Nebulização no Jardim Capivari, em Campinas: cidade reforçou equipe de agentes de controle de endemias (Dominique Torquato/AAN)
O início da temporada de chuvas e das altas temperaturas forma o ambiente ideal para os criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Por isso, as prefeituras da Região Metropolitana de Campinas (RMC) anteciparam as ações de combate à dengue — que historicamente começam após a chegada do Verão — a fim de evitar que uma nova epidemia da doença atinja a região. Segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde, até setembro a RMC registrou 107,1 mil casos de dengue. Entre as principais ações que já estão sendo desenvolvidas pelos municípios estão o reforço no número de agentes de saúde, intensificação nas vistorias em domicílios que podem abrigar criadouros do mosquito, ações de bloqueio e nebulização e campanhas nas escolas para conscientizar a importância de manter terrenos e quintais limpos, e caixas d’água tampadas. Com mais de 64 mil caos de dengue confirmados neste ano, Campinas lançou, na última quinta-feira, o Plano de Contingência Municipal para o Enfrentamento da Dengue e Chikungunya. O plano prevê um trabalho intersetorial entre a Secretaria de Saúde e outras oito pastas da administração, entre elas Serviços Públicos, Defesa Civil e Recursos Humanos. O documento estabelece as atribuições e ações que cada pasta deverá realizar no combate à dengue. “O plano é único no mundo, pelo menos no Brasil não tem ninguém que tenha feito um documento para determinar o que cada secretaria vai fazer. É um documento muito interessante. Também estamos aumentando o número de agentes de saúde e estamos finalizando licitação para ampliar a nebulização em caixas d’água”, explica o secretário de Saúde, Carmino de Souza. Segunda cidade da região com o maior número de ocorrências de dengue neste ano, com mais de 14 mil casos, Sumaré também intensificou o trabalho preventivo com a volta do período quente e de chuvas. O foco da atuação será em campanhas de conscientização para eliminar os criadouros dentro das residências. “Neste novo ano epidemiológico em especial, vamos atuar mais na responsabilização, seja nos espaços públicos ou nos particulares, pois 80% ou mais dos criadouros são encontrados no interior das residências das pessoas. Vamos trabalhar a conscientização a partir de uma nova campanha de comunicação diferenciada, que realmente chame a atenção”, afirma a Prefeitura, por meio da assessoria de imprensa. A cidade também está abrindo processo seletivo para contratar mais 20 agentes de controle de endemias. Conscientização Depois de ver as ocorrências de dengue explodirem neste ano — foram 1.145 infectados, contra apenas 50 em 2014 — Jaguariúna inovou e aposta no trabalho de conscientização das crianças. Em parceria com uma empresa privada, a administração está realizando um trabalho nas escolas municipais, com a apresentação da peça infantil “Dengue - O Fim da Picada”. O espetáculo conta a história, por meio de paródias, de três mosquitos Aedes aegypti que vão fazer uma festa para comemorar o descuido dos humanos em relação a doença, permitindo que eles se reproduzam. Em Nova Odessa, o elevado número de casos neste ano (1.806), aliado ao clima favorável para a proliferação do mosquito, fez a Prefeitura antecipar as ações de combate. Os arrastões para recolhimento de possíveis criadouros do Aedes aegypti na cidade começaram no último dia 1º. “Neste ano as temperaturas permaneceram altas e não tivemos inverno, que é quando se registra uma queda no número de casos. Como a expectativa é de dias cada vez mais quentes, decidimos antecipar nossas ações. Geralmente estas ações têm início apenas no final de novembro”, admite o diretor da Vigilância em Saúde, Manoel Messias. Outras cidades da região, como Americana, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Monte Mor, Indaiatuba, Santa Bárbara d’Oeste, Paulínia e Vinhedo, também intensificaram as ações no combate ao mosquito e realizam medidas semelhantes.