CONTAGEM POPULACIONAL

Cidades da RMC ficam abaixo de 90% de cobertura do Censo

Resistência de moradores às entrevistas e falta de dinheiro atrapalham pesquisa

Bianca Velloso/ [email protected]
14/02/2023 às 08:51.
Atualizado em 14/02/2023 às 08:51
Recenseador do IBGE chama proprietário de residência para aplicar questionário do Censo de 2022: agentes encontram muita dificuldade para convencer moradores a participar (Cedoc)

Recenseador do IBGE chama proprietário de residência para aplicar questionário do Censo de 2022: agentes encontram muita dificuldade para convencer moradores a participar (Cedoc)

Faltando duas semanas para o encerramento do Censo Demográfico de 2022, nenhum município da Região Metropolitana de Campinas (RMC) conseguiu, até agora, atingir a marca de 90% de domicílios visitados e contabilizados pela pesquisa realizada a cada 10 anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A recusa de parte dos moradores em responder aos questionários é apontada como uma das dificuldades enfrentadas pelos recenseadores, o que chegou a motivar a prorrogação do Censo por três vezes. Outro fator que teria influenciado o baixo rendimento do trabalho foi a falta de recursos financeiros para custear os salários dos colaboradores.

Dos municípios que integram a RMC, Pedreira foi a cidade que alcançou o mais alto percentual de cobertura, com 89,28% de residências visitadas pelos recenseadores, seguida por Paulínia, com 89,25%. Segundo estimativa do IBGE, Campinas tem 395.336 domicílios ocupados. Dessas residências, 85,84% foram visitadas. A taxa de recusa dos moradores em atender os agentes do instituto está em 4,06%, enquanto a taxa de morador ausente é de 5,39%. Holambra é a cidade com menor taxa de recusa, apenas 0,27%, enquanto Jaguariúna é a cidade que apresentou o maior índice de resistência à pesquisa, 8,72%. 

O nono Censo realizado pelo IBGE está na fase final. Nesse momento, os recenseadores estão revisitando as residências onde não foram recebidos numa última tentativa de recuperar esses dados. "A fase final do Censo consiste justamente nesta busca por moradores ausentes, pela reversão das recusas, conferência/confirmação de unidades vagas e de uso ocasional", explicou o chefe da Agência do IBGE de Campinas, Jackson Medeiros. O regulamento do instituto permite que os recenseadores visitem no máximo cinco vezes um mesmo endereço em horários diferentes a fim de coletar as informações da pesquisa. 

Medeiros explica que as prorrogações do Censo foram motivadas por dificuldades encontradas para a realização do trabalho. "O Censo foi prorrogado porque estamos encontrando dificuldades em contornar algumas recusas e de encontrar moradores ausentes. Estamos tentando atingir uma boa porcentagem de coleta para que possamos entregar resultados com uma melhor qualidade", contou. O chefe da Agência do IBGE de Campinas assegurou que não há previsão de se prorrogar o Censo. Agora a equipe está focada em contornar esses obstáculos. 

Caso os recenseadores não consigam coletar informações em todos os domicílios, será feita uma projeção baseada nos dados levantados. "Como em todos os Censos, os domicílios ocupados sem entrevista têm os dados estimados com base nas informações dos demais domicílios da mesma área", explicou Medeiros. 

Thales Benassi, um recenseador do IBGE que trabalhou 37 dias em Tocantins e 25 em Campinas, relatou que percebeu poucas recusas em Campinas. Ao deparar-se com uma situação como essa, ele tentava quebrar a resistência do morador explicando a importância do Censo. "Eu sempre apresentava o argumento de que o Censo é como um quebra cabeça do Brasil e que sem as informações da pessoa, ele ficaria incompleto. Argumentava também sobre a importância do Censo, dizendo que raramente ela veria uma informação no Jornal Nacional que não contasse com informações do IBGE". 

Além desse obstáculo, ele relatou que tiveram problemas internos, como a baixa remuneração, que atrapalharam o andamento dos trabalhos. "A falta de pessoal com certeza foi o que mais dificultou o andamento do Censo, além da falta de administração em alguns pontos, falta de verba e atraso de pagamentos", disse Benassi. "Sem dúvida precisava de mais pessoas, vários não assumiram o cargo e muitos saíram após entrar, pois não achavam muito rentável", explicou o recenseador que visitou cerca de 300 domicílios em Campinas. 

O total de habitantes, dado obtido através do Censo, serve para, entre outras coisas, a elaboração de políticas públicas e também determina a porcentagem que cada município receberá da arrecadação de impostos pelos governos Federal, Estadual e Municipal. Por exemplo, o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), imposto federal e Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), esse estadual. 

Prévia

Em dezembro do ano passado, o IBGE divulgou uma prévia do Censo Demográfico 2022. Com esses dados, a estimativa de que Campinas já teria atingido a marca de 1,2 milhão de habitantes caiu por terra. A cidade tem 1.170.247 pessoas, de acordo com essa prévia do Censo 2022. 

Mesmo com essa quebra de expectativa, que revelou o crescimento lento da metróple, Campinas segue sendo a cidade mais populosa da RMC. Em segundo lugar na lista, está Sumaré com 294,1 mil habitantes, seguida por Indaiatuba com 266,5 mil. Lembrando que os dados oficiais com a população de cada município serão divulgados em abril deste ano, segundo previsão do IBGE. 

Caso a pessoa ainda não tenha sido recenseada, basta ligar para o número 137. O horário de atendimento é das 8h às 21h30. Vale destacar que, embora a resposta ao questionário seja obrigatória, os dados coletados são sigilosos e não são compartilhados com nenhum outro órgão das esferas governamentais (federal, estadual e municipal).

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por