ATAQUES

Cinco pessoas são mordidas por cães diariamente em Campinas

Foram 1.154 casos registrados entre 1° de janeiro e 10 de agosto deste ano

Thiago Rovêdo/ [email protected]
16/09/2022 às 09:10.
Atualizado em 16/09/2022 às 09:10
Várias pessoas já foram atacadas e mordidas por cachorros de rua no Jardim Campos Elíseos (Kamá Ribeiro)

Várias pessoas já foram atacadas e mordidas por cachorros de rua no Jardim Campos Elíseos (Kamá Ribeiro)

Campinas registrou, entre janeiro e agosto deste ano, uma média de cinco casos por dia de pessoas mordidas por cachorros. De acordo com a Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ), da Secretaria de Saúde do município, foram 1.154 ocorrências entre 1º de janeiro e 10 de agosto deste ano. Um dos bairros que têm apresentado um número significativo de casos é o Jardim Campos Elíseos, onde várias pessoas já foram atacadas por cachorros de rua.

Porém, a Unidade de Vigilância de Zoonoses citou que o número de casos teve uma pequena diminuição em comparação com a média diária de casos de 2021. A Secretaria de Saúde registrou 2.176 casos nos 12 meses do ano passado, o que dá uma média de 5,96 pessoas mordidas por cachorros por dia nos diferentes bairros de Campinas. 

De acordo com a veterinária neurologista com atuação em comportamento animal Fernanda Távora, a agressividade pode acontecer por diversos motivos e é importante analisar o conjunto de fatores, a situação em que esses cachorros estão vivendo, para poder interpretar os ataques de forma adequada.

"Antes, é importante entendermos que o cão é um animal territorialista e, assim, vai defender o que ele acha que é importante: seja o ambiente, seja por uma fêmea no cio que está perto dele, ou por um alimento que provavelmente é escasso. Ele vai proteger quilo que valoriza. Alguns cães apresentam o comportamento de possessividade de recursos, ou seja, quando o animal defende algo que julga importante. E acredite, esse 'algo' pode ser simplesmente a pessoa que o alimenta", afirmou.

A Secretaria de Saúde explicou que, em caso de mordida de cães, a vítima deve procurar atendimento de saúde o mais rápido possível. A unidade segue um protocolo que inclui procedimentos para verificar se o paciente foi exposto ao vírus da raiva, se há necessidade de algum tratamento e também faz a notificação à Vigilância em Saúde. 

"Também é dada orientação ao tutor em relação à necessidade de observar o animal. Se for um cão de rua, a observação cabe ao Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (Dpbea)", afirmou a Secretaria por meio de nota oficial.

A especialista avaliou que uma situação bem comum é de cães reativos com pessoas e outros animais por falta de autocontrole do próprio animal. O excesso de estímulos que geram desconforto em um curto espaço de tempo pode deixar o cão agitado, frustrado e estressado, com consequências drásticas.

"A agressividade também pode ser um comportamento aprendido, por exemplo, alguém bateu nesse pet quando ele estava em um momento indefeso e ele aprendeu que, dessa forma, é possível impor respeito. Uma situação bem comum é o animal atacar quando sente medo. Simplesmente uma autodefesa. Em caso de ataques, nosso instinto é correr e essa é a última atitude que devemos fazer porque o cachorro ficará mais atiçado. A melhor alternativa é ficar parado, falar firme para fazer ele recuar. Se a mordida de fato ocorrer, procure um hospital e solicite vacina antirrábica", disse.

 Atacada no Campos Elíseos

A manicure Ana Paula da Silva Faria, de 50 anos, mora no Jardim Campos Elíseos e trabalha também com atendimento a domicílio. Certo dia, quando terminou um trabalho por volta das 11h na Rua Silvio Rizzardo e estava indor embora, sofreu o ataque de três cachorros, sendo que um a machucou na perna com uma mordida.

"Fui fazer um atendimento aqui próximo de minha casa. Na hora que eu saí da casa da cliente e fechei o portão, dei uns três passos e os cachorros vieram bravos, rosnando e latindo. Eles tinham tamanho médio, mas não consegui nem reparar se tinham uma raça definida. Fiquei tão apavorada, tão amedrontada, que só gritei e parei. Não tinha ninguém na rua nessa hora e acho que ninguém viu o que aconteceu. Voltei e apertei a campainha da casa em que estava e, nisso, eles foram embora. O dono da casa até achou que eu estava sendo roubada ou alguma coisa assim", afirmou Ana Paula.

De acordo com a manicure, ela conheceu uma mulher no bairro que quase foi mordida e só não aconteceu algo porque ela jogou pedras nos cachorros. 

Após ser machucada, Ana Paula procurou o atendimento médico no Centro de Saúde Pedro de Aquino, que fica no mesmo bairro.

"Fui para casa, lavei com sabão e fui no centro de saúde. Eles morderam na parte da trás da perna. Lá, eu tomei as vacinas antirrábica e antitetânica. Voltei para casa e, depois de uns 40 minutos, a moça que trabalha no centro me ligou, explicou mais coisas que eu deveria fazer para me cuidar e perguntou onde tinha ocorrido o acidente, porque tinha aparecido outra moça que também foi atacada. Eu imagino que sejam os mesmos cachorros do bairro", disse.

A manicure também lembrou que, no dia seguinte, ficou sabendo que, contando com ela, foram três ataques no bairro. "O pessoal ligou na Zoonoses, na Prefeitura, mas os cachorros seguem por aqui, porque já os vimos outras vezes", ressaltou Ana Paula.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por