prato preferido

Churrasco sobe acima da inflação

Itens do kit que é a cara do torcedor tiveram reajuste real entre um Mundial e outro; vale pesquisar o preço antes da compra

Rafaela Dias
22/06/2018 às 07:21.
Atualizado em 28/04/2022 às 13:34
O cantor Dom Caetano, que pretende fazer churrasco no jogo contra a Costa Rica: "torcer e comemorar" (Thomaz Marostegan/Especial para a AAN)

O cantor Dom Caetano, que pretende fazer churrasco no jogo contra a Costa Rica: "torcer e comemorar" (Thomaz Marostegan/Especial para a AAN)

O churrasco, um dos pratos preferidos pelos brasileiros para acompanhar os jogos da Seleção na Copa do Mundo, ficou 24,5% mais caro se comparado ao último mundial de futebol. Entre junho de 2014 e maio de 2018, a inflação geral acumulou alta de 26,4%. O levantamento foi feito pelo SindiVarejista de Campinas e Região em parceria pela FecomercioSP, com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo avaliou o comportamento dos preços de 15 itens que, normalmente, compõem um churrasco, sendo que nove deles tiveram alta real de preços no período, ou seja, subiram acima da inflação geral. Para a presidente do SindiVarejista, Sanae Murayama Saito, os vilões no preço estão no acompanhamento mais tradicional do churrasco, o vinagrete. A pesquisa indica aumento na cebola (85,8%), vinagre (45,7%) e sal (35,7%). Um alívio para o bolso dos consumidores é o tomate, cujo preço recuou 6,7% em relação à Copa do Mundo de 2014. “As carnes, grande estrela do prato, e a cerveja também tiveram alta, de 24,9% e 26%, respectivamente, porém, abaixo da inflação do período”, analisou. Quem sentiu no bolso foi o comerciante. Segundo o proprietário de uma distribuidora de cerveja no bairro Taquaral, o empresário Fernando Bertola, de 39 anos, além da diferença no preço, ainda existe a lentidão na entrega. “Estamos sentindo dificuldade na compra. Ainda devido à greve dos caminhoneiros, alguns produtos estão mais caros ou até em falta”, disse. “Esse ano ainda não tivemos aumento nos preços, mas os descontos e bonificações que refletem diretamente no bolso do consumidor, foram completamente cortados. Seja pela recuperação econômica do País que ainda está acontecendo ou pelo reflexo da greve, a situação está muito diferente de 2014 o que dificulta não só a nossa venda, mas a festa do campineiro”, avaliou. De acordo com ele, a lata de 350ml de uma das cervejas mais vendidas pela ServLar Campinas está custando R$ 2,99. Em 2014 ela chegou a custar R$ 1,99. Já o barril de 5 litros, passou de R$ 49,99 para R$ 76,00. “Houve muito aumento nos impostos também. Nada disso favorece o comerciante ou o consumidor, que também está priorizando outras necessidades por falta de recursos”, finalizou. Os preços de outras bebidas alcoólicas e refrigerantes e água mineral apresentaram elevação de 34,4% e 32,1%, consecutivamente, enquanto o do frango em pedaços ficou praticamente estável (-0,1%) no período analisado pelo SindiVarejista. Segundo a presidente, a recente crise de abastecimento pode interferir nos preços no mês de junho, principalmente de itens perecíveis, como carnes, legumes e alimentos in natura. “Vale ressaltar que o último período de coleta, realizado pelo IBGE, ocorreu durante a paralisação dos caminhoneiros, ou seja, os efeitos sobre os preços podem não ter sido captados integralmente em maio”, disse. Mas, para o consumidor, o preço ainda está acima do que cabe no bolso. O cantor Dom Caetano, 37 anos, é um dos campineiros que pretende fazer churrasco no jogo do Brasil, hoje. Ele ainda está no período de pesquisa, mas já percebe a diferença. “Fica claro que os preços subiram muito nos últimos anos e especialmente do ano passado para esse. Os valores cresceram absurdamente desde 2014, principalmente quando falamos de produtos como carne e cerveja. Também é possível perceber em outros itens essa alteração”, disse. “Mas o brasileiro é criativo e sempre encontra uma forma de se adaptar, torcer e comemorar. Os churrascos são feitos da mesma forma, só que mais moderados, faz parte”, completou. Mas ainda segundo ele, existem os criativos. “O que temos visto, até nas redes sociais, é que como os jogos começaram em junho, muitas pessoas trocaram a carne pelas festas juninas com itens mais típicos e mais em conta como o quentão, por exemplo. O importante é não desanimar. Brasileiro é sinônimo de resiliência, superação”, brincou.

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