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Classe B sente a mordida do dragão

Faixa de brasileiros que mais consome diminui o ritmo ? e freada já se reflete nas pesquisas

Adriana Leite
23/04/2013 às 07:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 19:12
Com a inflação corroendo os salários, consumidor reduz a vontade de fazer novas compras e se endividar ainda mais (Divulgação )

Com a inflação corroendo os salários, consumidor reduz a vontade de fazer novas compras e se endividar ainda mais (Divulgação )

Demorou, mas o endividamento do consumidor finalmente está provocando a perda do apetite deles por novas compras. A classe B, formada pela ascensão da camada C, está sentindo no bolso o descontrole com o crédito e puxou o freio de mão das compras.

Análise da consultoria IPCMarketing intitulado “IPC Maps 2013” mostra que o potencial de consumo em Campinas este ano foi projetado em R$ 26,5 bilhões, uma alta de 5,54% em relação a 2012,quando o valor estimado era de R$ 25,1 bilhões.

A cidade é a 12 no ranking nacional e a 2 no Estado de São Paulo no quesito potencial de consumo. E embora positiva, a evolução do potencial sentiu a “segurada” da nova postura da classe B - que é a faixa que mais consome. O cenário local repete o quadro verificado pela consultoria nas regiões Sul e Sudeste do País.

Com a inflação em alta, o poder de compra fica cada dia mais achatado - e como a economia nos últimos anos tem crescido com base quase exclusivamente no consumo, os especialistas da IPC alertam que o governo precisa encontrar outros caminhos para impulsionar o desenvolvimento do País.

O estudo realizado pela consultoria utiliza dados de fontes oficiais para avaliar o potencial de consumo dos domicílios brasileiros. De acordo com a análise, a classe A1 deve consumir R$ 984,2 milhões e a A2, R$ 5,32 bilhões.

O extrato B1 vai gastar R$ 8,9 bilhões e a camada B2 deve chegar a R$ 5,66 bilhões. A classe C1 será responsável por R$ 3,65 bilhões. O público considerado da classe C2 deve comprar R$ 1,34 bilhão.

Finalmente, a classe D terá uma participação de R$ 373,6 milhões e a classe E terá um montante de R$ 6,3 milhões. Os domicílios rurais vão consumir R$ 337,5 milhões.

Os gastos com a manutenção do lar são os que mais vão pesar no bolso do campineiro com um total de R$ 6,74 bilhões. As despesas com alimentação em casa vêm logo em seguida com R$ 2,29 bilhões.

Alimentação fora dodomicílio será o terceiro maior gasto da população que reside no município com um valor de R$ 1,59 bilhão.O custo com veículopróprio chegará a R$ 1,46 bilhão. Os gastos com materiais de construção devem alcançar R$ 994,4 milhões edespesas com saúde vão atingir R$ 951,1 milhões.

Análise 

O diretor da IPC Marketing Editora, Marcos Pazzini, afirmou que o potencial de consumo no Brasil vai chegar a R$ 3 trilhões neste ano. Segundo ele, o crescimento em relação ao ano passado foi de R$ 276 bilhões.

O consumo urbano per capita anual foi estimado em R$ 16.875,96. “Apesar de o consumo ainda manter a trajetória de alta, a saúde do consumo não está assim tão bem quanto parece. A classe B é a que possui o maior potencial de consumo. Mas a participação desse público vem caindo. O problema é o endividamento dos consumidores”, disse.

O especialista comentou que esse cenário fica mais claro nos dados coletados nas regiões metropolitanas do Sul e do Sudeste. Pazzini salientou que Campinas vive o mesmo quadro.

“Em 2012, a participação da cidade era de 0,92% no total do País. Este ano caiu para 0,88%. Se o crescimento se mantivesse no mesmo ritmo, o potencial de consumo seria de R$ 27,7 bilhões e não de R$ 26,5 bilhões”, comparou.

Ele frisou que a combinação endividamento e inflação prejudica o consumo e terá consequências sobre os números da economia. Para o diretor da IPC, o governo deve agir para fomentar o crescimento econômico do País por outras vias que não apenas o consumo das famílias.

Pazzini destacou que é preciso incentivar os investimentos produtivos e que futuramente o País vai sentir muito se não houver um mudança nos rumos da economia.

“As regiões que concentram mais consumidores da classe B pagam o preço antes. O País precisa gerar riqueza que não seja apenas pelo consumo. O consumo é importante, contudo a política econômica também deve apostar no investimento produtivo”, comentou.

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A pesquisa da IPC Marketing apontou ainda que o potencial de consumo na Região Metropolitana de Campinas (RMC) para este ano está estimado em R$ 62,21 bilhões. Em 2012, o volume foi de R$ 58,26 bilhões - o que dá um avanço foi de 6,78%.

Na região, os gastos com manutenção da casa vão somar R$ 15,81 bilhões;alimentação em domicílio, R$ 5,48 bilhões; e alimentação fora de casa,R$ 3,72 bilhões.

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