GOVERNO FEDERAL

Clima tenso e bate-boca marcam visita de ministra

Câmara de Campinas recebeu ontem a polêmica Damares Alves

Francisco Lima Neto
francisco.neto@rac.com.br
09/08/2019 às 13:49.
Atualizado em 30/03/2022 às 22:18

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Regina Alves, esteve na Câmara de Campinas ontem, falando sobre políticas públicas de proteção à mulher, adotadas pelo governo federal. A passagem dela pela cidade foi marcada por tumulto. Ela veio por um convite do vereador Professor Alberto (PL). A ministra entrou no plenário, que estava com a parte de baixo lotada, às 14h40. Foi recebida com aplausos e vaias. Apesar de haver um grupo de manifestantes, que cobrava esclarecimentos sobre declarações da ministra de que meninas no Pará são estupradas por falta de calcinhas, a maior parte dos presentes era de apoiadores dela e do governo. Eram lideranças religiosas e fiéis. Houve animosidade entre os grupos e bate-boca. Enquanto os manifestantes gritavam palavras de ordem, como “tchau querida”, os fiéis mandavam calarem a boca e irem embora. Enquanto a ministrava discursava sobre os problemas da violência contra as mulheres, um de seus apoiadores mandava as manifestantes se calarem e dizia “tem que dar um murro na cara dessas aí. Vagabundas. Eu quero ouvir a ministra”, bradava seguidamente. “Não nos representa”, gritavam as manifestantes. “Sim, representa”, respondiam, em coro, os apoiadores. Damares manteve a calma, que se espera de uma ministra, e continuou falando, mesmo sob protesto. “Somos um dos países que mais matam mulher. A desigualdade entre homem e mulher é muito grande”, disse. Para combater esse problema, ela afirmou que está sendo implantado o programa Maria da Penha vai à Escola. “Vamos às escolas falar com meninos a partir dos 4 anos de idade, sobre a igualdade entre homem e mulher. Precisamos ensinar as crianças a se amarem. Eu acredito na transformação e no resgate de valores dessa nação”, afirmou. Ela declarou ainda que reforçou os meios para denúncias de violência. “No disque 100, o tempo de espera para ser atendido era de 1h30. No disque 180, o prazo era de até 2 horas. Agora está em dois minutos. Mas nosso alvo é menos de dois minutos”, adiantou. Damares revelou ainda que pretende implantar em todos os Institutos Médicos Legais (IML) do País, uma Sala Rosa para acolhimento das mulheres que sofrem qualquer tipo de agressão. “Muitas não denunciam porque chegam no IML e tem que ver defunto, caveiras, aquele local inapropriado", avaliou. Ela voltou a dizer que a imprensa deturpa suas falas. “Eu disse que se as meninas são estupradas por falta de emprego, vamos levar emprego, se é por falta de comida, vamos levar comida. Se é por falta de roupa íntima, vamos levar uma fábrica. Pegaram minha fala, recortaram como sempre, e levou um monte de gente a erro”, explicou. A ministra reclamou que a ridicularizaran quando ela revelou que sofreu abusos. “Aos seis anos, fui brutalmente estuprada. Contei para o Brasil e riram da minha história, zombaram. Eu virei a ministra louca do pé de goiaba. Mas ninguém perguntou por que eu estava em cima da goiabeira tentando o suicídio”, lamentou. Da Câmara, Damares foi até uma concessionária na Av. Norte-Sul, onde entregou quatro carros para Conselhos Tutelares. Campinas, Guarulhos, Votorantim e Lindóia foram contempladas. “Isso é fortalecer os programas. Isso ajuda no combate à violência contra as crianças. As pessoas devem ir ao conselho e adotar o conselheiro. “ Colaboradora de Bolsonaro se esquiva sobre nomeados A ministra disse que ainda não foi notificada sobre o pedido do Ministério Público Federal (MPF) para explicar a troca de quatro membros da Comissão Especial do Mortos e Desaparecidos. “Quando for notificada vou explicar, enviar o currículo dos escolhidos, pessoas extraordinárias e capacitadas. A gente tem pressa em dar respostas para o Brasil. Havia uma demora nas entregas”, afirmou. Ela disse ainda que a Comissão da Anistia demorava para analisar os pedidos, e que tem requerimentos para responder desde 2001. Questionada sobre esses novos nomeados, que são defensores da ditadura militar, ela criticou os membros anteriores. “Havia ideologia nos membros da comissão passada? Eu estou colocando pessoas que eu confio, que vão trabalhar comigo. Temos ossadas para analisar. O que estava acontecendo no Brasil, não tava tendo respeito aos mortos.” A ministra foi ainda questionada se a forma de respeitar é ironizar, como Jair Bolsonaro (PSL) fez com a morte do pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), durante a ditadura militar, ela se recusou a responder. “Eu não vou falar sobre isso.

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