QUEIMADAS

Cidade terá 5 reservatórios para combate a incêndios

Primeiro deles foi inaugurado e ficará ao lado do Observatório Jean Nicolini

Bruno Luporini/bruno.luporini@rac.com.br
17/05/2025 às 10:21.
Atualizado em 17/05/2025 às 10:21

Na área de Campinas, dados do Corpo de Bombeiros registraram 930 focos de incêndio (Rodrigo Zanotto)

Campinas ganhará mais quatro reservatórios de água com foco no combate a incêndios. O anúncio foi feito durante a entrega do primeiro reservatório, localizado ao lado do Observatório Municipal Jean Nicolini, no Pico das Cabras. O reservatório tem capacidade de encher oito caminhões do Corpo de Bombeiros. Confeccionado em fibra de vidro, o equipamento mede 7,3 metros de comprimento, 4,5 metros de largura e pesa 4,5 toneladas. Possui capacidade para armazenar 100 mil litros de água de reuso.Em 2024, foram registrados 105 focos de incêndio na região do Pico das Cabras.

Sidnei Furtado, diretor da Defesa Civil de Campinas, afirmou que as áreas dos futuros reservatórios estão em fase de definição em conjunto com a Sanasa. Eles ficarão em locais estratégicos e vão comportar 40 mil litros de água. "Após a definição vamos anunciar onde serão instalados, faremos isso no mês que vem em conjunto com a Sanasa, eles ficarão em áreas limítrofes com outros municípios como na divisa com Monte Mor", disse Furtado.

Com relação ao reservatório inaugurado no Pico das Cabras, além de ampliar a proteção do local, ele também faz o papel de "sentinela, porque o reservatório também servirá a cidade de Morungaba, caso seja necessário". Para o prefeito de Morungaba, Luis Fernando Miguel (União Brasil), o reservatório é uma garantia para um combate mais eficiente dos possíveis focos de incêndio. "Que eles não ocorram, mas se ocorrerem temos mais essa garantia de combate".

Há oito meses, um grande incêndio atingiu 120 hectares de mata no Pico das Cabras, colocando em risco o Observatório Municipal. Ao longo de 2024, foram 105 focos de incêndio detectados apenas na área do Pico das Cabras. Na área de Campinas, ao todo, com dados do Corpo de Bombeiros foram registrados 930 focos de incêndio.

O prefeito Dário Saadi (Republicanos) destacou que a região do Pico das Cabras é uma Área de Proteção Ambiental (APA). "É um local muito vulnerável a incêndios, como ocorreu no ano passado, por isso é muito importante esse investimento e conseguir entregá-lo ainda no início da Operação Estiagem". Dário disse que a maior dificuldade para combater os incêndios no Pico das Cabras no ano passado foi justamente a falta de disponibilidade de água na área. Os caminhões tinham que buscar água em um hidrante localizado em Joaquim Egídio, operação que demorava cerca de duas horas. "Foi uma operação de guerra".

Manuelito Pereira Magalhães Júnior, presidente da Sanasa, afirmou que a doação do reservatório custou cerca de R$150 mil. "O investimento se justifica porque quase perdemos o Observatório, que é da maior importância do ponto de vista científico e cultural para a cidade". O presidente informou que em parceria com a Defesa Civil, os futuros quatro reservatórios serão instalados em áreas afastadas da aglomeração urbana, vulneráveis aos incêndios e que apresentam difícil acesso para as equipes dos bombeiros. O objetivo é criar um cinturão que possa atender várias áreas da cidade. "As mais afastadas, onde tem mais dificuldade no combate aos incêndios, então nós estamos cumprindo com a nossa responsabilidade social".

A Operação Estiagem começou no primeiro dia de maio, enquanto no Estado. Os dados do Inpe, sem a atualização do Corpo de Bombeiros, apontam que na área de Campinas, neste ano, constavam 44 focos. Porém, de acordo com Sidnei, neste ano ainda não foram registrados focos preocupantes de incêndio no município. "Ainda está tranqüilo". Furtado ponderou que infelizmente os incêndios são sempre esperados, mas que neste ano a Defesa Civil em conjunto com outros órgãos públicos, estão mais preparados para combater as queimadas. "São estratégias para potencializar nossas ações".

Furtado também comemorou, durante o evento, a parceria firmada entre as Defesas Civis de Campinas, Valinhos, Morungaba e Itatiba. O diretor explicou que a colaboração entre as entidades tem por objetivo qualificar a troca de informações sobre as condições meteorológicas, integrando as cidades. "Os municípios têm que conversar, porque assim conseguimos melhorar o tempo de atuação, pois todos têm acesso aos mesmos dados". A parceria conta também com a instalação de novas estações meteorológicas, que serão integradas às 21 estações do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (Ciiagro), do Instituto Agronômico de Campinas. O diretor da Defesa Civil de Campinas, considerou que o aumento das estações permite identificar com mais precisão as mudanças climáticas, especialmente os picos de temperatura e tempo seco, condição mais propícia para pequenos focos de incêndio se alastrarem.

Com os equipamentos, quando um foco de incêndio é detectado pelos satélites do Inpe, automaticamente a Defesa Civil recebe uma notificação e se desloca até o local para fazer o mapeamento via drone. Todas as notificações também são enviadas para o Corpo de Bombeiros. A expectativa de Furtado, além do desenvolvimento tecnológico, é avançar na legislação sobre incêndios criminosos, especialmente os praticados em propriedades privadas, como queima irregular de lixo e outros materiais. "Futuramente, queremos ter uma legislação que faça a aplicação de multas por câmeras".

Eduardo Matias, diretor da Defesa Civil de Valinhos, comentou que no ano passado, durante os incêndios que atingiram a Serra dos Cocais, a prefeitura tentou, mas não conseguiu decretar estado de emergência. Por isso, que com a integração entre os municípios, potencializando o monitoramento via satélite e drones para que as prefeituras consigam mais rapidamente aferir a gravidade real da situação dos incêndios. "As cidades receberam um drone igual o nosso e esse trabalho tem como um dos objetivos dar mais segurança para os prefeitos, para que possam agir sem problemas ou questionamentos de vereadores ou tribunal de contas", explicou Sidnei Furtado.

Kleber Moura de Oliveira, comandante do 7º Grupamento de Bombeiros de Campinas e região, afirmou que "no ano passado houve o maior índice de focos de incêndio florestal aqui na nossa região, que foi bastante castigada". Para ele, tal fato fez com que a população percebesse que esse tipo de ocorrência merece a atenção de todos por ser extremamente perigosa, por conta do risco que oferece ao meio ambiente, pessoas, residências, sistemas elétricos e qualidade do ar. 

O comandante ressaltou que a união entre as defesas dos municípios é fundamental para o planejamento e preparação para a maior eficácia das operações de combate aos incêndios. "O Corpo de Bombeiro muitas vezes não tem pernas o suficiente para atender todos os focos simultâneos, por isso o apoio da Defesa Civil é importante para a atuação em grandes ocorrências".

Moura também vive a expectativa de receber um novo equipamento para combater os incêndios em áreas de difícil acesso. Trata-se de um caminhão autobomba ATF. "Ele é trucado e consegue vencer qualquer tipo de terreno acidentado". Além disso, o veículo consegue jogar jatos d'água enquanto anda, chegando mais perto dos focos, sendo mais veloz nessas condições de terreno. "É um desempenho que os nossos caminhões urbanos não conseguem ter". O equipamento, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, já foi licitado e comprado. Resta a empresa contratada finalizar sua montagem. O prazo máximo de entrega está previsto para o início de setembro.

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