talvez, por conta da minha atuação combativa como parlamentar”, disse. 

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