NA REGIÃO DE CAMPINAS

Ciesp aponta alta de custos e risco de desabastecimento

Indústrias são afetadas por novo surto de covid na China e invasão da Ucrânia

Gilson Rei
27/04/2022 às 09:14.
Atualizado em 27/04/2022 às 09:14

Acúmulo de contêineres parados nos portos chineses pode comprometer as cadeias produtivas das indústrias da região de Campinas (Gustavo Tilio)

O lockdown em função de um novo surto de covid-19 na China e a paralisação do porto de Xangai — que registra congestionamento monstruoso de contêineres de toda parte do mundo — já começaram a impactar negativamente o comércio exterior e transformaram-se na principal preocupação dos representantes da indústria na Região Metropolitana de Campinas (RMC). O receio de enfrentar a chegada de uma "nuvem carregada e pesada" que poderá provocar grandes tempestades na produção industrial e na economia foi alertada ontem (26) pelos representantes do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, Regional Campinas (Ciesp), durante a apresentação da Pesquisa de Sondagem Industrial de abril. Soma-se à situação na China, a preocupação com o conflito da Rússia com a Ucrânia e com a operação-padrão por parte dos servidores da Receita Federal.

O diretor do departamento de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, Anselmo Riso, destacou que o acúmulo de contêineres parados nos principais portos chineses pode comprometer as cadeias produtivas em escala global. "Tememos que isso provoque o desabastecimento de semicondutores e eletroeletrônicos, o que afetará todos os setores da economia mundial, inclusive o agribusiness, nas próximas semanas ou meses", justificou. A retenção de contêineres nos portos já está provocando aumento nos custos dos fretes de cargas em 50%, com prejuízos para toda a cadeia produtiva.

Riso explicou que o lockdown aplicado em território chinês — fechamento completo em todos os setores — gera mais pressão nos preços internacionais. "Há uma redução na atividade econômica e isso favorece a alta no câmbio. O volume de produtos disponíveis no mercado diminui e há alta dos preços, incluindo alta no custo do frete. Os produtos que devem sofrer mais altas são os semicondutores, chips e componentes eletrônicos", afirmou. 

"O lockdown na China provoca também impacto em toda a economia, afinal a China é o maior parceiro comercial do Brasil: 32% das exportações brasileiras são direcionadas ao mercado chinês e 20% das importações chegam do continente asiático", destacou.

Três aspectos são apontados por Riso como os mais preocupantes. "Um deles é o desabastecimento de insumos, que interfere na produção de equipamentos eletroeletrônicos e de celulares, na indústria de automóveis e até no agronegócio — que depende também dos componentes eletrônicos e chips usados nas novas tecnologias de produção", disse. 

Outro fator preocupante é com relação ao aumento dos custos, pois além da elevação do frete, as indústrias deverão sofrer com altas de preços do petróleo, de produtos e de insumos em todo o mundo, e com a variação do câmbio, que geram inflação mundial. "A terceira preocupação é com relação à falta de produtos no mercado e com a alta de preços de produtos vindos de outros países, que dependem também de insumos e componentes da China para produzir", disse. 

Rússia-Ucrânia

O conflito da Rússia com a Ucrânia já está interferindo em algumas indústrias da região, principalmente naquelas que dependem de fertilizantes, plásticos e produtos químicos, que passaram a ter preços mais elevados, já que os fornecedores de outros países seguem os preços internacionais e a variação do câmbio. 

A pesquisa do Ciesp-Campinas mostrou que, com o conflito europeu, os custos de produção estão sofrendo com o aumento no valor das matérias-primas, componentes, peças e insumos, afinal 62% dos industriais afirmaram que ocorreram aumentos em comparação ao mês anterior. Os custos com energia, água e transportes também aumentaram, na opinião de 50% empresários. A lucratividade diminuiu para 47% do total. "Além disso, as industrias da região começam a sofrer com a operação padrão dos agentes da Receita Federal, que estão atrasando o desembaraço de mercadorias em portos e aeroportos. Uma carga que levava cinco dias para ser liberada passou a ser liberada em 20 dias", finalizou Riso.

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