EM POSSE

Cidade recebe ciclofaixas em forma de zigue-zague

Linhas tortas pintadas no solo viram motivo de piada e indignação na cidade; enquanto a reportagem era feita, equipes da Prefeitura começaram a cobrir a faixas

Gustavo Abdel
20/02/2015 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 00:15
Faixas da ciclovia ficaram tortas e são motivo de piada na cidade ( Janaína Rbieiro/Especial a AAN )

Faixas da ciclovia ficaram tortas e são motivo de piada na cidade ( Janaína Rbieiro/Especial a AAN )

A pintura de ciclofaixas em dezenas de ruas de Santo Antônio de Posse provocou brincadeiras e ao mesmo tempo indignação nos moradores. É difícil encontrar uma linha totalmente reta nas pinturas, pontos sem falhas na tinta e motoristas que respeitem a nova sinalização.   Desde novembro o serviço é executado com recursos de R$ 250 mil do governo federal, através de convênio, mas a Prefeitura garantiu que irá liberar a verba somente quando a empresa arrumar o estrago. A cidade tem tradição no uso de bicicleta como meio de locomoção.   Apesar do serviço ser a pintura de faixas no solo, o documento do convênio com o governo usa a terminologia ciclovia — usada para vias exclusivas, com barreiras para evitar o acesso de carros.   Em todos os pontos   Foto: Janaína Rbieiro/Especial a AAN As faixas mal-feitas se espalham por vários pontos de Santo Antonio de Posse A reportagem do Correio percorreu ontem aproximadamente 10 quilômetros de ruas na região central e em três bairros que receberam a sinalização da ciclofaixa. Em todos os locais, muita linha torta e irregularidades. Um dos exemplos de que nada saiu conforme o programado foi na Rua Fioravante Pavanello, que corta os bairros Jardim Progresso e Vila Rica.   Um verdadeiro zigue-zague traçado no solo transformo em motivo de piada para os adolescentes Tainan Suate, de 16 anos, e Bruno Ortiz, de 15. “Ficou muito torto. As pessoas olham para isso e não acreditam como é que conseguiram errar tanto e não parar antes de fazer a cidade toda”, disseram.   Linhas param     Foto: Janaína Maciel/Especial a AAN Além do zigue-zague, há pontos onde há apena faixa de uma cor e que para diante de um obstáculo, como a caçamba de lixo Existem dezenas de trechos em que caçambas de entulho estão posicionadas sobre a ciclovia. Ou melhor, as caçambas já estavam nos locais quando a pintura foi feita, e dessa maneira, em todos esses casos há falhas de continuidade, que precisarão ser refeitas. Outro detalhe curioso é que a pintura também passou em trechos de areia que estava acumulada rente a guia, e portanto ficaram sem marcação.   Dentre as outras irregularidades encontradas há falta de continuidade da marcação em cruzamentos, ciclovia começando no meio de quadras — como no caso da Rua Rafael de Carvalho — e terminando muitos metros antes de esquinas, pinturas que se afunilam e não respeitam a metragem (1,50 metro), além de inúmeros borrões de tinta.   Crítica    Foto: Janaína Rbieiro/Especial a AAN Paulo Aparecido Costa: "É claro que foi feito às pressas. A cidade nem precisa de uma ciclovia na minha opinião" "É claro que foi feito às pressas. A cidade nem precisa de uma ciclovia na minha opinião" , apontou o pedreiro Paulo Aparecido Costa, de 48 anos. Ele trafegava fora da nova ciclovia na Avenida da Saudade, que, conforme apurado pela reportagem, estava com 12 carros estacionados em cima da ciclovia ao longo de três quarteirões.   O projeto de implantação é fruto de um convênio federal de 2012. O prazo para a finalização do projeto era setembro do ano passado. Porém, a Prefeitura divulgou que até final de março o projeto será concretizado. A Câmara aprovou por unanimidade na semana passada requerimento cobrando do Executivo documentos relacionados à implantação da ciclovia, incluindo projetos, pagamentos e outros documentos.   Defesa   O Departamento de Engenharia da Prefeitura informou, por meio da assessoria de imprensa, que as pinturas começaram em novembro do ano passado, e que já comunicou a empresa responsável pela execução da sinalização para corrigir os erros. A pasta garantiu que só fará o pagamento após o conserto das pinturas.     Especificou ainda que haverá sinalização vertical - placas em postes -, e que deve desenvolver um trabalho de conscientização junto a motoristas e os próprios ciclistas.   Erros cobertos   Poucos minutos após a reportagem passar pela Rua Fioravante Pavanello, dois funcionários em um caminhão começaram a cobrir de tinta preta a faixa branca da ciclovia. Um dos funcionários, que se apresentou como Fabiano, foi o autor das pinturas naquela via, e explicou: “O volante da máquina estava frouxo, dava uma volta e quando conseguia deixar ele reto já tinha saído torta a pintura.”   Foto: Janaína Maciel/Especial a AAN Enquanto a reportagem era feita, equipes da Prefeitura começaram a apagar o zigue-zague   Ele disse que após realizar o serviço fez fotos e mandou para a empresa, que recolheu a máquina para ajustes. Visivelmente apressados, ambos se anteciparam e disseram que finalizariam o conserto em poucos dias.   Apesar de pintar por cima da linha branca, os trechos em vermelho também continuaram tortos, o que será trabalho redobrado para arrumar centenas de metros em tão pouco tempo até cumprir o prazo dado pela Prefeitura. A empresa confirmou que não conseguiu encontrar o ponto da máquina, e que o aparelho apresentou problemas. A empresa garantiu que todos estão cientes e que a pintura vai ser arrumada.

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