perícia

Chinelo pode ter causado acidente em Viracopos

Foi confirmada a presença do calçado no pedal do carro em que estavam as duas pesquisadoras da Unicamp; enterro de Maria Erbia foi na manhã deste domingo

Alenita Ramirez
27/08/2017 às 14:41.
Atualizado em 22/04/2022 às 18:31
Carro despenca de cerca de 30 metros, da pista de embarque de Viracopos: duas mortes (Dominique Torquato/AAN)

Carro despenca de cerca de 30 metros, da pista de embarque de Viracopos: duas mortes (Dominique Torquato/AAN)

A perícia do Instituto de Criminalística (IC) de Campinas constatou que o pedal do carro em que estavam as duas pesquisadoras do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maria Erbia Cássia Carnaúba, de 32 anos, e Carolina Blasio da Silva, de 33 anos, estava travado por um chinelo. As jovens morreram após cair de uma altura de 11 metros, do estacionamento da área de embarque do Aeroporto Internacional de Viracopos, na manhã deste sábado (26). Outro dado coletado pelos peritos é que o veículo não era de Maria Erbia, mas emprestado de um amigo. “São dados importantes. O carro não era automático e não foi um problema mecânico no carro. Esses foram alguns dos elementos detectados no local, mas será feito uma análise profunda de todos os dados coletados e só então teremos a conclusão, que deve sair em no máximo 30 dias”, disse o chefe do núcleo de Campinas do IC, Edvaldo Messias Barros. De acordo com Barros, o chinelo estava enroscado nos pedais e Maria estava descalça. A presença do calçado no local seria um indício forte para determinar a causa do acidente. "O perito constatou vestígio de derrapagem, o que caracteriza uma saída brusca do veículo, muito provavelmente por velocidade. Não foi um problema mecânico. Ela perdeu o controle. Além disso, o carro não era dela e então isso leva a crer que ela não tinha muito habilidade com o veículo", disse Barros. O carro caiu depois que Maria Erbia perdeu o controle do veículo ao subir a via que dá acesso à área de embarque do Aeroporto de Viracopos. Carolina ia viajar para a casa da família em Juiz de Fora (Minas Gerais). Ela defendeu tese de doutorado na sexta-feira, no IFCH. De acordo com pessoas que viram o acidente, o Peugeot 207 conduzida por Maria Erbia se desgovernou logo na curva. O carro subiu na calçada, se chocou de raspão no canteiro central e, em seguida, passou por uma vaga entre dois carros estacionados, bateu na grade de proteção (que é de vidro e metal) e despencou do alto. Enterro Dor e comoção marcaram o enterro da pesquisadora Maria Erbia Cássia Carnaúba, na manhã deste domingo (27), no Cemitério Nossa Senhora da Conceição (Amarais), em Campinas. Ao menos 100 amigos e parentes participaram da cerimônia. De acordo com amigos, a mãe da jovem não conseguiu acompanhar o enterro da filha. Amigos afirmam que Maria Erbia era uma jovem encantadora e muito batalhadora. Eles comentarem que o acidente foi uma fatalidade. "Maria tinha uma história de vida sofrida. Mas era batalhadora", disse a professora Inara Marin, que fez parte da banca de defesa de doutorado da jovem em março deste ano e a conhecia há dez anos. “Ela era a pessoa de coração mais puro que já conheci na minha vida. Era um encanto de pessoa e adorava o que fazia”, acrescentou Inara. Segundo a professora, a pesquisadora era do Ceará, mas veio tentar a vida na região. De família humilde, foram morar em Sumaré, onde ela estudou na rede pública. Dedicada, aos estudos, ela passou em Filosofia na Unesp, depois fez mestrado e doutorado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ela trabalhava na área de pesquisa de Filosofia e Teoria Crítica e sua tese foi sobre Utopia em Marcusi. “Era uma menina simples. Uma grande perda”, resumiu. O corpo da outra vítima da tragédia em Viracopos, Carolina Blasio da Silva, foi levado na madrugada de ontem para Juiz de Fora (Minas Gerais), onde mora a família da doutoranda e será cremado no crematório regional da zona da mata. Vítimas As vítimas do acidente, Carolina Blasio da Silva, 33 anos, e Maria Érbia Cássia Carnaúba, 32 anos, eram ligadas ao IFCH. Carolina era graduada em psicologia (2006) e filosofia (2012) pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com mestrado em Ciência da Religião pela mesma instituição. Ela defendeu sua tese de doutorado em filosofia, na sexta-feira, na Unicamp sobre Noções de Consequência Generalizadas e Lógicas Plurivalentes. Maria Érbia, que dirigia o carro no momento do acidente, também concluiu seu doutorado no IFCH neste ano na Unicamp, onde era pesquisadora. Concluiu o mestrado em filosofia pela mesma universidade em 2012. E suas áreas de concentração eram Filosofia Contemporânea, Ética e Política e Teoria das Ciências Humanas. Também era graduada com licenciatura plena em filosofia pela Unesp-Marília e tinha bacharelado pela Unicamp. As duas eram amigas e Maria Érbia acompanhava Carolina Blasio até o aeroporto. Carolina morava com o marido e a filha de um ano na Alemanha, e veio ao Brasil para defender sua tese de doutorado na Unicamp. Ela embarcaria para Juiz de Fora (MG) em um voo marcado para as 8h30 para ver os pais, que moram na cidade mineira. Sua filha estava com os avós. Leia Também https://correio.rac.com.br/2017/08/campinas_e_rmc/490262-acidente-com-carro-em-viracopos-mata-duas.html

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